COMBATE AO CRIME

Megaoperação no Rio pode trazer líderes do Comando Vermelho pra Minas?

Minas também teve operação contra criminosos de facção no Sul do Estado. Especialista avalia possibidade de fuga. Governo diz estar atento

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No mesmo dia em que o estado do Rio de Janeiro registrou a operação militar mais letal de sua história — uma megaoperação no Complexo do Alemão que deixou ao menos 64 mortos, sendo 60 criminosos, dois policiais civis e dois policiais militares do BOPE —, em Minas Gerais, 14 homens foram presos por terem ligação com um grupo associado à facção Comando Vermelho.

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A ação, deflagrada na manhã de ontem, mirou alvos em Juiz de Fora e Bicas, na Zona da Mata. Apesar de estarem a 184 quilômetros de distância e ocorrerem na mesma data, as duas ofensivas contra uma das maiores organizações criminosas do país não possuem relação.


Das 14 prisões, cinco foram em Bicas e seis em Juiz de Fora. Conforme a PMMG, três dos suspeitos já tinham passagem pelo sistema prisional e todos os envolvidos são apontados por participação em crimes de tráfico de drogas, tortura e ameaça.


Segundo o MPMG, a operação é resultado de um esforço conjunto entre a instituição e as forças de segurança estaduais e representa mais uma iniciativa para enfrentamento de tentativas de fixação, em território mineiro, de facções ou grupos criminosos de âmbito nacional.

Enfrentamento ao Comando Vermelho

Em 1º de outubro, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão contra integrantes de uma organização criminosa ligada ao Comando Vermelho. Assim como na manhã dessa terça-feira (28/10), a ação teve foco em cidades da Região da Zona da Mata, incluindo Juiz de Fora.

O objetivo da ofensiva, que prendeu 18 pessoas, foi desarticular o grupo que, conforme apurado pelo Ministério Público, buscava expandir sua atuação para o interior do estado. As decisões judiciais foram cumpridas em dez cidades: Astolfo Dutra, Bicas, Coronel Pacheco, Juiz de Fora, Mercês, Muriaé, Pedro Teixeira, Piraúba, Três Corações e Lima Duarte.

Os investigados foram apontados como integrantes e colaboradores da facção carioca e estariam ligados aos crimes de tráfico de drogas, associação ao tráfico, homicídio, tortura, lesão corporal e ameaças. As investigações conduzidas pelo Gaeco, indicaram que a organização criminosa buscava estruturar bases nos municípios da região As ações, ainda segundo o grupo do Ministério Público, estavam impondo medo à população e fortalecendo a presença da facção em áreas estratégicas para uma expansão orientada.

Já na última terça-feira (21/10), o Gaeco deflagrou a “Operação Hércules X”, com objetivo de apurar e reprimir o avanço dos grupos ligados ao CV na Zona da Mata. Na oportunidade, foram cumpridos 58 mandados judiciais em Visconde do Rio Branco, Juiz de Fora, Ubá, Viçosa e Rodeiro. Além disso, 20 pessoas foram presas.

Segundo as investigações, que estão em andamento, faccionados detidos em presídios do Rio de Janeiro têm coordenando a expansão da facção carioca em Minas Gerais, inclusive com a criação de “tribunais do crime” na região, responsáveis por aplicar castigos corporais àqueles que, de alguma maneira, desrespeitam as regras impostas pelo crime organizado.

Riscos à Minas Gerais

Com a difusão do crime organizado ligado ao Comando Vermelho em Minas Gerais, há o temor que, com a megaoperação no berço da facção no Rio de Janeiro, líderes do grupo possam migrar para cidades mineiras para fugir das ofensivas. Em entrevista ao Estado de Minas, o especialista em segurança pública Luiz Flávio Sapori explica, no entanto, que a maneira com que a ação governo do Rio de Janeiro foi feita demonstra que a possibilidade de transferência das lideranças é pequena.

Para o professor, as chances são diminutas uma vez que, até então, o objetivo da operação, que já matou 64 pessoas nos complexos do Alemão e da Penha - conhecidos como o bunker do CV na capital fluminense - é de enfrentamento aos membros da facção e não retomada territorial. Sapori explica que ações semelhantes já acontecem há 40 anos na cidade, o diferencial desta é sua magnitude, tanto de presos e perdas quanto de efetivo empregado.

“Não vejo a possibilidade de lideranças do Comando Vermelho saírem da cidade do Rio de Janeiro e migrarem para cidades mineiras. Principalmente porque é improvável que o domínio da facção deixe de acontecer amanhã, ou depois de amanhã [...] Mesmo matando 70 jovens traficantes, nas próximas semanas o Comando Vermelho tem condições de recrutar novos 100”, afirma o especialista.

Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerias (Sejusp-MG) informou que todas as forças de segurança do estado acompanham de perto, por meio dos respectivos serviços de Inteligência, os desdobramentos da Operação Contenção no Rio de Janeiro.

Até as 18h20, a Operação Contenção, como foi batizada, ultrapassou o número de mortos de ações letais como no Jacarezinho (2021), que deixou 28 vítimas, e da Vila Cruzeiro (2022), com 24 óbitos. Até o início da noite, 81 pessoas foram presas, entre elas um homem apontado como operador financeiro da liderança da facção e um dos principais chefes do tráfico da organização no Complexo do Alemão.

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“Se essa operação tivesse objetivo de enfraquecer o poderio bélico para, a curto prazo, a polícia retomar aquele território, como foi na época das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) seria uma oportunidade ímpar. Porque efetivamente o Comando Vermelho sairá enfraquecido. Mas como a polícia vai sair dos complexos a realidade vai voltar a normalidade nas próximas semanas”, conclui Sapori.

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