Festa do Divino da Lapinha: tradição e fé em Lagoa Santa
Evento religioso iniciado no dia 27 de junho, encerra as celebrações neste domingo (6/7)
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Pra bandeira do Menino
Ser bem-vinda, ser louvada”
A Festa do Divino da Lapinha é um exemplo vivo do sincretismo cultural brasileiro, que combina a herança portuguesa com influências locais, incluindo elementos das tradições africanas e indígenas. Sua continuidade ao longo dos séculos é um testemunho da força da religiosidade popular e do compromisso da comunidade em preservar suas tradições. O tombamento da Capela de Nossa Senhora do Rosário como patrimônio cultural reforça a importância de proteger esse legado, que não apenas celebra o Divino Espírito Santo, mas também a história e a identidade de Lagoa Santa.
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Este ano, a festa religiosa iniciada no dia 27 de junho, encerra as celebrações neste domingo (6/7). O evento católico promete mais uma vez reunir fiéis e turistas em um momento de espiritualidade, confraternização e celebração da cultura mineira. É uma oportunidade para vivenciar a fé, fortalecer os laços comunitários e manter viva uma tradição que, há séculos, inspira esperança e solidariedade.
Origens
Celebrada anualmente, a festividade reúne devotos e moradores em uma vibrante expressão de fé, história e comunidade, mantendo viva uma tradição que remonta aos tempos coloniais. A festa religiosa tem suas raízes em Portugal, no século 14, quando a rainha Isabel de Aragão instituiu a celebração em agradecimento pela reconciliação entre seu marido, o rei Dom Dinis, e seu filho, o príncipe Afonso. A promessa da rainha de peregrinar com uma coroa adornada por uma pomba – símbolo do Espírito Santo – marcou o início de uma prática que se espalhou pelas colônias portuguesas, chegando ao Brasil com os primeiros colonizadores.
Capela de Nossa Senhora do Rosário, patrimônio cultural tombado pelo município em 2001, foi construída no contexto da colonização mineira, o templo é um marco histórico que reflete a importância da religiosidade na formação da cidade. A festa celebra a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e a Virgem Maria, conforme narrado no livro de Atos dos Apóstolos.
Folia do Divino
A celebração na Lapinha é marcada por elementos tradicionais que misturam o sagrado e o profano, uma característica comum às Festas do Divino no Brasil. Entre os rituais, destacam-se a novena preparatória, a missa solene, a procissão com a Bandeira do Divino – um estandarte vermelho com a pomba branca, símbolo do Espírito Santo – e a coroação do imperador ou imperatriz, uma figura simbólica escolhida para liderar os festejos. A Bandeira do Divino percorre as casas dos devotos, acompanhada por cânticos e orações, em um ritual conhecido como “Folia do Divino”, onde se arrecadam donativos para a festa e para ações de caridade, perpetuando a tradição portuguesa do “Bodo aos Pobres”.
O significado do Divino Espírito Santo
Para os católicos, o Divino Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, ao lado do Pai e do Filho. Sua celebração no Pentecostes rememora o momento em que os apóstolos, reunidos com Maria no cenáculo, receberam os dons do Espírito Santo, descrito no Novo Testamento como línguas de fogo que os capacitaram a pregar o Evangelho em diversas línguas. Esses dons – sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus – são considerados bênçãos que guiam os fiéis na vivência da fé e na prática da caridade.
Na Festa do Divino, a pomba branca, a coroa e a bandeira simbolizam a presença do Espírito Santo, que traz renovação, paz e fraternidade. A celebração reforça valores como a solidariedade, a partilha e a esperança, especialmente entre as comunidades mais humildes, que se mobilizam para organizar festejos ricos em simbolismo, com banquetes, músicas e danças que expressam a alegria da fé. Em Lagoa Santa, esses valores se manifestam na união da comunidade da Lapinha, que se organiza em mutirões para preparar a festa, arrecadar donativos e acolher os visitantes.
Celebração comunitária
Mais do que um evento religioso, a Festa do Divino é uma celebração da identidade cultural de Lagoa Santa. A Capela de Nossa Senhora do Rosário, com sua simplicidade e relevância histórica, serve como ponto de encontro para os moradores, que participam ativamente das atividades religiosas e culturais. A procissão, com suas bandeiras coloridas e cânticos, percorre as ruas do bairro, evocando a memória dos tempos coloniais e reforçando os laços de vizinhança.
“São mais de 60 anos que realizamos esta festa com a ajuda de toda a comunidade da Lapinha. Durante nove dias de novena, após as missas, tivemos barraquinhas, com caldos e pastéis. No próximo domingo festivo, teremos o café da manhã oferecido pelos festeiros, procissão até igreja, missa, almoço, vendas de doces, cavalgada, leilão de gado e forró. Venham participar conosco”, emociona Elizabete Soares, coordenadora da festa e integrante da Rota das Doceiras.
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Programação
Domingo - 6 de junho
8h30 - Café oferecido pelos festeiros Casa de Bernardo
Rua João Francisco Avelar, 1094, Lapinha
9h30 - Cortejo até a igreja
10h - Saída da cavalgada da Igreja de Sant’Ana, Fidalgo
10h30 - Missa Solene presidida por Padre Luis na Capela de N. Senhora do Rosário
12h - Almoço
15h - Leilão de animais e sorteio da Ação entre Amigos.
16h - Show com Marcelo Júnior