Museu da Inconfidência passa por ajustes finais para reabertura
Obras de restauração foram entregues ontem. A expectativa é que o equipamento cultural de Ouro Preto volte a receber o público até 11 de agosto
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Siga noDepois de seis meses, as obras de restauração do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, foram entregues em cerimônia ontem (30/7). Ainda faltam alguns ajustes para que o museu seja entregue definitivamente ao público, mas quem passava por perto da edificação já pôde verificar como está o espaço. A expectativa é que as portas possam abertas antes de 11 de agosto, data do aniversário do equipamento.
A restauração foi feita com o apoio do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da plataforma Semente e do projeto Minas para Sempre, que tem como objetivo promover o reparo e conservação de bens do patrimônio cultural do estado.
Com a grande expectativa em torno das mudanças, a organização do museu abriu o espaço para o público durante a cerimônia, antes da data oficial. O Museu da Inconfidência foi fechado em fevereiro para uma repaginação total, tanto estrutural, quanto das obras em exposição. Ao Estado de Minas, o diretor do equipamento cultural, Alex Calheiros, detalhou que foi preciso um trabalho minucioso para preservar o prédio, construído entre 1785 e 1855 para a instalação da Casa de Câmara e Cadeia de Vila Rica, hoje Ouro Preto e que virou museu em 1944.
“Fizemos a limpeza da cantaria, pela primeira vez na história. É uma limpeza feita com escova de dente e água. Também fizemos a pintura externa e interna do museu e, o mais importante, o projeto de Prevenção e Proteção contra Incêndio e Pânico (PPCI), que é uma exigência dos bombeiros e do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para o estabelecimento ficar aberto”, contou.
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Calheiros explicou que o fechamento do museu não estava planejado. Mas a verificação da parte elétrica levou à conclusão de que seria necessário desligar a chave geral de energia e reestruturar a fiação do espaço. “Não era feita uma reforma elétrica desde a década de 1940. Em 2005, houve uma revisão, mas estava completamente desatualizada, em lugares inadequados, porque a fiação passava pelo chão, onde há umidade”, contou. “Ou seja, uma tragédia poderia acontecer”, reforçou, lembrando o incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, em 2018.
A renovação do sistema de iluminação exigiu atenção especial. Mais da metade das luminárias do espaço, por exemplo, estavam queimadas, por serem luzes antigas, feitas sob medida. Ainda faltam os “ajustes finos”, descreve Calheiros.
Ainda no âmbito da iluminação, é preciso ajustar a luminescência em cada sala e vitrine, visto que parte do acervo tem policromia, uma técnica de pintura feita em camadas. A primeira parte das obras se encerraram na terça-feira (29), mas a restauração ainda não foi finalizada. As próximas etapas poderão ser efetivadas com o museu aberto para a visitação.
Remanejamento de conteúdo
Com as obras em fase final, a direção do Museu da Inconfidência planejou também um reposicionamento das narrativas e temas que o espaço vai abordar. O acervo de quase mil obras passou por uma conservação e restauro preventivo. Na parte inferior do prédio, o público consegue entender a história política de Minas Gerais, principalmente sobre a Inconfidência Mineira.
Já na parte superior, o espaço conta com um acervo, de quase 1.500m², dedicado à produção cultural e artística do século 18 e início do 19, com uma sala dedicada ao Aleijadinho e Mestre Ataíde – artistas mineiros que são referências da arte barroca.
“O museu também está passando por um reposicionamento para contar as histórias invisibilizadas, como a contribuição dos negros em Ouro Preto e em Minas Gerais. A gente abriu uma nova sala dentro do museu, a afro-mineira, que é toda dedicada a isso”, destacou Calheiros. Quando o museu for aberto definitivamente, o público poderá apreciar algumas obras do curador Tadeu Bandeira, que emprestou acervo ao museu para inaugurar a sala.
Há três anos, a visitação passou a ser gratuita, o que garante um público de mais de 300 mil pessoas por ano. O Museu da Inconfidência está localizado na Praça Tiradentes, número 139, no Centro Histórico de Ouro Preto. De acordo com a direção, não há data confirmada para a reabertura definitiva do local. A visitação poderá ser feita de terça-feira a domingo, a partir das 10h. A entrada será permitida até as 17h, uma hora antes do encerramento das atividades, às 18h.
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Acervo múltiplo
No edifício erguido em 1785 pelo governador da Capitania de Minas, Luís da Cunha Meneses, para ser Casa de Câmara e Cadeia, o Museu da Inconfidência conta a trajetória de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1792), e dos conjurados que lutaram pela liberdade, indica os caminhos do Ciclo do Ouro nas Gerais e destaca as maravilhas do Barroco, incluindo peças de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814) e partituras musicais. O acervo compreende mais de 4 mil objetos, com exemplares de todas as esferas da vida social mineira nos séculos 18 e 19.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Rachel Botelho