Design e bom gosto na Modernos Eternos
Mostra de decoração abre sua 10ª edição na Escola Afonso Pena e na Casa UNA com sucesso e agita as noites com apresentações artísticas
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Siga noA Modernos Eternos nasceu em São Paulo, em 2014, pelas mãos do paulista Sergio Zobaran, jornalista especializado em arquitetura e design, autor de livros sobre o tema, editor da revista Decorar. A proposta inicial era ser mais que uma mostra de decoração, ser um evento cultural anual de arquitetura, design, decoração, arte, história, gastronomia e entretenimento, que se tornasse conhecido por enaltecer a união do passado com o presente, unindo o moderno com antiguidades.
Em 2016, Josette Davis trouxe a Modernos Eternos para Belo Horizonte, em uma casa modernista no Mangabeiras, mais especificamente no Clube dos Caçadores. Em todos os ambientes o que se viu foi uma ambientação com o mix&match de peças antigas, vintage, contemporâneas, muita arte, cultura, entretenimento e gastronomia.
Durante todo o dia, em vários ambientes especialistas nos mais diversos assuntos – a maioria deles ligados à arquitetura, decoração e arte – faziam mini-talks e visitas guiadas. Eram verdadeiras aulas de cultura muito agradáveis. A montagem dos ambientes era um desafio para os profissionais que quebravam paradigmas para unir à tendência da época peças de antiguidades, de família, e criavam ambientes homenageando alguma pessoa.
Depois de alguns anos o “Eternos” foi sendo esquecido, e dando lugar para o mobiliário dos anos 1950, 60. Peças de Sérgio Rodrigues, Li Bo Bardi e seus contemporâneos. Os antigos mesmo, peças dos séculos 17, 18, 19 foram abandonados pelos profissionais, sem muita explicação.
A mostra de São Paulo não durou muito, por outro lado, a de Belo Horizonte se fortalece a cada ano. Mérito da sócia-curadora Josette Davis e de sua filha Carol.
O imóvel de 1897 que abriga a Escola Estadual Afonso Penna, foi o escolhido para receber a 10ª edição da Modernos Eternos. É um dos mais importantes patrimônios históricos de Belo Horizonte. A Casa Una, antiga residência do ex-presidente Afonso Penna, também abriga alguns ambientes da Modernos Eternos e a cafeteria, que está sendo operada pelas Casa Bonomi e Elisa Café.
“Fiquei muito entusiasmada quando surgiu a oportunidade de realizar a Mostra Modernos Eternos na Escola Estadual Afonso Penna, um imóvel tão emblemático. Quando os ambientes foram finalizados pelos arquitetos me emocionei novamente. Como disse Fernanda Villefort, que assina o restaurante: ‘o espaço viveu o que foi sonhado’. E acredito profundamente nisso. Para mim, imóveis carregados de história têm alma, guardam energia de todos que por ali passaram, e essa energia é viva. Ela se conecta ao presente, resgata o que simboliza e se transforma em realidade”, diz Josette Davis.
A partir do segundo semestre deste ano, a escola passará por uma restauração completa, resgatará todo o charme e o legado do edifício, além de garantir melhorias estruturais, de acessibilidade e conforto para a comunidade escolar.
Eventos paralelos
A Modernos Eternos é mais do que uma mostra, tudo o que está exposto está à venda, com os preços e indicações disponíveis com os recepcionistas de cada espaço, essa nova proposta ajuda a movimentar o mercado de arte, design, arquitetura e toda sua cadeia com seus lançamentos anuais.
Uma série de eventos paralelos se soma à programação, com atividades especiais de cultura, música, arte, moda, história, gastronomia e entretenimento. São realizadas visitas guiadas, mini-talks, apresentações musicais, cozinha ao vivo, desfile de moda e muito mais, promovendo uma interlocução ampliada entre os envolvidos na mostra. “Nosso objetivo é levar esta experiência única, onde o visitante se sinta passeando por uma galeria de arte, uma exposição contemporânea com suas ‘instalações’, ou mesmo um museu, para outros mercados, compartilhando e expandindo o conceito da mostra – olhar, sentir, contemplar e aprender – para outros públicos”, diz Josette Davis.
Requinte e bom gosto
A 10ª edição da Modernos Eternos tem vários livings, escritórios e suites, ambientes preferidos pelos profissionais, mas encontramos outros tantos que dão uma diversificada no mix apresentado pela mostra. Infelizmente não temos espaço para publicar fotos de tudo que está exposto, mas vejam alguns destaques.
Têm ambientes mais conceituais como o de Ila Gaudêncio, intitulado “Entre luz e matéria” com muitos espelhos e móveis, chamam a atenção pela beleza e elegância a luminária desenhada pela arquiteta para a .Autoral, da A. de Arte e a estante e móvel /bar, ambos de vidro pintado à mão, criados pelo designer Sérgio Stark.
O ambiente Pilares, de Laura Carvalho, traz uma estante erguida a partir de escrivaninhas da UFMG usadas em salas de aula na década de 1950, desmontadas e reorganizadas. O escritório assinado por Flávio Bahia traz belas obras de arte da Orlando Lemos Galeria de Arte... uma linda viagem.
A Cave Drink é surprendente. Uma portinha no pátio para acesso ao porão da casa e quando entramos vemos um espaço bonito e tímido. Não se engane é apenas o começo. A dupla Andrade / Pinhel fez cinco ambientes interligados que são espaços para Lamas – local de degustação de whisky – e adega para degustação de vinhos.
O quarto da fazenda de Betânia Nascimento é aconchegante e une quarto de casal, escritório e quarto do bebê. O quarto da criança, de Patrícia Bigonha é um universo à parte. A arquiteta usou papel de parede e fez interferências sobre ele, desenhando um menino em várias situações. Lindo.
O hall galeria de Denise Vilela traz uma luminária que é, de fato, uma obra de arte feita com sucata, toda colorida.
E é assim, entre caminhos, detalhes, descobertas e experiências que o visitante conhece toda a edição e se identifica mais com uns do que com outros ambientes, de acordo com seu gosto. Mas não podemos deixar de citar a beleza da loja do Sebrae, tanto pela decoração quanto pelos produtos à venda.