INFANTICÍDIO

BH: recém-nascido encontrado em lixão foi morto pela mãe, diz polícia

Mulher teve um relacionamento com homem turco, que veio à capital mineira e depois foi embora. Ela engravidou, mas não queria a criança

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A morte de uma recém-nascida, cujo corpo foi encontrado por garis da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) em meio a um lixo, recolhido no Bairro Minaslândia, na Região Norte de Belo Horizonte, em 29 de maio deste ano, foi esclarecida pela Polícia Civil, através da Delegacia Especializada em Homicídio de Venda Nova, sob coordenação da delegada Ariadne Elloise. Segundo a polícia, a autora do crime foi a mãe da criança, uma mulher de 35 anos, que sofre de problemas psicológicos, mais precisamente, de esquizoide.

“Essa mulher é mãe de um menino de sete anos, com quem se mostra preocupada e amorosa ao extremo. Mas, com essa menina não foi da mesma forma, principalmente da forma como começou, por ter sido de um relacionamento que ela mesmo abominou”, conta a delegada.

Tudo começou, segundo a delegada, quando essa mãe conheceu um homem da Turquia via grupos de relacionamento pela internet. Esse homem, segundo ela, acabou vindo a Belo Horizonte, hospedou-se em um hotel e os dois passaram a ter um relacionamento e relações sexuais.

O homem foi embora e a mulher passou a suspeitar dele, descobrindo que se tratava de um golpista, pois tinha vários perfis diferentes nos grupos sociais. “Ela cortou relacionamento com ele, bloqueando na internet”, diz a policial.

Pouco tempo depois, a mulher descobre que está grávida, mas não conta isso a ninguém, nem mesmo para sua família. Segundo a delegada, a mulher passa a usar roupas largas, deixa o emprego e procura ficar mais em casa, evitando contato com vizinhos.

“Uma vizinha chegou a perguntar se ela estava grávida, mas a mãe negou e desconversou”, conta a delegada da Homicídios de Venda Nova.

A situação foi ficando pior, com a mulher se isolando. Ela negou, até mesmo para a irmã, que estava grávida. “Ela decidiu ter o filho sozinha, em casa, onde vivia com o outro filho”, conta.

De acordo com a polícia, a mulher teve o filho, mas sequer verificou o sexo do recém-nascido. “Ela enrolou a criança no cordão umbilical, depois num cobertor e, em seguida, num saco plástico, de lixo. Isso foi no dia 25 de maio, um domingo. Não olhou mais para o saco plástico. Dois dias depois, levou a criança e a deixou num lixão”.

Primeira testemunha

No Bairro Minaslândia, o caminhão de lixo passa de dois em dois dias e, por isso, a mãe esperou até o dia 27 de maio para colocar o corpo no lixão.

A delegada conta que um catador frequenta o local sempre nos dias em que as pessoas depositam o lixo. Ele recolhe vários sacos de lixo e os leva para casa, onde vasculha para ver o conteúdo e se tem alguma coisa que possa vender, como latas de cerveja.

Em um dos sacos recolhidos por ele estava a recém-nascida. Ao chegar em casa, o homem sentiu um cheiro ruim vindo daquele saco específico, o colocou do lado de fora da casa para levá-lo de volta ao lixão no dia 29.

Próximo ao local onde fica o lixão tem uma câmera de segurança de uma casa, que flagrou o momento em que o homem cata os sacos de lixo e também quando os devolve.

“Esse homem foi importante na investigação, pois nos contou detalhadamente o que havia acontecido, o que fez com que descartássemos sua culpa”, afirma a delegada Elloise.

E quando os policiais estavam no lixão, uma mulher se aproximou e deu dicas sobre a mulher que teria descartado o saco de lixo com o corpo da recém-nascida.

"Fomos até a casa dela (da mãe) e ela nos contou que não queria ter a filha, por causa do relacionamento, o que descobriu do homem que veio da Turquia. Demos voz de prisão", explica a delegada.

Até esse momento, a suposição é que a mulher teria cometido um infanticídio. No entanto, essa conclusão mudou depois de exames psiquiátricos realizados por médicos da Polícia Civil.

A mulher foi diagnosticada com um transtorno de dificuldade em relacionamento, conhecido como esquizoide. “Os exames não constataram nada psicótico. Ela sofreu um surto por não querer a criança e por medo”, conta a delegada Elloise.

Ela explica que há uma série de fatos que explicam esse tipo de surto. “A sequência de ações, primeiro, em esconder a gravidez, depois a decisão de ter a filha sozinha. Ao ser questionada sobre o desejo de ter a filha, ela respondeu que sim, mas depois muda completamente de opinião. Alguns detalhes comprovam que não queria ter o filho, como não fazer enxoval”.

Prisão

A delegada Elloise diz que a mulher cumpre prisão domiciliar por ter problemas de saúde mental, o que é previsto por lei. Ela está sendo indiciada por homicídio qualificado, ocultação de cadáver. O fato de a mãe cometer o crime pode ainda aumentar a pena.

Mas existem atenuantes, segundo a policial. “Por ter um problema de saúde mental, ela pode ter uma redução de um terço ou dois terços da pena. É a condenação mais branda que existe em penas. Ou então, o juiz que for julgar o caso pode substituir a pena por uma internação e tratamento psiquiátrico”.

A delegada afirmou ainda que, antes da gravidez, a mulher trabalhava como cozinheira e faxineira, e levava uma vida normal.

Esquizoide

O transtorno de personalidade esquizoide (TPE) é problema psicológico. Trata-se de uma condição mental caracterizada por um padrão persistente de distanciamento social e desinteresse em relacionamentos interpessoais, além de uma gama limitada de expressão emocional em contextos sociais. Pessoas com TPE tendem a preferir atividades solitárias e podem parecer frias ou distantes, com dificuldade em formar laços afetivos próximos, mesmo com familiares. 

Infanticídio

Infanticídio é o crime de matar o próprio filho durante ou logo após o parto, sob a influência do estado puerperal, que é uma condição temporária que afeta a mãe, alterando seu estado emocional e capacidade de discernimento. É considerado uma forma privilegiada de homicídio, com pena mais branda, detenção de dois a seis anos, devido à condição especial da mãe.

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