compartilhe
Siga no
Aos 54 anos, a desembargadora Alice de Souza Birchal carrega no currículo uma sólida carreira no Direito. Professora universitária há 26 anos na PUC Minas e integrante do Tribunal de Justiça desde 2015, ela concilia a rotina intensa da magistratura com o papel de mãe e o amor pela arte, sem abrir mão dos momentos de simplicidade que considera seu verdadeiro luxo.
Nascida e criada em Belo Horizonte, Alice é a caçula de sete irmãos, seis mulheres e um homem. Filha dos professores Hennio Birchal e Ydérnea, ambos formados em Letras, cresceu em um lar em que a educação, a literatura e as artes eram parte da rotina. “Meus pais foram professores e criaram sete filhos em uma época que mulher não costumava trabalhar. Todos são formados, cinco são os professores”, conta.
A infância no bairro Santo Antônio, Região Centro-Sul da capital, foi repleta de muita diversão, principalmente com as irmãs que dividiam um espaço animado no porão da casa. “Brincava muito na rua, quase todo dia eu ia nadar. Éramos seis mulheres num porão, arrumadinho e tudo só para a gente. Meus pais e meu irmão não desciam lá, então era uma farra.”
Sonho de ser atriz
Desde pequena, Alice é apaixonada por livros. Aos 6 anos, escreveu o livro infantil “A Fada e a Bruxa”, que, com apoio de sua mãe, foi publicado em 1977.
Seu sonho de criança era ser atriz. A mãe dela era professora de teatro universitário e, às vezes, a levava para ver os ensaios. “Sempre gostei muito de arte, especialmente de teatro e cinema e desde pequenininha eu ia assistir com ela aos teatros infantis.”
Apesar de sua paixão pela arte, a mãe não a incentivou a seguir carreira de atriz, e foi quase por pirraça que Alice prestou vestibular. “Na época tivemos um embate sobre isso e eu fiz um pouquinho de pirraça e acabei não querendo fazer o vestibular com muita seriedade. Mas fiz por causa dela e passei em Direito na UFMG”, conta a desembargadora.
E veio a paixão pelo Direito
Até a metade da graduação, Alice encarava o curso apenas para agradar à mãe. A virada veio quando um de seus professores a incentivou a levar a faculdade a sério. A partir daí, ficou encantada pelo Direito de Família e Sucessões, área em que se encontrou de fato.
Se graduou em 1994 pela UFMG, mas sua carreira acadêmica não parou por aí. Em 1999, concluiu o mestrado e, em 2005, o doutorado, ambos em processo civil pela PUC Minas. Alice construiu carreira sólida como advogada e professora universitária há 26 anos na PUC Minas, atividade que considera uma de suas grandes paixões. Há quase dois anos assumiu a Superintendência da Coordenadoria da Infância e da Juventude do TJMG.
Com os filhos
Sua filha mais velha, Lívia, de 18 anos, seguiu seus passos, e estuda Direito. Ela também é mãe de Helena, de 15, e de Vinícius, de 9. Entre audiências e as aulas, Alice valoriza os momentos simples ao lado da família: “Luxo pra mim é conseguir fazer as refeições com meus filhos, almoçar ou jantar com os três juntos. Isso é o que mais me dá alegria no dia a dia.”
No tempo livre, a desembargadora se diverte entre a agitação e a calmaria. É praticante de ioga, valoriza o contato com a arte, principalmente teatro, cinema e shows, e aprecia encontros com amigos em bares e restaurantes ou até mesmo sozinha para recarregar as energias.
Nos fins de semana e feriados, um dos refúgios de Alice é sua segunda casa em Tiradentes, na Região Central do estado, um local que considera sua paz, mas sem abrir mão do movimento cultural que o local oferece: “Eu gosto de estar em lugares onde, se quiser, posso ter acesso ao agito, mas também posso ficar em paz”.