CRIME CIBERNÉTICO

Golpe do falso advogado faz mais uma vítima em BH

Publicitária caiu na trama de golpista que a procurou se passando por quem conduzia sua defesa em um processo e acabou tendo prejuízo de R$ 9 mil

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O golpe do falso advogado tem sido cada vez mais recorrente no Brasil. Na prática, criminosos conseguem informações de processos judiciais e se passam por profissionais do direito para pedir dinheiro. “Vamos imaginar que você entrou com uma ação de indenização porque bateram no seu carro. Aí, o que eles fazem? Eles ligam para você e falam que você ganhou a ação e que, para receber o valor, tem que pagar as custas do processo e enviar uma chave pix”, explica a diretora de prerrogativas da OAB-MG, Carla Silene. “Então, a pessoa passa o pix e, na verdade, não é para custo nenhum e não houve êxito em ação alguma. É só porque eles tiveram acesso à informação e sabiam da pretensão da pessoa, ali, receber alguma coisa.”, completa.

Esse tipo de golpe aconteceu com uma publicitária, de 53 anos, que prefere não ser identificada. Em entrevista ao Estado de Minas, relatou que ela e sua mãe entraram com uma ação contra uma companhia aérea após uma viagem. Em um dia, uma pessoa do escritório da advogada entrou em contato e mandou a sentença do processo, que seria uma indenização de R$ 5 mil. “Passou um tempo, eu até entrei em contato com essa mesma secretária dela, perguntando se tinha alguma previsão de depósito e ela falou que não e que a advogada entraria em contato”, conta.

Durante a tarde de anteontem (7/5), enquanto trabalhava, a mulher recebeu uma mensagem de um perfil com a foto da sua advogada, afirmando que tinha novidades a respeito do processo. Ela explica que em nenhum momento desconfiou e, durante a conversa, o golpista explicou que o processo teria sido revisto e o valor da indenização teve um aumento, passando para R$ 23 mil.

O responsável pela fraude ainda afirmou que a quantia já estava depositada judicialmente, enviou uma captura de tela do valor em um banco, e explicou que seria preciso realizar o pagamento de um imposto no Banco Central. A publicitária contou que desconfiou do valor, que seria de cerca de R$ 2 mil, mas fez o pagamento para a suposta contadora do escritório da advogada.

  

Após a primeira transferência, a mulher relembrou o suposto advogado sobre o pagamento dos honorários, que seriam na faixa de R$ 7 mil. Por ser um valor alto, a publicitária avisou que esperaria o depósito da indenização, mas o golpista disse que, caso ela pagasse no mesmo dia, teria um desconto de 50%. “Eu já deveria ter desconfiado, por que qual advogado te dá um desconto assim?”, lamenta.

Com a diminuição do valor, a publicitária realizou o pagamento por meio da conta de sua mãe, que também fazia parte do processo. Horas depois, o golpista voltou a enviar mensagens, contando que um ‘programa de amparo aos idosos’ teria sido aprovado e, por isso, a indenização aumentou. “Nessa hora, a minha ficha caiu. No mesmo momento, liguei para a minha advogada, que confirmou o golpe.”

Problema crônico

O escritório da advogada Luciana Atheniense, colunista do EM, já passou por esse tipo de problema algumas vezes. “Eles (golpistas) conseguiram ter acesso ao meu telefone particular e à logomarca do meu escritório. É um transtorno, três clientes já caíram em golpes e, hoje, alguns não atendem telefonemas meus por medo”, conta a advogada.

O golpe do falso advogado é realizado com uma certa facilidade, visto que processos judiciais são públicos, como explica o Tribunal de Justiça de Minas Gerais: “todo cidadão tem acesso às informações de processos quando estes não tramitam sob segredo de justiça.” Com o aumento de casos, a Ordem dos Advogados Brasileiros de Minas Gerais (OAB-MG) publicou uma cartilha antifraude, com o intuito de conscientizar os advogados e seus clientes.

O documento explica alguns tipos de golpes que estão sendo realizados: a engenharia social, quando golpistas se passam por advogados e entram em contato com clientes, solicitando transferências ou pagamentos indevidos; o ‘phishing’, em que e-mails fraudulentos são enviados para tentar obter dados pessoais, como documentos e senhas de bancos; e a invasão de aplicativos ou sistemas, no qual, após obter as informações da vítima, o golpista redefine senhas e modifica contas vinculadas às pessoas.

A diretora de prerrogativas da OAB-MG analisa que, nesse caso, o crime também prejudica o profissional da defesa. “Nós temos o advogado como vítima do crime de falsidade ideológica. Então, é importante que todos estejam atentos ao vazamento de login e senha, que cuidem do seu certificado, não emprestem o certificado digital para ninguém e que procurem adequar o escritório às regras da LGPD”, explica.

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Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) afirmou que há inquérito policial instaurado para “apurar os fatos e as diligências investigadas seguem em andamento visando a completa elucidação dos fatos.” A corporação ainda orienta que todo cidadão que seja vítima de golpes registre o fato em uma unidade mais próxima à residência, ou por meio da Delegacia Virtual.

*Estagiária sob supervisão do subeditor Rafael Oliveira

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