MEDO EM BH

Moradores temem pela segurança em condomínio invadido 2 vezes em uma semana

Em uma das invasões, os criminosos levaram dispositivos eletrônicos e causaram prejuízo de mais de R$ 14 mil. Os crimes aconteceram no bairro João Pinheiro, BH

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Dois notebooks, o carregador de um deles, dois tablets, o carregador de um deles, R$ 400 em dinheiro e um casamento adiado. Esse foi o prejuízo que um casal teve depois que o apartamento em que moram, no Condomínio Grand Villagio Residenza, na Rua Mariano Procópio do bairro João Pinheiro, localizado na Região Noroeste de Belo Horizonte (MG), foi invadido, na tarde de sexta-feira (24/10). Dias depois, na noite de segunda-feira (27/10), o condomínio foi invadido mais uma vez. Por sorte, nenhum morador foi prejudicado e os suspeitos não conseguiram acessar as áreas privativas. Para além dos itens materiais, o casal precisou desembolsar grandes quantias de dinheiro para garantir uma segurança maior. "Não vamos renovar contrato de locatário, vamos sair daqui", afirmou uma delas, que preferiu não ser identificada. 

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Conforme dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Publica (Sejusp), foram registrados 355 crimes de furto na capital mineira no mês de setembro de 2025. Até o último levantamento, 3.802 casos foram registrados durante o ano. Em 2024, o número chegou a 5.227.

As moradoras estavam viajando no momento da invasão. Segundo contou à reportagem e registrou em um boletim de ocorrência da Polícia Militar, elas viajaram por uma semana, entre os dias 19 e 26, e, ao chegar no apartamento onde moram, que fica no térreo, perceberam itens faltantes e as gatinhas que têm de estimação, ansiosas. Neste momento, viram que os eletrônicos e o dinheiro não estavam mais em um cômodo da casa. 

Depois do furto, as moradoras usaram fundos de reserva e contrataram serviços de segurança e espelhamento das janelas de vidro para maior privacidade. Segundo relatado, elas precisaram comprar um computador novo de R$ 3 mil com urgência para a entrega do TCC de uma delas, que seria feito ainda na sexta-feira, contrataram um sistema de segurança de R$ 1,8 mil, que tem mensalidade de R$ 300 e compraram as películas para os vidros, que tiveram a instalação por R$ 1,4 mil. Contando com os itens levados, o prejuízo chega aos R$ 14,1 mil.

Durante o tempo em que estiveram fora, uma outra moradora do prédio ficou responsável por cuidar das gatinhas que as duas têm de estimação. "Ela vinha um dia sim e um dia não e mandava vídeo de tudo. Ela veio na quinta e tudo estava normal. Na sexta, assim que chegamos, vimos que duas hélices que usamos pra não deixar as gatas subirem no muro estavam quebradas", relatou a médica de 28 anos. 

O muro em questão é uma divisa entre a torre em que moram e a torre em construção. "A câmera de segurança não pegou nada e a pessoa saiu por trás, e atrás só tem a obra", contou a médica, que também encontrou marcas de pegadas na parede.

"Achamos estranho porque todos os quartos têm janelas que dão de frente para uma obra e, nesse quarto específico estava à vista os computadores e o dinheiro", disse. Pelo que a médica percebeu, não havia nada quebrado, o que indica que a pessoa conhecia a arquitetura do espaço. "Sabia exatamente onde entrar, onde era o ponto cego, veio direto onde tinha o computador. Nós temos outras coisas, como bolsas de trabalho, mas já vieram pensando no alvo exato", contou. 

Vista da janela do cômodo furtado por criminosos no condomínio
Vista da janela do cômodo furtado por criminosos no condomínio Imagem cedida ao Jornal Estado de Minas

A suspeita é que o responsável seja alguém que teve acesso à obra, às plantas do local ou alguém que teve tempo de monitorar. "A pessoa veio no horário do almoço, em um dia que a moça que cuida dos gatos estava aqui. Ela é de confiança, tenho certeza que ela não passou informação. A pessoa vigiou a rotina, o que tinha em cada cômodo", pensou. 

Um dos tablets levados teve o último registro de ativação às 13h12. Para uma das moradoras, o horário sustenta a suspeita. "A pessoa veio às 13h, que é o horário que o pessoal da obra volta a trabalhar, então tem muita movimentação e pode ter saído sem ser percebida. A pessoa roubou às 13h e não foi vista, muito estranho".

Medo constante

Essa não foi a primeira vez que prédios do condomínio foram invadidos. Em funcionamento há três anos, o condomínio, que tem 96 apartamentos, registra invasões e furtos pelo mesmo tempo. Histórias que rodam entre moradores dão conta de assaltos à mão armada dentro de apartamentos e furtos diversos. Depois de episódios constantes, moradores dão "seus pulos" para garantirem as próprias seguranças. 

