Exportações do agro brasileiro têm alta de 1,5% em primeiro mês do tarifaço
De acordo com Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária, desempenho é fruto do trabalho de abertura de novos mercados
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Siga noO ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, comentou sobre o desempenho das exportações brasileiras após o início do tarifaço pelos Estados Unidos. No programa “Bom Dia, Ministro”, Fávaro falou sobre o aumento das exportações do agronegócio brasileiro em agosto, que alcançaram US$ 14,28 bilhões, uma alta de 1,5% em relação ao mesmo mês do ano passado.
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O aumento de 5,1% no volume embarcado compensou a queda de 3,4% nos preços médios internacionais. Os principais produtos responsáveis por esse resultado foram a soja em grãos, carne bovina in natura e milho. Outros itens que puxaram o desempenho das exportações do agronegócio brasileiro foram o sebo bovino, sementes de oleaginosas, feijões, rações animais e óleo de amendoim.
Para o ministro, esse bom desempenho pode ser atribuído à abertura de novos mercados, não só no setor agropecuário. De acordo com o governo federal, desde 2023 o Brasil abriu as portas para 435 novos mercados, em 72 países.
Na última semana, o Brasil recebeu autorização para exportar sebo bovino para Singapura, destinado ao uso industrial, inclusive para a produção de biocombustíveis. Segundo Fávaro, esse trabalho foi feito em conjunto entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Entre os principais mercados que foram abertos pelo Brasil para as exportações do agro, Fávaro destacou o envio de café para a China, que evoluiu de US$ 80 milhões, em 2022, para US$ 280 milhões, em 2023. No ano passado esse valor já saltou para quase 1 US$ bilhão, e vai ter “ampliação gigantesca” em 2025.
“Esse crescimento foi estimulado por uma mudança no hábito alimentar chinês, onde os jovens de 20 a 25 anos passaram a consumir café e isso está gerando oportunidade aos produtores de café do Brasil”, explicou o ministro.
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Outro mercado que foi aberto para a proteína animal brasileira, carne bovina e suína, foi o México. “Nós não vendíamos para o México, que tem uma economia muito parecida com a brasileira. Hoje eles já são o segundo maior consumidor das proteínas brasileiras, atrás apenas da China. Os Estados Unidos são um grande comprador, mas nós abrimos alternativas e geramos grandes oportunidades”, avaliou o ministro da Agricultura.
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Sobre o tarifaço, o ministro ponderou que o Brasil é um dos três países com os quais os Estados Unidos mantêm a balança comercial superavitária, ou seja, que vende mais do que compra, o que faz com que a taxação não faça sentido. Ele ressaltou que o país está aberto ao diálogo com os americanos, mas que a soberania brasileira é intocável.
“Percebo um feeling muito especial do presidente Lula, que, desde o início do nosso governo, uma das missões dadas a mim como ministro da Agricultura foi buscar a abertura de novos mercados e um portfólio maior, para não ficar só nos mesmo produtos sendo exportados. Ele saiu buscando a reconexão do Brasil com as relações diplomáticas e eu fui atrás, junto com a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e os ministérios da Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em busca de novos mercados”, disse Carlos Fávaro.
Para Fávaro, isso fez com que o tarifaço tivesse um impacto menor nas exportações brasileiras. “Nós temos um ótimo portfólio e grandes oportunidades para exportar os produtos brasileiros, mas também não deixamos de estar conectados com as exportações norte-americanas. Produtos importantes saíram do tarifaço, como o suco de laranja, produtos de celulose e cacau, e nós vamos continuar dialogando”.
O ministro da Agricultura foi questionado se, após a condenação de Bolsonaro, existe um temor quanto a uma nova onda de retaliações à economia brasileira por parte dos Estados Unidos, como foi anunciado pelo secretário de Estado americano Marco Rubio. Fávaro respondeu que é triste ver o governo de um país historicamente defensor da democracia e da soberania interferir em assuntos de outro país.
“Estamos preparados para enfrentar com altivez. O Brasil é soberano, é dos brasileiros, nós temos uma Constituição efetiva, que tem a independência entre os poderes. Não tem lógica nenhuma o Poder Executivo interferir em decisões do Supremo Tribunal Federal. Isso mostra a incoerência da posição norte-americana”, declarou Carlos Fávaro.
Para o ministro da Agricultura, muitas oportunidades comerciais ainda podem ser abertas a partir da criação do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, além da intensificação das relações com os Brics, o fortalecimento das relações com o Oriente Médio e o sudeste asiático.
Ele finalizou falando das ações do governo federal para que as empresas afetadas pelo tarifaço passem por este momento. O Plano Brasil Soberano traz várias medidas emergenciais para proteger exportadores, preservar empregos e estimular investimentos em setores estratégicos da economia, como:
- destinação de R$ 30 bilhões do Fundo Garantidor de Exportações (FGE) para linhas de crédito com taxas acessíveis;
- prorrogação da suspensão de tributos para empresas exportadoras;
- aumento do percentual de restituição de tributos por meio do Reintegra; e
- aquisição de gêneros alimentícios por órgãos públicos.
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