Como a Geração Z está transformando a moda?
Eles misturam gêneros, valorizam experiências, buscam sustentabilidade e querem autenticidade na hora de se vestir
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Siga noCada geração tem uma forma de consumir moda. E com a Geração Z não é diferente. Nascidos entre meados dos anos 1990 e 2010, esses jovens cresceram em um mundo digital, hiperconectado e em constante transformação. E essa realidade reflete diretamente no consumo de moda.
Para esse público, roupa não é apenas estética – é expressão, manifesto, ferramenta para performar estilos e narrar identidades. Se antes as coleções eram guiadas por temporadas e regras fixas, hoje a lógica é outra: fluidez, personalização e imediatismo.
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É visando esse público que a YouCom se estabeleceu no mercado da moda. Voltada para jovens entre 18 a 24 anos, a marca mescla tendências e estilos diferentes, mas todos conversam com a modernidade. “Ninguém abre o guarda-roupa e fala: sou só romântica”, diz Bárbara Barreira, responsável pelo núcleo de moda da marca. “O mesmo cliente tem mil moods e vibes diferentes ao longo da semana.”
Isso se traduz em coleções múltiplas, híbridas e democráticas, que contemplam desde o look básico até peças mais fashionistas, permitindo misturar estilos e viver diferentes narrativas no dia a dia.
“A gente entende que a moda é reflexo das transformações culturais. Tudo o que acontece no mundo, do comportamento às mudanças políticas, impacta o jeito de se vestir”, conta Bárbara.
“Não trabalhamos um tema só por vez. A loja é uma colcha de retalhos de assuntos e comportamentos que estão acontecendo com o jovem agora”, completa.
Tendências que falam a língua do jovem
Para acompanhar esse comportamento, é preciso mais do que copiar tendências globais: é necessário interpretá-las com olhar local. Para isso, a marca pesquisa comportamento em festivais, redes sociais e no street style das cidades brasileiras.
A música, inclusive, é um dos pilares da marca. “Tudo começa no mapeamento dos movimentos musicais que vão impactar o jovem durante o ano”, explica Barreira. “O festival não é só um evento, é um momento de performance. O jovem quer um look especial para viver aquela experiência.”
“Fazemos um mapeamento dos principais movimentos musicais do ano e traduzimos isso em coleção”, conta. Essa estratégia vai além das roupas: playlists personalizadas nas lojas e no e-commerce criam uma imersão. “O cliente escolhe a playlist do festival enquanto compra online. Queremos que ele sinta a música em todos os pontos de contato”, explica.
O trabalho também é regionalizado. “No Nordeste, entendemos que o São João é muito mais que festa: é um festival. Então, não faz sentido levar só o xadrez tradicional. O público quer brilho, PU, looks para a noite”, revela. “As meninas foram às festas, viveram a experiência para trazer essa leitura. Essa pesquisa é essencial para traduzir como o jovem quer se vestir.”
Também é graças à música que uma mudança vem ocorrendo nas novas peças: a volta da cor. Depois de um período marcado por tons neutros e básicos no pós-pandemia, a cartela abre espaço para tons candy, como amarelo, rosa e azul, que chegam com um toque romântico e divertido. “É o impacto Sabrina Carpenter”, brinca a executiva, citando a cantora pop que inspira um visual mais delicado e feminino.
Esporte e saúde
O jeans continua reinando como protagonista absoluto – do clássico à modelagem oversized. “É desejo constante”, diz Bárbara. Outra força que segue crescendo é a estética esportiva, conectada ao lifestyle wellness e à busca por qualidade de vida. “O esporte está em tudo: das matérias-primas tecnológicas à inspiração em modalidades como tênis e Fórmula 1.”
Ao mesmo tempo, o agênero segue forte. Meninas comprando jeans masculinos e meninos usando peças femininas são comportamentos cada vez mais comuns. O resultado é um guarda-roupa livre de rótulos, adaptável a diferentes momentos e sem barreiras de gênero.
Moda com propósito
Outro ponto crucial para essa geração é a sustentabilidade. “É um dos nossos pilares, junto com moda e música”, diz Bárbara. Desde 2020, a marca criou o Jeans For Change, um programa de reciclagem que recolhe peças usadas para transformá-las em novas.
“Fomos a primeira marca do Brasil a lançar uma calça jeans de pós-consumo reciclado”, afirma. Para engajar, quem entrega peças ganha desconto em novas compras. “Queremos estimular um consumo mais consciente”, completa.
Em cada loja, há um estande para coletar os jeans. Na compra de uma nova peça, a doação se reverte em 15% de desconto. Além disso, a marca produz calças, shorts e jaquetas jeans com sobras de tecido de outras confecções.
Além disso, a pegada sustentável também aparece nas cortinas dos provadores das lojas físicas.
Projeto de expansão
A Youcom nasceu em 2013 como um projeto da Renner para atender o público jovem. “Queríamos testar um novo modelo de operação”, lembra Filypo Hirano, responsável pelas operações. Hoje, são 140 lojas pelo Brasil – com meta de chegar a 250 unidades nos próximos anos.
E qual é o segredo? Estar onde o jovem está. “Não queremos impor tendências. Nossa proposta é ser um espelho do que ele deseja”, diz Bárbara. Isso significa campanhas interativas, influenciadores e um time interno que respira juventude. “Nosso time de estilo tem 30 pessoas. Tenho 35 anos e sou uma das mais velhas”, conta, rindo.
Se antes a moda era ditada de cima para baixo, hoje ela nasce nas redes, nas ruas, nos festivais. Para a geração Z, não basta vestir: é preciso pertencer, experimentar, se expressar.
A YouCom assume o compromisso de acompanhar esse consumidor, criando experiências e traduzindo valores. “O brilho no olho da menina que veste a primeira calça jeans aqui e diz ‘não preciso mais comprar roupa infantil’ é o que nos move. Moda é sobre histórias”, define Filypo.
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“É um ciclo. Eles nos inspiram, nós traduzimos isso em peças, eles misturam com o que já têm e criam novas combinações. É uma conversa constante”, resume Bárbara.
Tendências da vez para a Geração Z
- Tons candy: rosa, azul e amarelo trazem feminilidade e romantismo;
- Jeans onipresente: do clássico ao oversized, protagonista do guarda-roupa;
- Esporte everywhere: tecidos tecnológicos e inspirações em esportes como tênis e Fórmula 1;
- Agênero continua: peças sem rótulos, para todos os estilos;
- Romantismo revisitado: laços, frufrus e detalhes delicados voltam à cena.