RETROSPECTIVA

2025 se despede com bons motivos para sair para comer e beber em BH

De mês em mês, relembre oito lugares que abriram suas portas ao longo do ano e o que trazem de novo para a cena belo-horizontina

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Em 2025, Belo Horizonte reafirmou sua vocação para a boa mesa ao receber novos endereços que ampliaram, diversificaram e sofisticaram ainda mais a cena gastronômica local. Casas que nasceram de histórias pessoais, conceitos bem definidos e um olhar atento para experiência, identidade e afeto passaram a ocupar lugar de destaque no cotidiano dos belo-horizontinos.

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Nesta retrospectiva, revisitamos lugares que abriram suas portas ao longo do ano e ajudaram a desenhar novos caminhos para comer, beber e se encontrar na capital mineira.


JANEIRO


Azeite como protagonista


Foi em um jantar, dividindo uma porção de azeitonas, que nasceu a ideia da Casa Azeite. Naquele momento, surgiu uma pergunta simples, feita muitas vezes ao longo de viagens, jantares e conversas à mesa: o que faz alguém escolher um restaurante e querer voltar?

Casa Azeite: o azeite aparece em todo o cardápio, inclusive na mousse de chocolate amargo com crocante de mel
Casa Azeite: o azeite aparece em todo o cardápio, inclusive na mousse de chocolate amargo com crocante de mel Victor Schwaner/Divulgação


Para o casal Iolanda Silva e Philippe Borges, a resposta sempre passava por três pilares fundamentais. “Entendemos que era uma combinação de um ambiente agradável, um atendimento cordial e uma comida gostosa”, resume a chef.


O restaurante foi pensado desde o início como um negócio diferente. “A gente quis trazer um pouco do nosso conhecimento de marketing, de gestão e de pessoas para a gastronomia”, conta Iolanda. Sem a intenção de se encaixar em um rótulo culinário específico, o casal encontrou no azeite o elemento capaz de costurar toda a proposta da casa.


“A azeitona acaba sendo um ingrediente meio controverso, né? Porque não é todo mundo que gosta. Então, tivemos a ideia de trazer o azeite como elemento principal e que fosse uma assinatura do restaurante”, acrescenta. Presente em diversas culturas e cozinhas ao redor do mundo, ele se tornou protagonista nos pratos, nas finalizações, nos drinques e até nas sobremesas.


O cardápio da Casa Azeite, que ocupa um imóvel centenário projetado por Ângelo Murgel, na Região Leste de BH, começou a ser desenhado pelo chef Pedro Melo e ganhou novos contornos ao longo do ano sob condução do restante da equipe. Enxuto e versátil, ele privilegia pratos para compartilhar e contempla diferentes restrições alimentares, com opções veganas, vegetarianas, sem glúten e sem lactose.


“Nos preocupamos em ter entradas, principais e sobremesas que atendessem diferentes dietas. O nosso diferencial é esse cuidado em todas as etapas”, destaca Iolanda. Esse cuidado impacta diretamente a reação dos frequentadores. “É muito comum os clientes irem embora e me abraçarem, como se estivessem saindo da casa de um amigo”, observa a chef.


Entre as entradas mais pedidas, está a acelga na brasa, finalizada com creme de castanha de caju, queijo Grana dos Laura (do Sul de Minas), picles de cebola roxa e picles de semente de mostarda. As guiozas também se firmaram no cardápio: hoje na versão de porco, são servidas com molho teriyaki de tucupi. Já de prato principal, o arroz de pato se consolidou como carro-chefe pelo tempero intenso, leve picância e textura “molhadinha”.


O bar acompanha a mesma lógica criativa. Assinada pela própria Iolanda, a carta reúne cinco drinques autorais e cinco clássicos, executados à risca. Entre as propostas, chama atenção o “Nós cinco”, uma espécie de menu degustação com versões menores das criações da casa, pensado para quem gosta de experimentar antes de escolher o favorito.

  • Casa Azeite
  • Rua José Pedro Drumond, 56, Floresta
  • (31) 99248-5993
  • @casa.azeite


ABRIL


Homenagem espanhola


O Parallel nasceu como uma homenagem a um tempo vivido fora – e que nunca foi esquecido. À frente do restaurante estão os chefs Guilherme Furtado e Gabriella Guimarães, casal que morou na Espanha entre 2013 e 2019, período que marcou definitivamente a relação dos dois com a gastronomia. “Abrimos o restaurante para homenagear esse tempo que passamos lá”, conta Guilherme.

