Mãe é presa depois de confessar ter matado filho em BH
Relatos da mulher e do padrasto do menino apresentaram controvérsias e o caso, ocorrida em agosto, passou a ser investigado; casal foi preso depois de confissão
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A mãe e o padrasto de um menino de 9 anos foram presos nessa quarta-feira (15/10) depois de a mulher, de 24 anos, confessar ter matado o próprio filho na Região Barreiro, em Belo Horizonte (MG). De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a mãe afirmou ter agredido a criança com chineladas e tapas na região do abdômen e das costas e que “passou do ponto”, além de estar sob o efeito de cocaína no momento.
O menino deu entrada no Hospital Júlia Kubitschek, no bairro Milionários, na Região do Barreiro, em 23 de agosto. A mãe e o padrasto disseram ao hospital que a criança havia caído na escola e machucado uma das pernas. Mas a vítima tinha machucados no abdômen, no nariz e ferimentos internos. O garoto foi internado às pressas e morreu no hospital.
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Segundo a investigação, na versão do padrasto, de 39 anos, ele estava em casa no momento em que a criança voltou da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não presenciou qualquer agressão. A mãe sustentou que ele havia saído de casa nesse período. A contradição evidencia tentativa de manipulação dos fatos e obstrução da investigação, além de indicar possível coautoria ou omissão relevante.
Os relatos e uma denúncia anônima informaram que, durante a noite anterior à morte, ouviram-se gritos de socorro da criança, e que a mãe e o padrasto são usuários de drogas e agrediam com frequência o menino. No mesmo documento, consta que a médica da UPA Barreiro também levantou suspeita de agressão pela incompatibilidade entre o quadro clínico apresentado e o relato dos familiares.
Conforme apurado na investigação, a vice-diretora da escola frequentada pelo menino declarou que não houve nenhum acidente nas dependências escolares, contrariando a narrativa dos responsáveis. No velório, a tia-avó da vítima notou um comportamento anormal da mãe do menino, como ausência de luto. Segundo a testemunha, ela também chegou sorridente. Já o padrasto não compareceu.
A Justiça compreendeu que o casal atuou no crime, como autores, coautores ou partícipe um do outro, por omissão consciente diante da violência praticada. Por isso, a prisão temporária, no período de 30 dias, tornou-se imprescindível para a persecução penal.
Como as versões apresentadas pelos investigados variaram ao longo das oitivas, a integridade da prova foi comprometida e evidencia o risco de interferência na colheita de novos elementos. O Conselho Tutelar precisou intervir para determinar o acolhimento institucional dos outros dois filhos do casal diante do perigo concreto à integridade física e emocional das crianças.
A mãe tem antecedentes por tráfico de drogas e histórico de ter morado em diferentes municípios da Região Metropolitana de BH, o que demonstra risco real de evasão e reforça a necessidade da custódia cautelar. Considerando a gravidade do crime – homicídio qualificado cometido contra filho menor, em contexto de violência doméstica –, as medidas cautelares da prisão se mostram inadequadas e insuficientes, pela Justiça, para garantir a ordem pública e a continuidade das investigações.
Haverá, ainda, oitiva de novas testemunhas e a conclusão de exames periciais. A segregação cautelar dos investigados é medida necessária para evitar influências indevidas e assegurar a efetividade da instrução. A prisão do casal pode ser prorrogada.
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) dará uma coletiva de imprensa nesta tarde para passar mais informações sobre o caso.