OPERAÇÃO REJEITO

'Mandando e desmandando na PF': diálogos de policial serviram à organização

Operação Rejeito revela que Rodrigo de Melo Teixeira usava cargo para vazar informações e indicar nomes na corporação para favorecer organização criminosa

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As mensagens da representação policial da Operação Rejeito, deflagrada pela Polícia Federal e Controladoria-Geral da União na quarta-feira (19/07), destacam a atuação de Rodrigo de Melo Teixeira, ex-superintendente da PF em Minas Gerais, que usava sua posição para influenciar investigações e nomear pessoas favoráveis.

Entre as nomeações na corporação estava, inclusive, a Superintendência da PF em Minas Gerais. Ele foi cotado para ser o segundo maior cargo da instituição e acabou entre os 15 presos de 17 procurados até o momento


A ação da organização criminosa, que operava com uma teia complexa de empresas minerando em locais de preservação, foi denunciada com exclusividade pelo Estado de Minas, em 5 de abril de 2025.

Rodrigo de Melo Teixeira, preso na Operação Rejeito, é apontado nas comunicações por sua influência. Ele encaminhou informações sigilosas da empresa Green Metals e seu proprietário a uma delegada da PF, Kelly Cristina de Castro Batista, que retornou com dados de bases internas da corporação. Posteriormente, Kelly chegou a mencionar a possibilidade de "flagrante".

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Representação da PF mostra que organização tinha forte influência na Polícia Federal
Representação da PF mostra que organização tinha forte influência na Polícia Federal Reprodução
 Em outros diálogos, Gilberto Henrique Horta de Carvalho informou a João Alberto Paixão Lages que Rodrigo Teixeira já estava "mandando e desmandando" na PF. 

Gilberto, geógrafo e articulador da organização, sugeriu a João Alberto que conversasse com Rodrigo Teixeira para indicar um nome na Superintendência da PF em Minas Gerais e evitar problemas para a mineração. João Alberto, ex-deputado e um dos líderes do esquema, é tido como responsável pelo lobby e articulação. 

Há também registros de Gilberto orientando João Alberto a levar Guilherme Santana Lopes Gomes, diretor da Agência Nacional de Mineração, para relatar um incidente com o delegado Frederico Levindo Coelho a Rodrigo Teixeira.

Guilherme Santana foi um dos agentes da Anm que aprovou licenças para a Gute Sicht em tempo recorde e em um feriado, sendo preso na operação.

O que mostram os diálogos?

Diálogos mostram a articulação e influência da organização na Polícia Federal.

04 e 05 de janeiro de 2023: Gilberto Henrique Horta de Carvalho informa a João Alberto que "O Rodrigo Teixeira já tá lá. Já tá mandando e desmandando lá na PF. Já tá reorganizando tudo lá dentro".

João Alberto pergunta se Rodrigo Teixeira tem um nome para a Superintendência da PF em Minas Gerais, expressando interesse em nomeações que impactem a mineração. Gilberto sugere que João Alberto converse com Rodrigo Teixeira para indicar um nome e evitar que a mineração se complique, notando que Rodrigo Teixeira ainda estava avaliando amigos para o cargo.

19 de fevereiro de 2023: Gilberto envia áudio a João Alberto informando que Rodrigo Teixeira queria marcar um encontro.

"Não, é porque eu tava com o Rodrigo ontem e ele pediu pra te mandar um áudio pra ver se a gente encontrava pra conversar. Só que como tava tarde, eu falei assim; ah! o João não vai nem ler. Mas era isso. Porque ele tá querendo marcar da gente conversar, entendeu?”.

23 de fevereiro de 2023: Gilberto ajusta com João Alberto um encontro com Rodrigo Teixeira no restaurante Pizzarela, próximo à rua Felipe dos Santos, em Belo Horizonte.

Transcrições de diálogos incluem perguntas sobre o horário e local do encontro, sugerindo o Pizzarela pela conveniência de Rodrigo Teixeira.

28 de abril de 2023: Gilberto encaminha mensagem a João Alberto para marcar uma reunião, aparentemente por iniciativa de Rodrigo Teixeira.

"E aí, João, beleza? Aqui, quem me mandou essa mensagem foi o Rodrigo, lá da PF. Você acha que você consegue encontrar com ele?”.

No mesmo dia, Gilberto orienta João Alberto a levar o diretor da Anm Guilherme Santana ao encontro com Rodrigo Teixeira, para que este relatasse o ocorrido com o Dpf Frederico Levindo (presidente do inquérito).

“Oh João! O Rodrigo me mandou essa mensagem aí. Porque parece que amanhã ele vai ter alguma coisa. Se por acaso você puder ir, você me fala e vê se o Guilherme, lá da agência, vai também. Porque ai o Guilherme relata para ele o que ocorreu lá do Frederico que vai ser bom, sabe!? um abraço.”.

Sem data (após 28/04/2023): João Alberto sugere o restaurante Mocca, em Nova Lima, para o encontro

"O Gilbertim, te falar, umas dezoito horas no Mocca, o que que você sugere?”.

2024: Em diálogo com um representante de empresas, Gilberto demonstra conhecimento interno da Polícia Federal ao afirmar que o delegado Frederico Levindo Coelho "foi afastado em setembro do ano passado". 

04 de novembro de 2021: Rodrigo Teixeira encaminha, via Whatsapp, a localização da empresa Green Metals e a decisão judicial que suspendia seu funcionamento à delegada Kelly Cristina de Castro Batista.

Dia subsequente a 04/11/2021: A delegada Kelly envia a Rodrigo Teixeira imagens de pesquisas e consultas a bases de dados policiais internos da Polícia Federal, envolvendo a empresa Green Metals e seu proprietário Luis Fernando Franceschini da Rosa.

06 de novembro de 2021: A delegada Kelly menciona a possibilidade de "fazermos o flagrante semana que vem mesmo" a Rodrigo Teixeira.

Sem data: Ursula reencaminha mensagens no grupo Brava Mineração que havia enviado para Marcelo Pugedo, mencionando "informação sigilosa" de "investigação policial". Um homem não identificado no áudio confirma: "informação sigilosa".

Sem data: Em mensagem a terceiro, Ursula menciona Rodrigo como Delegado de Polícia Federal em tom de intimidação.

Sem data: Hidelbrando envia mensagem a Phillipe referindo-se a Rodrigo Teixeira como cotado para ser o número 2 da Polícia Federal, e ambos complementam rindo: "Voltar a amizade".

14 de fevereiro de 2022: Ursula envia a Marconi Tarbes Vianna notícia sobre um convite a Rodrigo Teixeira para assumir o segundo cargo mais importante na Polícia Federal.

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