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A defesa dos direitos das crianças e adolescentes é sua maior motivação. Todos os dias, ele sai de casa pensando em como fazer para descortinar um ambiente de oportunidades para as novas gerações, parte delas tuteladas por município ou estado, em um projeto solidário de cidadania. "As instituições de abrigo acabam por arquivar estas crianças - quase esquecidas - por tempo indeterminado", observou. O CNJ pede empenho dos tribunais para a retirada dessas crianças de abrigos, acrescentou, com encaminhamento aos pais biológicos ou famílias extensas e, por fim, à adoção.
Com passagem pela Vara da Infância e Juventude, em Belo Horizonte, o desembargador Wagner Wilson Ferreira, atual integrante da 19a Câmara Cível do TJMG, é um abnegado da causa. Sem tocar um único instrumento musical, embora tenha em seu falecido pai um ídolo, o ex-combatente Wilson Ferreira, exímio bandolinista, ele é o coordenador do Programa de Formação Inicial da Orquestra Jovem e Coral Infanto-Juvenil do TJMG, sob a batuta da maestra Luciene Villani.
Wagner Wilson ingressou na magistratura em 1987, passando pelas comarcas de Passatempo, Prata e Passos. "Pensei ser um juiz de grandes causas, mas descobri ao longo da carreira, que o importante é distribuir justiça", explicou. Em Belo Horizonte, atuou em diversas unidades do Judiciário, exerceu a função de Superintendente da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (CEJA), responsável pela promoção e supervisão de políticas relacionadas à adoção de crianças e jovens. Além disso, foi superintendente da Coordenadoria da Infância e Juventude em Minas Gerais. No biênio 2016-2018, ocupou o cargo de 2o vice-presidente do TJMG.
No início da formação dos jovens músicos, em 2011, foram adquiridos 25 instrumentos pelo Instituto Ajudar. "A ideia é formar cidadãos e não músicos, mas esta é um magnífica porta de entrada", avaliou. O Morro do Papagaio, na zona sul da capital, constituiu seu coral, como fruto deste trabalho. Atualmente, são 415 crianças e jovens engajados neste projeto do Poder Judiciário, cuja sede própria situa-se na Praça da Liberdade, no prédio Rainha da Sucata.
Cerca de 2 mil crianças e adolescentes já folhearam partituras no programa. A Cantata de Natal resulta desse esforço de dar dignidade e educação aos jovens. "Salvar nem que fosse uma única criança sem família da criminalidade já seria uma vitória", justificou. Perenizar este programa, que prioriza os jovens carentes, é o seu maior sonho. Todos os presidentes do TJMG, desde a sua criação, sempre investiram no projeto, garantiu. São inúmeras e belas as histórias de superação dessa juventude, muitos deles com diploma na universidade, frisou.
O desembargador é membro da Comissão de Adoção Internacional: uma outra porta que se abre para as crianças e jovens que não conseguem uma família no Brasil. "São adotadas por estrangeiros dentro de critérios estabelecidos inclusive pela Convenção de Haia. Os casais são preparados para as criteriosas formalidades burocráticas, com autorização protocoladas pelos governos", informou.