Parallel: na noite dedicada ao vermute, a croqueta inspirada na salada Caesar pode fazer parte da seleção de tapas
Parallel: na noite dedicada ao vermute, a croqueta inspirada na salada Caesar pode fazer parte da seleção de tapas Parallel/Divulgação


Inaugurado em abril, o Parallel aposta em uma cozinha espanhola contemporânea, mas sem se afastar das raízes. “A gente trabalha uma comida espanhola atual, com releituras, mas sempre muito focada no sabor tradicional”, explica o chef.


Localizado no Bairro Lourdes, Região Centro-Sul, o restaurante ocupa um endereço estratégico em frente ao Okinaki, primeiro negócio do casal, voltado para a cozinha asiática. Com capacidade para cerca de 90 pessoas, foi pensado para ser acolhedor e descomplicado. “Não nos propomos a ser um restaurante chique. A ideia é ser casual, divertido”, ele define.


O Parallel é um lugar tanto para quem quer sentar à mesa com calma quanto para quem prefere passar horas “beliscando” tapas, tomando sangria, vermute ou cerveja entre amigos.


Às quintas-feiras, o restaurante promove o “Vermuteo”, inspirado em um costume tradicional na Espanha. Por um valor promocional, o cliente recebe um vermute (bianco ou rosso) acompanhado de uma seleção de cinco tapas da casa, que muda toda semana e sempre inclui um sabor fora do cardápio. Um deles é o pão com tomate, anchova, aioli e raspas de limão siciliano.


Aos sábados, no almoço, a paella é preparada ao vivo. Do lado de fora do restaurante, uma grande paellera entra em ação, em um clima quase comunitário, com o prato servido em porções. Além dos tapas e dos arrozes, como o Arroz de Setas, típico de Valência, com cogumelos, legumes e amêndoas, o cardápio se destaca pelas carnes feitas na brasa, com “aquele gostinho de churrasco sensacional”.


MAIO


Japão em clima de boteco


Instalado em uma casa de esquina no mesmo quarteirão do Redentor, o famoso bar inspirado no Rio de Janeiro, o Marú nasceu de uma escuta atenta da própria vizinhança. Para que pudesse definir o conceito, eles espalharam placas pela Savassi perguntando do que as pessoas sentiam falta na região. A resposta veio quase unânime: faltava um bom japonês.

Marú: os micro cogumelos japoneses importados nametake são servidos dentro da casca do limão
Marú: os micro cogumelos japoneses importados nametake são servidos dentro da casca do limão Marú/Divulgação


Especialista em bares e na cultura do boteco, o Grupo Redentor decidiu trilhar um caminho pouco explorado em BH e criar um bar japonês. O resultado é um conceito que fica entre o restaurante tradicional e o izakaya, mas com a informalidade, o chope gelado e a vocação para o encontro, que já são marcas do grupo.

“A ideia é dar liberdade, porque conseguimos no cardápio tanto opções quentes quanto o sushi bar, com ingredientes frescos”, menciona a gerente de marketing, Paula Cavalcanti.


Da cozinha, saem combinados disputados e duplas que fogem do óbvio, como a de vieiras e a de nametake, cogumelos japoneses importados servidos no limão. Entre os pratos quentes, a pipoca de camarão se consolidou como um dos petiscos mais pedidos, ao lado do arroz de porco com ovo estrelado, milho na espiga e alga nori.


Para acompanhar, caem bem drinques como o Mizú, que combina saquê com yuzu, gim e limão, e o Kasato, feito de saquê com Aperol, licor de flor de sabugueiro e borda do tempero mexicano tajin.


O bar japonês deu início a um ano movimentado para o grupo, conhecido por explorar a diversidade em um só quarteirão. Nos meses seguintes, foi inaugurado o Moeminha, como uma extensão mais confortável e tranquila dentro do bar Moema, pensado para experiências mais longas à mesa.

“Aproveitamos para lançar o peixe amazônico com crosta de ervas e o camembert com uvas confitadas e castanha de caju caramelizada, que já são queridinhos da casa”, afirma Paula.


Posteriormente, em julho, o Bar da Fila foi concebido como um espaço de espera e convivência para o bar Redentor, com cardápio exclusivo de petiscos, bolinhos (destaque para os de feijoada e frango com quiabo), drinques e identidade própria, reforçando a proposta de boteco contemporâneo e o diálogo constante do grupo com a dinâmica da vizinhança.

