FIM DAS INVESTIGAÇÕES

Motorista de aplicativo é indiciado por matar amante e o filho dela em MG

Mulher foi assassinada em Vespasiano e o filho autista morreu de fome e sede após ficar dias trancado no apartamento. Suspeito foi preso

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A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu o inquérito que apurou o feminicídio de Heddy Lamar de Araújo, de 44 anos, e a morte de seu filho, Bernardo Lucas de Araújo Ribeiro, de 13, ocorridas em setembro de 2024. O principal suspeito dos crimes, Bruno Alexandre Ferreira, de 37, entregador e motorista de aplicativo, foi preso preventivamente na última quinta-feira (18/12), no Bairro Asteca, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e permanece à disposição da Justiça.

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A conclusão da investigação foi apresentada pelo delegado Marcos Vinícius Martins, as investigações começaram em 25 de setembro de 2024, quando o corpo de Heddy Lamar foi encontrado por um casal de idosos que subia o Monte das Orações, no Bairro Nova York, em Vespasiano, na Grande BH. A vítima apresentava marcas de violência na cabeça e na nuca, além de ferimentos nas mãos. Ela não portava documentos.

“O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) sem identificação. Oito dias depois, conseguimos identificá-la por meio das impressões digitais”, explicou o delegado. Após a identificação, a Polícia Civil, em ação conjunta com a Delegacia de Referência de Pessoas Desaparecidas, foi até o apartamento onde a vítima morava, no Bairro Jardim Guanabara, na Região Norte de Belo Horizonte.

No local, os policiais arrombaram a porta de entrada do imóvel e, em seguida, a de um quarto que estava trancado. “Dentro desse cômodo, encontramos o corpo do filho da vítima, um adolescente de 13 anos, autista em nível severo, não verbal, já sem vida”, relatou o delegado.

Últimos momentos da vítima

Com a descoberta, as investigações foram intensificadas. Imagens analisadas pela polícia mostram que, na madrugada de 25 de setembro, por volta de 2h15, Heddy saiu do apartamento deixando o filho trancado no quarto, informando que retornaria em breve. “Ela solicitou uma corrida por aplicativo e desembarcou em frente ao Hospital Risoleta Neves, por volta de 2h30”, detalhou o delegado.

A partir desse ponto, o acompanhamento por imagens foi prejudicado. “Perdemos a vítima nas imagens devido à qualidade das câmeras, mas conseguimos apurar que o investigado a encontrou naquele local e a levou até a área onde o feminicídio foi praticado.” O crime aconteceu em uma área descampada em Vespasiano, conhecida por ser frequentada à noite para práticas religiosas e por funcionar como um mirante.

De acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML), Heddy Lamar morreu por asfixia, embora o corpo apresentasse diversas perfurações, possivelmente causadas por faca ou tesoura. Já a morte do filho, Bernardo, ocorreu por inanição. Segundo as investigações da Polícia Civil, o adolescente morreu de fome e sede após permanecer cerca de oito dias trancado no quarto, sem qualquer possibilidade de pedir socorro. “Era um adolescente autista, não verbal, totalmente dependente da mãe”, ressaltou o delegado.

A polícia apurou que o pai biológico do menino era presente na vida do filho. Quando Bernardo faltou à escola por três dias consecutivos, a diretora da instituição entrou em contato com ele.

Segundo o delegado, o pai chegou a ir até o prédio onde o filho morava, sempre no início da noite, após o trabalho. “Ele via uma janela acesa no apartamento e jamais poderia imaginar que o filho estivesse morto ali dentro." No oitavo dia, o pai procurou a Delegacia de Pessoas Desaparecidas, exatamente no mesmo momento em que a identificação da mãe havia sido confirmada.

Relação marcada por conflitos

A investigação também revelou detalhes do relacionamento entre Heddy e o investigado. Segundo a Polícia Civil, a vítima conheceu Bruno Alexandre Ferreira após solicitar uma corrida por aplicativo. A partir desse contato, os dois iniciaram um relacionamento amoroso que durou cerca de dois anos.

“Ela queria que o relacionamento fosse assumido e que eles construíssem uma família juntos”, explicou o delegado. À época, o investigado era casado. Após se separar, passou a atribuir o fim do casamento ao relacionamento com a vítima, o que teria motivado o crime.

Durante esse período, Heddy passou a frequentar centros de umbanda, buscando trabalhos espirituais com o objetivo de fortalecer a relação. “Não foi uma informação trazida pelo investigado. Nós ouvimos testemunhas, fizemos diligências e conversamos com praticantes e com a mãe de santo do local”, relata Marcos.

Segundo a apuração, o relacionamento era marcado por brigas e desavenças. Colegas de profissão da vítima relataram que ela demonstrava medo do investigado e afirmaram que a única pessoa com quem ela sairia naquela madrugada seria ele. Heddy trabalhava como auxiliar de enfermagem.

Prisão e provas

Apesar de negar a autoria do crime em interrogatório, o suspeito apresentou versões consideradas inconsistentes. “Ele nega o crime, mas apresenta informações que entram em conflito com as provas reunidas”, afirmou o delegado.

O inquérito reuniu provas testemunhais, objetivas e periciais, incluindo reconhecimento do investigado pilotando uma motocicleta, identificação do veículo por características específicas, além de quebras de sigilo telefônico e financeiro, e cumprimento de mandados de busca e apreensão.

Com a conclusão do inquérito, o suspeito foi indiciado pela morte de Heddy Lamar por homicídio quadruplamente qualificado, em razão de motivo torpe, meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e feminicídio. Já em relação à morte de Bernardo, ele foi indiciado por homicídio contra menor de 14 anos, com a qualificadora de vulnerabilidade, uma vez que o adolescente era autista e totalmente dependente de cuidados.

Com base nas provas, a Polícia Civil representou pela prisão preventiva, que foi decretada pela Justiça e cumprida em 18 de dezembro, em Santa Luzia. O investigado permanece preso à disposição do Judiciário.

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* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro

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