CRIME BRUTAL

Filho de professora é indiciado pela morte da mãe, por dívida de jogo

Segundo a Polícia Civil, o valor da dívida de Matteos França era de aproximadamente R$ 200 mil 

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Matteos França, de 32 anos, foi indiciado pela morte da mãe, a professora Soraya Tatiana Bonfim França, de 56 anos, nesta terça-feira (16/9). Além do feminicídio, com causa de aumento de pena, o filho vai responder também pelos crimes de ocultação de cadáver e fraude processual.

A delegada Ana Paula Rodrigues de Oliveira, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse que Matteos premeditou o crime. 

“Aparentemente, parecia ser um crime cometido no calor do momento, mas, à medida que as investigações foram avançando, vimos que ele apresentava um comportamento dissimulado, inclusive no dia anterior e no dia dos fatos. Não houve uma discussão prévia entre eles, por meio tecnológico, muito pelo contrário. As mensagens que eles trocaram aqueles dias foram amorosas, de mãe e filho. Não havia nenhum indício prévio de briga.”

As investigações também mostraram que o filho poderia ter deixado o corpo da mãe em qualquer outro lugar, mas escolheu um específico, segundo a delegada. Ela ressaltou ainda que Matteos saiu com o veículo usado para transportá-la no dia anterior e deixou o carro posicionado em uma área privativa do estacionamento, de marcha à ré, de modo a facilitar a entrada do corpo no porta-malas. A polícia conseguiu localizar material genético da professora no local, por meio de fios de cabelo e sangue.

A delegada informou ainda que as lesões encontradas no corpo da professora foram todas produzidas após a morte e descartou definitivamente a possibilidade de violência sexual. “Foram provocadas, muito provavelmente, em decorrência do local onde o corpo ficou, por três dias.” 

Motivação

Em depoimento no dia da prisão, Matteos alegou estar em colapso financeiro por empréstimos e dívidas com apostas on-line e que cometeu o crime em um suposto momento de surto. A delegada disse que as investigações confirmaram a motivação do crime. 

O filho da professora tinha uma dívida de aproximadamente R$ 200 mil. Grande parte dessa dívida era decorrente de apostas, mas também de empréstimos que Matteos contraiu com instituições financeiras. “Investigações e testemunhas apontam que ele achava que a mãe teria obrigação de dar a ele uma vida mais confortável, melhor e que, como mãe dele, teria que arcar com essas despesas”, afirmou a delegada. 

Soraya Tatiana tinha um seguro de vida e uma previdência privada. O filho não declarou, nos depoimentos, que vislumbrava essas quantias ao cometer o crime, mas a delegada não descarta a possibilidade. Por causa dessa situação, a professora começou a apresentar quadro depressivo e confidenciou a amigos que o filho a estaria tratando de forma mais grosseira.

Poucos minutos antes de morrer, ela fez uma ligação para uma instituição financeira, com duração de cerca de 45 minutos, provavelmente para tentar renegociar as dívidas. Em seguida, eles iniciaram uma discussão rápida. “Ele já partiu para a execução da morte com um golpe de mata-leão. Cerca de uma hora depois, retirou o corpo da residência.”    

Relembre o caso

Em 19 de julho, o corpo de Soraya Tatiana Bonfim França, de 56 anos, foi encontrado seminu, apenas com a parte de cima da roupa, e coberto com um lençol, embaixo de um viaduto em Vespasiano, na Grande BH. Antes da localização do corpo, Matteos havia relatado à polícia, amigos e parentes o suposto desaparecimento da mãe, que teria ocorrido entre a sexta-feira (17/7) e o sábado (18/7). Soraya morava no bairro Santa Amélia, na região da Pampulha, e lecionava história no Colégio Santa Marcelina, na mesma regional de Belo Horizonte.

Segundo esses relatos, o filho teria visto a mãe pela última vez na sexta-feira, às 20h20, antes de seguir para uma viagem programada à Serra do Cipó. Ainda conforme a história contada por Matteos antes de o crime ser descoberto, ele teria ligado para a mãe na manhã seguinte, e como ela não atendeu, entrou em contato com uma tia para que tentasse falar com Soraya. Familiares foram acionados para checar o apartamento. Um chaveiro foi chamado para abrir a porta.

Constatado o “sumiço” da mãe, no mesmo dia, Matteos registrou boletim de ocorrência informando o “desaparecimento”. Ele afirmou ainda ter verificado, sem sucesso, as imagens de câmeras de segurança do prédio onde morava com a mãe, no bairro Santa Amélia, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, em busca de pistas sobre a saída dela.

No domingo, a polícia recebeu uma denúncia anônima que levou à localização do corpo da professora próximo a um viaduto em Vespasiano. O corpo apresentava marcas semelhantes a queimaduras na parte interna das coxas e manchas de sangue nas partes íntimas. No local, também foram encontrados os óculos da vítima. Laudos preliminares descartaram violência sexual contra Soraya. 

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De acordo com a Polícia Civil, Matteos agiu sozinho. Após o crime, ele colocou o corpo no porta-malas do carro da vítima e o abandonou nas proximidades do viaduto. Dois dias após a prisão, passou por audiência de custódia, e a juíza Juliana Beretta Kirche decretou sua prisão preventiva. Enviado inicialmente para o Ceresp Gameleira, Matteos foi transferido duas vezes: para o Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, e, em 30 de julho, para unidade de Caeté, na região metropolitana de Belo Horizonte.

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