Uma terceira moradora, que preferiu também não ser identificada por segurança, contou que, quando o apartamento em que mora estava em construção, em março de 2022, também foi alvo de invasão. "Levaram tudo o que podiam, desde torneira até fios de cobre, limparam o apartamento. Depois disso colocamos alarmes nas portas e no muro", contou. 

Fachada do condomínio Condomínio Grand Villagio Residenza, alvo de invasores nos últimos dias
Fachada do condomínio Condomínio Grand Villagio Residenza, alvo de invasores nos últimos dias Reprodução/Google Street View

Segundo ela, a "limpa" fez com que os proprietários tivessem que arcar com toda a reconstrução. "Além do que levaram, detonaram o apartamento, tivemos que pintá-lo novamente e colocar tudo de volta", disse a moradora, que nem sabe o custo total do prejuízo.

Dispositivos de segurança

À reportagem, moradores afirmaram que o condomínio é grande e tem muitos pontos cegos nas câmeras. No entanto, a instalação de câmeras de segurança não é possível no momento por ser de um custo muito alto. A instalação, porém, está nos planos, segundo o síndico Rafael Duarte.

“O síndico do prédio tem reuniões constantes com os proprietários, ontem mesmo teve uma reunião às 23h, sempre passa imagens de câmeras de segurança, mas nos falta apoio da construtora”, afirmou a moradora. Segundo o síndico Rafael, a construtora entregou o condomínio dessa forma e os proprietários precisarão arcar com novas melhorias. “Não tem mais nada com a construtora. A gente não dá conta de fazer todas as instalações de uma vez só, vamos fazer aos poucos”, explicou.

"É um condomínio relativamente novo aqui no bairro João Pinheiro. Teoricamente é um condomínio que chama atenção na região, é mais imponente, e, vira e mexe, sempre tem algum ladrão pulando o muro, entrando no estacionamento, tentando acessar as dependências internas, e isso tem nos preocupado muito", disse o responsável.

"Na noite de ontem (27/10), por volta de 20 horas, a gente teve a invasão desses dois sujeitos aí que entraram pela obra, que é uma obra do próprio condomínio, que tá na esquina de um dos prédios, e conseguiram acessar aí as dependências do estacionamento", relatou. Segundo ele, a dupla passou pela área gourmet, pela área da piscina e estacionamentos e tentaram entrar na área interna dos prédios, mas não conseguiram entrar e saíram.  

A ação dos criminosos foi registrada por câmeras de segurança. Pelos vídeos, é possível ver um homem de bermuda bege e blusa laranja e outro de calças jeans e blusa preta andando pelas áreas das torres já prontas e analisando as áreas e carros e bicicletas estacionados. Depois disso, eles somem das imagens, o que indica que retornaram pelo ponto de entrada, no acesso da obra. 

Assim que perceberam a invasão, os moradores acionaram a Polícia Militar, que compareceu ao prédio e informou que patrulharia mais intensamente a região, conforme informado à reportagem. A PM foi procurada para esclarecimentos sobre o monitoramento e a reportagem aguarda retorno.

A Polícia Militar foi acionada e informou que patrulhará mais a região
A Polícia Militar foi acionada e informou que patrulhará mais a região Imagem cedida ao Jornal Estado de Minas

Desconfianças 

"É um prédio muito vulnerável e não consegue fazer uma segurança suficiente. Não é nem uma segurança a mais, é o mínimo, não dá conta. O ideal seria que conseguíssemos com a construtora e hoje disseram que colocarão serpentinas, mas não é o suficiente. A obra tem uma placa de "trabalhe conosco" contínua. Uma pessoa que quer roubar pode ter acesso à planta e entrar facilmente", lamentou a médica. 

Segundo a moradora que teve o apartamento invadido, é comum que o condomínio sofra quedas de energia. "É normal que caia por uma hora, duas horas por dia. Não sei se é pela obra, mas cai sempre durante o dia. Cai e fica uma hora desligado. Ontem (27/10) teve uma queda à noite. Quando isso acontece, temos que colocar os portões no manual e aí é só arredar e a pessoa consegue entrar", comentou a médica. 

"Teve a queda e as pessoas entraram, então poderiam aproveitar da queda de energia e furtar os carros", relatou. A Cemig foi procurada pela reportagem para esclarecimentos sobre o fornecimento de energia na região do bairro João Pinheiro e a reportagem aguarda retorno.

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A reportagem também procurou a Construtora Valadares Gontijo, responsável pela construção do condomínio e da nova torre em obras, mas até a publicação desta reportagem não nos retornou. O espaço segue em aberto.

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