EM INVESTIGAÇÃO

Morte do gari em BH: empresário confessa assassinato de Laudemir

O gari Laudemir de Souza Fernandes foi assassinado com um tiro na barriga no dia 11 de agosto durante uma discussão de trânsito

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Uma semana após o crime, Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, confessou ter cometido o assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44, no dia 11 de agosto. A confissão ocorreu nessa segunda-feira (18/08) durante interrogatório na sede do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Bairro Lagoinha, Região Noroeste de Belo Horizonte.

Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), o empresário alegou que efetuou o disparo devido a uma discussão de trânsito e que a sua esposa, delegada da PCMG, não tinha conhecimento que ele havia se apoderado da arma particular dela, uma pistola calibre .380. Renê está preso desde o dia do crime e aguarda a finalização do inquérito policial.

Até o momento, não há provas de envolvimento da delegada no crime e a PCMG informou ao Estado de Minas que Ana Paula segue desempenhando suas funções. Um inquérito policial segue em tramitação na Corregedoria-Geral da instituição e um procedimento administrativo foi instaurado para apurar todos os elementos que envolvem uma eventual conduta praticada pela delegada. Caso seja comprovado a participação da delegada no assassinato de Laudemir, ela poderá responder criminalmente pelo crime.

Confissão

Renê confessou o crime depois da divulgação das imagens de uma câmera de segurança que mostram o empresário guardando a arma usada no crime. As gravações foram feitas pelo sistema interno do estacionamento do prédio em que ele morava, no Bairro Vila da Serra, em Nova Lima, na Grande BH.

O advogado criminalista Bruno Rodarte analisa que a decisão de Renê de assumir a autoria do crime pode ter sido motivada pelo acúmulo de evidências que o incriminam.

Além disso, na sexta-feira (15/8), exames de microbalística confirmaram que o projétil que matou Laudemir saiu da arma da delegada Ana Paula Balbino Nogueira, mulher de Renê, e o horário da câmera da empresa onde o suspeito trabalhava usado como álibi está errado.

“Nesse caso, pelo que nós temos informação, o que aconteceu foi o acúmulo de elementos probatórios contrários à tese que o Renê sustentou em um primeiro momento, negando a autoria. Consequentemente, a confissão acarreta na redução de uma eventual pena fixada ao final do processo”, explica Rodarte.

O especialista ainda frisa que, a partir do momento em que o indivíduo confessa, em qualquer hipótese, é imprescindível reduzir a pena.

Defesa deixa o caso

Após a divulgação dos registros, a defesa de Renê comunicou que não faz parte do caso. Os advogados informam que o investigado foi notificado e irá apresentar nova defesa. Ao Estado de Minas, Henrique Viana Pereira afirmou que o motivo seria "foro íntimo", ou seja, não declarado na petição.

O empresário agora tem 10 dias para indicar um novo advogado de defesa. Depois disso, caso não nomeie um novo advogado para representá-lo, a Defensoria Pública indicará um defensor público para assumir o caso.

Bloqueio de bens

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pediu à Justiça, nesta terça-feira (19/08), o bloqueio de bens de Renê. De acordo com os autos do processo, a solicitação envolve o valor de até R$ 3 milhões, “com preferência para dinheiro em espécie ou depositado em qualquer modalidade de instituição e aplicação financeira”. 

O pedido abrange também a mulher de Renê, a delegada Ana Paula Balbino Nogueira, uma vez que o Ministério Público entende que, como dona da arma usada no crime, ela responde solidariamente pelo caso. O órgão entendeu que o padrão de vida que o casal expõe nas redes sociais e as trajetórias profissionais de ambos “fazem presumir a capacidade financeira para arcar com uma vultuosa quantia indenizatória”.

Segundo o MPMG, o pedido visa impedir que o casal desvie parte do patrimônio e não possa pagar a indenização à família da vítima ao fim do processo, caso Renê seja condenado. O pedido será analisado pelo juiz responsável pelo caso, que dará seu parecer.

Como foi o crime?

O prestador de serviços da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) trabalhava com outras quatro pessoas na Rua Modestina de Souza, Bairro Vista Alegre, Região Oeste da capital, quando a motorista do caminhão de coleta, Eledias Aparecida Rodrigues, de 42 anos, parou e encostou o veículo, por volta das 8h55, para que uma fila de 10 carros pudessem passar. Um carro, modelo BYD da cor cinza, teria enfrentado dificuldades para passar pelo caminhão e, por isso, a motorista e um dos garis teriam indicado ao motorista que o espaço seria suficiente.

Em seu depoimento à Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), a condutora do caminhão de coleta afirmou que, enquanto recebia as instruções dos funcionários, o motorista do BYD pegou uma arma preta, fez movimento para engatilhar a arma e apontando para ela disse: “Se você esbarrar no meu carro eu vou dar um tiro na sua cara, duvida?”. 

Diante das ameaças feitas à colega, uma segunda testemunha afirmou que os demais trabalhadores tentaram acalmar o suspeito e pediram que ele seguisse seu caminho. Mesmo assim, segundo o boletim de ocorrência, o homem desembarcou com a arma em punho, deixando o carregador cair. Ele, então, recolocou-o, manobrou a arma e efetuou um disparo em direção à vítima. Laudemir chegou a ser socorrido e encaminhado para o Hospital Santa Rita, no Bairro Jardim Industrial, em Contagem, mas morreu na unidade de saúde.

Imagens de câmera de segurança flagraram o momento em que o gari saiu correndo já ferido. Na gravação, é possível ver o momento em que o carro que seria do investigado vira na rua em que o caminhão de coleta estava parado. O veículo para por um segundo, segue em frente e os demais que estavam atrás passam a dar ré e sair da via. Na sequência, dois garis saem correndo e um deles coloca a mão na região do abdômen e cai no chão. Ele é amparado por um colega, que segura sua cabeça.

Quem é o suspeito?

  • Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos;
  • Ex-vice-presidente de empresa de alimentos, desligado após repercussão;
  • Casado com a delegada Ana Paula Balbino Nogueira, da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG);
  • Descrevia-se nas redes sociais como “cristão, esposo, pai e patriota”;
  • Está envolvido em outros registros policiais em São Paulo (lesão corporal grave contra uma mulher) e Rio de Janeiro (lesão corporal contra ex-companheira, ameaça contra ex-sogra e envolvimento em homicídio culposo);
  • Nega ter antecedentes criminais e diz que só responde a processo por luxação no pé da ex-esposa.

Arma do crime

Na sexta-feira (15/8), a PCMG informou que a arma usada para matar Laudemir pertence à esposa do principal suspeito, a delegada Ana Paula Balbino Nogueira. A compatibilidade foi atestada pela perícia de microbalística, que analisou duas munições, uma usada e outra intacta, que foram deixadas no local do crime.

Desde o crime, Ana Paula é investigada pela Corregedoria da PCMG, que apura desvios de conduta da servidora. A arma de uso particular da delegada foi incluída no inquérito criminal, que está em andamento na delegacia de homicídios. Já a arma da corporação foi anexada aos autos da investigação administrativa.

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Apesar disso, conforme informações da corporação, até o momento não há informações que comprovem sua participação no homicídio. Por isso, ela não foi afastada de suas funções e segue em seu cago regular.

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