  • Moeminha
  • Rua Sergipe, 1370, Savassi
  • (31) 3568-3555
  • @moema.bar
  • Bar da Fila
  • Rua Fernandes Tourinho, 500, Savassi
  • (31) 3568-8469
  • @redentorbar


JUNHO


Cozinha geraizeira


Nos corredores da faculdade de gastronomia, Maria Clara Alves e Hernane Souto se uniram para tirar do papel um projeto que, naquele momento, funcionava como delivery. A ideia amadureceu junto com a formação dos dois e, com o fim do curso, ganhou corpo – e endereço fixo – como restaurante. Nascia, assim, o Andu de Dois, espaço de valorização da cozinha geraizeira, tradição do Norte de Minas (região de origem de Maria Clara).

Andu de Dois: os pratos reúnem ingredientes do Norte do Minas, como feijão-andu, manteiga de garrafa e maxixe
Andu de Dois: os pratos reúnem ingredientes do Norte do Minas, como feijão-andu, manteiga de garrafa e maxixe Andu de Dois/Divulgação


“O restaurante busca servir comida que desperte memória afetiva, acolhimento e conexão com as raízes mineiras de seus clientes. Também cria um ambiente onde as pessoas se sintam acolhidas, valorizando simplicidade, autenticidade e emoção nos pratos”, resume a chef.

Não à toa, o restaurante se tornou ponto de encontro para muitos clientes vindos do Norte do estado, que encontram ali sabores capazes de transportá-los para casa.


Na cozinha, os ingredientes carregam a potência do território de onde vieram. Pequi, feijão-andu, carne de sol de Mirabela, manteiga de garrafa, óleo de pequi e farinha de mandioca são alguns considerados indispensáveis e que aparecem com frequência nos pratos.

Entre eles, o clássico arroz com pequi, parmegiana de carne de sol e o “Andu de Dois” (arroz e feijão andu na manteiga de garrafa, carne de sol frita, farofa de pequi e vinagrete de maxixe).


“Não tem como falar daquela terra sem trazer os ingredientes de lá, plantados e cuidados por aquele povo”, afirma Maria.


JUNHO


Centro pulsante


Se a gastronomia é uma forma de celebração, o Tom Cozinha é a festa particular da chef Ana Clara Valadares. Inaugurado na Galeria São Vicente, Centro de BH, o restaurante não é apenas um novo endereço, mas a convergência de uma trajetória que une as panelas de casa, no interior de Minas, aos rituais coletivos das festas de congado. “O Tom nasce quando entendo minha trajetória e desejo celebrá-la”, define a chef.

Tom Cozinha: pouco difundido em restaurantes contemporâneos, o pé de porco tem seu lugar garantido no cardápio
Tom Cozinha: pouco difundido em restaurantes contemporâneos, o pé de porco tem seu lugar garantido no cardápio Tom Cozinha/Divulgação


A escolha do lugar não foi por acaso. Vizinho de projetos como Palito, Bolacha e Puxado, o Tom se alimenta da pulsação e da memória de uma galeria antiga e parte do movimento de recuperação criativa do Centro da cidade. Isso se reflete diretamente no cardápio, onde a sofisticação e a simplicidade se complementam.


“Seja usando técnicas comumente aceitas como requintadas, como cozimento no sous vide e curas usando a base asiática, ou técnicas habitualmente usadas no dia a dia, como um tempero batido no pilão ou um pinga e frita”, menciona Ana Clara.


Entre as apostas que já conquistaram o público, estão pé de porco, corte pouco apreciado e difundido em restaurantes contemporâneos, servido com purê de feijão-branco, gremolata de coentro, pimenta-de-cheiro e torresmo de orelha de porco; bolinha de couve e taioba com molho de tomates tostados; e brócolis e quiabo grelhados no fogo com coalhada, gergelim, bottarga ralada e poejo.

  • Tom Cozinha
  • Avenida Amazonas, 1049, loja 70, Centro
  • @tomcozinha


JULHO


No controle do fogo


Tudo ali passa, em algum momento, pelo fogo. Seja pela brasa, pela lenha ou pela fumaça, o restaurante tem na parrilla o centro de sua identidade. Essa é a proposta, clara e sem rodeios, do Pastus, o “caçula” do chef português Cristóvão Laruça, também proprietário dos famosos Caravela (fechado temporariamente) e Capitão Leitão.

Pastus: as carnes bovinas são as grandes estrelas do menu e sempre passam, em algum momento, pelo fogo
Pastus: as carnes bovinas são as grandes estrelas do menu e sempre passam, em algum momento, pelo fogo Nathália Camargos/Divulgação


As carnes bovinas são as grandes estrelas do menu e o restaurante realiza seu próprio processo de dry aging (processo de envelhecimento em ambiente refrigerado e controlado). A câmara de maturação fica à vista dos clientes e os cortes são servidos a partir de 60 dias, resultando em sabor mais profundo, textura macia e identidade marcante.


