Fique vivo na BR-381 rumo a Valadares: roteiro mostra maiores riscos
Trecho da BR-318 que inclui a chamada "Rodovia da Morte", rumo ao Vale do Aço e ao Sul da Bahia, exige todo cuidado e paradas de descanso
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Nas viagens de férias ou para as festas de fim de ano, o segmento Norte da BR-381 exige muita atenção de quem segue para o Vale do Aço ou procura o litoral da Bahia, aqui representado pelo concorrido trajeto até Porto Seguro (BA). Não é à toa que a primeira parte dessa estrada se tornou conhecida como Rodovia da Morte, de Belo Horizonte a Governador Valadares. O trajeto é marcado pela gravidade das colisões frontais. Entre Belo Horizonte e João Monlevade, segmento considerado mais perigoso, o trânsito na contramão e o excesso de velocidade em curvas sem separação física entre as pistas resultam em desastres de alta letalidade. No período de 15 de dezembro a 31 de janeiro de 2022 a 2024, incluindo o intervalo até 31 de janeiro de 2025, foram 208 sinistros, com 16 óbitos e 311 feridos nos nove municípios cortados pela via.
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A saída da Grande BH é o primeiro desafio, com um dos pontos mais críticos situado em Sabará, entre o Km 430, no Bairro Borges, após a ponte sobre o Rio das Velhas, e o Km 444. Nesse segmento predomina a pista simples com geometria sinuosa em relevo acidentado. A velocidade incompatível, somada à pista escorregadia pela chuva, resultam no principal cenário de colisões frontais. Nos segmentos de transição urbana, o perfil do perigo muda para desastres causados por conversões proibidas e reações tardias, resultando em colisões transversais e atropelamentos.
No eixo Norte da BR-381, na época das viagens de férias, outro segmento que apresentou sinistros e registrou três mortes foi o que passa por São Gonçalo do Rio Abaixo (Região Central de Minas). Por lá, a estrada de pista simples tem muitas curvas combinadas com fortes descidas. A chuva estava presente na maior parte dos desastres, reforçando a necessidade de controle da velocidade e distância dos demais veículos.
Já em João Monlevade (Região Central mineira) o período registrou quatro óbitos. Trechos de pistas simples, curvas acentuadas, ausência de separação física entre os fluxos opostos registram constantes invasões de faixa por ultrapassagem indevida ou perda de controle. Nos segmentos de perímetro urbano, especificamente entre os Kms 357 e 358, o risco migra para os conflitos de interseção, gerando frequentes colisões laterais e transversais.
Vencidos pelo cansaço
No segmento seguinte, até Governador Valadares, a fadiga e o sono ao volante aparecem como causas significativas de mortes, indicando ser um ponto estratégico para se parar durante longas viagens. As duas causas de sinistros e de mortes mais frequentes são a alta velocidade, com 19 ocorrências, quatro mortos e 27 feridos, seguida da ausência de reação do motorista diante de imprevistos, com 16 desastres, duas pessoas mortas e 16 feridas. A reação tardia dos condutores foi a terceira maior causa de ocorrências, com 9, deixando dois óbitos e oito feridos.
Condutores que dormiram e se acidentaram, pedestres que cruzaram a pista fora de faixas e reações tardias dos motoristas também deixaram dois mortos. As colisões frontais foram o tipo de acidente mais registrado, com 22 ocorrências e também o que mais matou pessoas nesta época do ano, com nove mortes. As saídas de pista também ocorreram em 22 registros sem óbitos. Tombamentos e atropelamentos terminaram cada um com a perda de duas vidas.
Em Nova Era, na Região Central, uma combinação crítica de pista simples, curvas fechadas e drenagem insuficiente cria armadilhas em dias chuvosos. Os dados revelam prevalência de sinistros causados por acúmulo de água e piso escorregadio, resultando em saídas de pista e graves colisões laterais contra o fluxo oposto, sobretudo entre o Km 328 e o Km 338.
No segmento do Km 340 ao Km 343, em Bela Vista de Minas, também na Região Central, o principal perigo reside na combinação de velocidade incompatível com o traçado sinuoso da via, com curvas em declives de pista simples. A maioria dos sinistros ocorre quando condutores perdem o controle do veículo, resultando em saídas de pista, especialmente em condições adversas como chuva ou período noturno. Foram cinco mortes só nesse município durante as férias.
Antes do descanso na praia
Em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, há riscos na BR-381 e também na BR-116, estrada para o litoral baiano. Na BR-381 foram também cinco mortes no período. O trecho entre o Km 159 e o Km 168 tem pista simples, onde a desatenção e o cansaço resultaram em mortes e múltiplos feridos. A imprudência em conversões proibidas (Km 167 e 168) e nas curvas (Km 159) são os principais causadores de tombamentos e batidas violentas. Na BR-116, os sinistros se dão mais por conflitos urbanos, com recorrência de motoristas que entram na pista sem observar outros veículos, com alto índice de colisões transversais e laterais, especialmente em retornos e interseções de vias.
Já no município de Campanário (Vale do Rio Doce), a pista simples, sem separação e as más condições de veículos acidentados indicam uso local da estrada para transitar entre povoados. Um acidente entre um ônibus e uma caminhonete na ponte sobre o Rio Itambacuri, em janeiro de 2024, levou à morte de quatro pessoas no local – outras quatro morreram depois.
O mesmo ocorre em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, onde ocorreu o mais letal desastre rodoviário do Brasil, entre uma carreta carregada com blocos de granito e um ônibus, resultando em 39 mortes. A tragédia elevou as estatísticas e tornou o município o mais violento do trecho, com 42 óbitos. Pelo mesmo motivo, o transporte de carga excessiva passou também a ser a causa mais mortal de desastres.
Excetuando esse desastre, as causas de mais acidentes foram acessos à rodovia sem observar a presença dos outros veículos, com 28 ocorrências, nenhum morto, e em seguida a ausência de reação do motorista diante de imprevistos, com 21 registros e três óbitos. Falhas mecânicas ou elétricas levaram a sete sinistros, com seis pessoas mortas e 43 feridos, enquanto quatro morreram em 13 sinistros associados ao trânsito pela contramão.
Em Teófilo Otoni, deve-se tomar a rodovia MG-418, que na Bahia se torna a BR-418, até a BR-101, em Nova Viçosa (BA). Acessar essa via sem observar a presença dos outros veículos foi o que gerou mais acidentes, somando 16 registros, com duas mortes e 26 feridos, seguido de transitar na contramão, o de mais mortes, com nove óbitos e 73 feridos em 13 ocorrências. Acessos irregulares e reações tardias também foram causas de duas mortes cada.
Armadilhas no Sul da Bahia
Na BR-101, o município de Itamaraju (BA) registrou cinco óbitos no período avaliado. As colisões frontais associadas à alta velocidade foram o tipo de acidente que mais matou no local. A presença de tráfego urbano na rodovia exige cautela redobrada. Em Eunápolis (BA), onde se toma a BR-367 para Porto Seguro, os Kms 707 e 710 apresentam o padrão mais grave de sinistros, com colisões transversais e frontais em pista simples, causadas por motoristas que acessam a rodovia sem observar o fluxo ou transitam na contramão. O mesmo ocorre na BR-367, no mesmo município.
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Dentro do município de Porto Seguro morreram seis pessoas na estrada no período avaliado, sendo o trecho mais crítico do Km 40 ao Km 50. A rodovia tem pista simples e passa em área rural com registros de colisões frontais em curvas e acidentes transversais em interseções.