Morte de gari: por que Renê é identificado como 'empresário'?
Suspeito tem um CNPJ registrado no próprio nome e afirma já ter ocupado cargos de liderança em empresas multinacionais
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Siga noDesde que foi identificado e preso, no último dia 11, Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, tem sido frequentemente chamado de empresário por diversos veículos de mídia, inclusive pelo Estado de Minas. Mas por que ele tem sido identificado desse modo?
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A resposta é simples: Renê se identifica como empresário. Ele tem um CNPJ registrado em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, mesmo município onde residia. O histórico profissional do suspeito também registra que ele já ocupou cargos de liderança em multinacionais como a Redbull, BRF, Ypê, Kraft Heinz, J Macêdo e Ambev.
O suspeito também ocupava o cargo de vice-presidente de uma empresa de alimentos, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, mas foi desligado após o crime. Poucos minutos após o assassinado, aliás, Renê esteve no local.
Em seu currículo lattes, Renê de descreve como profissional com "excelente capacidade de negociação e de construir relacionamento por meio de engajamento, resolução de problemas e comunicação eficaz".
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O homem também afirmava, em um perfil no LikedIn que foi retirado do ar, ter graduações em administração e marketing pela PUC-Rio e Universidade Estácio de Sá, além de títulos de MBA em Gestão de Projetos pelo Ibmec e Bens de Varejo e Consumo pela USP. No entanto, Harvard, USP e PUC-Rio desmentiram vínculos com ele.
É prática comum se referir a pessoas pelas respectivas profissões em matérias jornalísticas para facilitar o entendimento. A vítima do crime, Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, é identificado como gari, função que "amava" desempenhar, de acordo com a esposa, Liliane França da Silva, de 44 anos.
Quem é o suspeito?
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Renê da Silva Nogueira Júnior, 47 anos.
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Ex-vice-presidente de empresa de alimentos; desligado após repercussão.
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Casado com a delegada Ana Paula Balbino Nogueira (PCMG).
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Se descrevia como "cristão, esposo, pai e patriota".
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Tem outros registros policiais em São Paulo (lesão corporal grave contra uma mulher) e Rio de Janeiro (lesão corporal contra ex-companheira, ameaça contra ex-sogra e envolvimento em homicídio culposo).
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Nega ter antecedentes criminais; diz que só responde a processo por luxação no pé da ex-esposa.
Como aconteceu o crime?
O gari Laudemir foi morto com um tiro na barriga na manhã de segunda-feira (11/8), em uma discussão de trânsito no bairro Vista Alegre, Região Oeste de Belo Horizonte (MG). Segundo o boletim de ocorrência da Polícia Militar, ele trabalhava na coleta de lixo junto a outros garis quando a motorista do caminhão, Eledias Aparecida Rodrigues, de 42 anos, parou e encostou o veículo para permitir a passagem de um carro, modelo BYD, conduzido pelo empresário Renê da Silva.
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De acordo com testemunhas, Renê abaixou o vidro e gritou para a condutora que, se alguém encostasse no carro dele, mataria a pessoa. Diante da ameaça, os garis, incluindo Laudemir, pediram que o motorista se acalmasse e seguiram orientando-o a continuar o trajeto. Ainda assim, ele desceu do veículo visivelmente alterado, apontou uma arma para o grupo e disparou, atingindo Laudemir.