Entre as opções, o prime rib (corte nobre de costela bovina) dry aged de 60 dias se firmou como especialidade da casa, enquanto a fraldinha aparece entre os pedidos mais frequentes.


O fogo não se limita à parrilla. O Pastus também conta com forno a lenha, onde o chef explora o sabor defumado característico. “A gente usa muita lenha no preparo da brasa e isso traz essa presença forte da fumaça, do defumado, que marca muito o prato”, explica.


Outro elemento central do Pastus, que tem se tornado tendência em BH, é a cozinha totalmente aberta. “Adotamos esse modelo pela primeira vez em 2018, no Capitão Leitão. Enquanto chef, sempre há uma grande preocupação de mostrar para o cliente como o alimento está sendo preparado. Não temos nada a esconder”, ressalta Laruça.


Amplo e arejado, o restaurante ainda se destaca pela vista privilegiada para a Serra do Espinhaço. O pôr do sol se impõe como parte do cenário, convidando para uma refeição sem pressa.

  • Pastus
  • Rodovia BR 356, 7515, lojas 104, 105 e 106, Belvedere
  • (31) 99628-0166
  • @pastus.bh


OUTUBRO


Feliz no simples


A capital dos bares também celebrou a chegada do Fuga, restaurante simples, mas cuidadosamente pensado, onde atravessar a porta já funciona como um pequeno ato de escape da rotina.

Fuga: entre as entradas frias, a burrata com abobrinha e chimichurri se destaca no balcão do bar
Fuga: entre as entradas frias, a burrata com abobrinha e chimichurri se destaca no balcão do bar Fuga/Divulgação

“Ele nasceu para juntar as nossas referências, da soma de vivências em bares de bairro, bodegones argentinos e restaurantes em geral, misturadas sempre com Belo Horizonte e seu jeito de receber”, lembra um dos sócios, Nico Bollini, parceiro de Pedro Melo, que comanda a cozinha.


Definido como um bar de esquina contemporâneo, acolhedor e vivo, o Fuga se guia por uma premissa clara: feliz no simples. O ambiente convida a sentar sem pressa, beber bem, comer com prazer e conversar. “Não é sobre espetáculo, é sobre constância. Balcão ativo, cozinha aberta, serviço próximo e uma atmosfera que convida a ficar mais um pouco”, confirma Nico.


No menu, você encontra opções de aperitivos, frios, entradas e pratos quentes. Algumas delas são o humus e a coalhada da casa acompanhados de azeite e pão; empanadas de milho com kimchi; mandioca na manteiga de garrafa com farofa de dendê e a batata frita com creme azedo, pernil e torresmo. Para os que preferem prato cheio, é uma boa pedida a costeleta de porco à milanesa.


O bar ainda oferece uma carta diversa de coquetéis, cervejas e vinhos, com destaque para o vermute.

  • Fuga
  • Rua Outono, 486, Cruzeiro
  • @fuga.bh


NOVEMBRO


Refúgio no quintal


O Amoreira 71 abriu suas portas para materializar o desejo de quatro amigos de criar um porto seguro para a boemia e a boa mesa. O projeto de restauração da casa antiga e charmosa conseguiu preservar a identidade do imóvel, ao mesmo tempo em que criou dois ambientes distintos: um salão interno intimista e um quintal que transporta o cliente para as antigas pracinhas de bairro.

Amoreira 71: a mandioca prensada que acompanha a costela de boi e a salada de agrião foge do óbvio
Amoreira 71: a mandioca prensada que acompanha a costela de boi e a salada de agrião foge do óbvio Amoreira 71/Divulgação


À frente da cozinha, o chef Rodrigo Rodrigues apresenta um cardápio autoral construído sobre as bases da memória e do compartilhamento. Segundo ele, o destaque do menu é a bochecha de porco com molho roti, couve cítrica e fritas.

“A bochecha é confitada à baixa temperatura na própria banha por seis horas, resultando em uma carne extremamente macia e suculenta. O molho roti é um clássico francês preparado com ossos e legumes durante dias, trazendo profundidade e brilho ao prato”, descreve.


Além disso, vale experimentar a costela de boi com mandioca prensada e salada de agrião. “A mandioca prensada surpreende. Crocante por fora e extremamente cremosa por dentro, é preparada de forma pouco convencional. A salada de agrião completa o prato com seu sabor marcante”, observa.

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Para beber, a casa aposta em vários drinques com sidra, bebida fermentada de maçã que está ganhando espaço na cidade.

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