Setores público e privado anunciam ações para reforçar segurança no campo
Quadrilhas especializadas atuam no roubo e furto de mercadorias valiosas transportadas pelo agronegócio, assim como maquinário e defensivos
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Siga noEntidades dos setores público e privado apresentaram nesta quinta-feira (13/3) um conjunto de ações para fortalecer a segurança no campo. As medidas foram detalhadas pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), que representa os produtores rurais, a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Minas Gerais (Seapa) e as Polícias Militar (PMMG) e Civil (PCMG).
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O setor agropecuário lida e movimenta valores altos - a exemplo do transporte de mercadorias com preços elevados, como o café e o cacau, cuja tonelada está cotada a US$ 12 mil (cerca de R$ 70 mil) - e atualmente é feito sob vigilância, uso de maquinário sofisticado e defensivos agrícolas, cujo mililitro chega a custar R$ 2 mil - e a criminalidade sabe disso.
De acordo com Antônio de Salvo, presidente do Sistema Faemg Senar, durante as ações de furto em propriedades rurais, suspeitos sabem muito bem diferenciar os defensivos de maior valor de mercado, deixando para trás os mais baratos. Ele contou que, em Goiás, um produtor de soja viajou no fim de semana, e, quando voltou, a safra já tinha sido colhida.
Na época, o produto estava valorizado, custando R$ 187, a saca. Ele tinha 80 hectares de soja, e os suspeitoschegaram com uma colheitadeira e carregaram toda a produção.
"As propriedades rurais hoje são unidades fabris que investem em tecnologia e inovação. Isso tudo, com muito custo e investimento. Então, elas têm necessidade de segurança para que continuem produzindo e gerando riqueza", destacou João Ricardo Albanez, secretário adjunto da Seapa.
Antônio de Salvo afirmou que “o campo mineiro é bem olhado, que o governo estadual tem essa sensibilidade”, mas o setor agropecuário quer ajudar a aprimorar a segurança, com investimento e informação técnica, sobretudo na prevenção. Ele destacou que 90% dos produtores mineiros são de pequeno porte.
Ações da polícia para promover a segurança no campo
A delegada Letícia Baptista Gamboge Reis, chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, detalhou o Projeto Campo Seguro, lançado pelo governador Romeu Zema há cerca de um mês. Dentro dessa estratégia, o número de delegacias especializadas na repressão a crimes rurais será ampliado. Hoje, há 11 unidades localizadas em Uberlândia, Patrocínio, Araxá, Passos, Alfenas, Poços de Caldas, Guaxupé, São Sebastião do Paraíso, Frutal e Uberaba, além da Delegacia Especializada na Investigação e Repressão a Crimes Rurais e Roubo de Cargas (Deicra) em Belo Horizonte.
Agora, a Polícia Civil estuda a criação de novas unidades em Campo Belo, Pouso Alegre, Varginha e Três Pontas.
Dentre os trabalhos que vêm sendo desempenhados estão uma maior integração dessas delegacias, o fortalecimento da rede de inteligência com a inclusão de crimes rurais nas rotinas de acompanhamento sistemáticos, a elaboração de protocolos de atuação e a promoção de uma maior proximidade entre as unidades policiais e os produtores rurais. De acordo com a chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, 100% do efetivo vão receber treinamento para atuar melhor nas demandas do setor.
O coronel Maurício José de Oliveira, chefe do Estado Maior da Polícia Militar de Minas Gerais, também falou das ações da instituição para reforçar a segurança no campo, destacando o aspecto preventivo da atuação. Ele conta que 283 municípios mineiros são diretamente atendidos pelo serviço especializado da Patrulha Rural.
Em 2024, os roubos nas áreas rurais caíram 3,5%, enquanto os furtos foram reduzidos em 14,7%, quando comparados aos do ano anterior. Ele adiantou que, em breve, a Polícia Militar vai executar uma megaoperação para desarticular quadrilhas especializadas em crimes na área rural.
Dentre as tecnologias usadas para ampliar a segurança no campo estão um aplicativo capaz de fazer o georreferenciamento das comunidades rurais (com funcionamento offline, já que as áreas rurais têm baixa cobertura da rede móvel), cadastro de propriedades rurais e registro e acompanhamento de visitas. O uso de drones - com capacidade de fazer reconhecimento facial e de placas de carro - permite o monitoramento preventivo, apoio em operações de busca e apreensão e combate a crimes ambientais.
Um projeto piloto da Faemg prevê a instalação de câmeras de monitoramento em áreas rurais, tendo os sindicatos rurais como bases de inteligência integradas às forças de segurança. A cartilha de Segurança Rural do Sistema Faemg Senar está sendo aprimorada para fortalecer medidas preventivas e estimular ações conjuntas com as forças de segurança. Também foi proposta a criação de um canal de comunicação exclusivo entre o setor agropecuário e a polícia, para permitir uma resposta mais rápida.
Invasões de terra
O deputado estadual Raul Belém (Cidadania), presidente da Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), disse que o governo federal vem dando apoio de forma velada a grupos que realizam invasão de terras, se referindo à recente visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a um assentamento do Movimento Sem Terra (MST) no município de Campo do Meio, na Região Sul de Minas Gerais, na última sexta-feira (7/3).
Belém afirmou que o produtor rural não pode contar com o governo federal, já que o presidente “instiga a fúria” de quem promove invasões de terra. No entanto, o deputado elogiou a atuação do estado, que já coibiu várias tentativas de invasão. O deputado Antônio Carlos Arantes (PL) também considerou a ida de Lula ao assentamento do MST preocupante, temendo novas invasões em abril.
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