Metanol: Especialista avalia como país pode intensificar controles

Jeff Hardy, diretor de aliança parceira da ONU, diz que o Brasil repete vulnerabilidades observadas em outros países e defende rastreabilidade na indústria

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O avanço da crise do metanol no Brasil atraiu atenção internacional. Em visita ao país, o americano Jeff Hardy (foto acima), diretor-geral da Aliança Transnacional para o Combate ao Comércio Ilícito (Tracit), afirmou à coluna que o Brasil vive “o mesmo tipo de falha estrutural” visto em outros países: oferta irregular de insumo, margens altas para fraudadores e fiscalização fragmentada.

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Hardy, que atua em parceria à Organização das Nações Unidas (ONU), avalia que o país precisa fortalecer o controle sobre o destino do metanol e integrar ações de inteligência entre governo, indústria e plataformas digitais. “Quando o controle é disperso e a punição lenta, o crime encontra brechas”, disse ele. 

Segundo apurou a coluna, a posição defendida pela indústria de bebidas em reunião com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), em 13 de outubro, foi contrária à recriação de sistemas estatais de controle direto, como o Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), que monitorava em tempo real a produção nas fábricas. O Sicobe foi desativado em 2016.

Representantes do setor propuseram um modelo em que as próprias empresas informariam posteriormente ao Fisco os volumes fabricados, com auditoria sobre esses dados, ou seja, uma forma de autorregulação, sem fiscalização contínua do Estado sobre as linhas de produção. Alegou-se que novas camadas de fiscalização seriam demasiadamente onerosas.

A reunião incluiu entidades como Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), Associação Brasileira da Cerveja Artesanal (Abracerva), Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir), Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) e Instituto Brasileiro de Cachaça (Ibrac).

À coluna, o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv) apontou que o “setor apoia o fortalecimento do controle público, desde que baseado em sistemas digitais modernos, integrados, eficientes e não excessivamente onerosos”.

Ainda de acordo com o Sindicerv, o compromisso é “com a transparência, a rastreabilidade e a atuação coordenada entre Estado, indústria e sociedade para impedir a produção e a circulação de bebidas ilegais”.

Até o momento, nove pessoas morreram em decorrência da contaminação por metanol. Além disso, a desconfiança com as bebidas alcoólicas provocou queda de 11% nas vendas de destilados, segundo a Scanntech.

Diante do cenário, o Ministério da Justiça criou um comitê intersetorial, coordenado pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), para desenvolver tecnologias de rastreabilidade em parceria com universidades e fabricantes.

(Atualização às 17h15 de 24 de outubro de 2025: O texto foi atualizado para incluir mais detalhes apurados pela coluna a respeito da reunião na Senacon, ocorrida em 13 de outubro, e também o posicionamento do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja a respeito do modelo de regulação defendido pelo setor). 

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