HORA DO CAFÉ

BH: feira internacional de café se prepara para a maior de todas as edições

Semana Internacional do Café (SIC) amplia área e número de expositores para sua 13ª edição, que será realizada de quarta e sexta (5 a 7/11)

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Mais do que apenas a bebida matinal que desperta os sentidos e oferece uma bem-vinda dose de energia e antioxidantes, o café se consolidou como um verdadeiro fenômeno cultural e social. Com aroma especial e complexidade de sabores, que passeiam entre notas frutadas, cítricas e achocolatadas, conquistou paladares ao redor do globo, tornando-se pretexto universal para uma pausa e uma boa conversa.

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Principal arena do setor cafeeiro brasileiro e internacional, a Semana Internacional do Café (SIC) surfa nessa onda. O evento, que nasceu em 2013 e se consolidou como um marco no calendário do agronegócio, será realizado, entre quarta e sexta (5 a 7/11), no Expominas, em Belo Horizonte. Em sua 13ª edição, segue o lema “Café em Transformação – Inovação, Sustentabilidade e Oferta do Mercado Global”.


Neste ano, a SIC amplia sua área em 50% para ocupar 20 mil metros quadrados, a maior de todas as edições. Com o número inédito de 240 expositores (em 2024 foram 170), projeta uma movimentação financeira de cerca de R$ 150 milhões em negócios e a presença estimada de 25 mil participantes vindos de mais de 40 nações.

A organização estima a presença de 25 mil pessoas vindas de mais de 40 nações
A organização estima a presença de 25 mil pessoas vindas de mais de 40 nações Marcus Desimoni/Divulgação


A plataforma de fomento a negócios e promoção do setor organiza a programação em oito eixos principais: Simpósio e Fórum; A Exposição; Salas de Cupping; Coffee of the Year; Rodada de Negócios; Festival Café da Semana; Campeonatos e Prêmios; e Encontros e Workshops.


O CEO da Espresso&CO e organizador da SIC, Caio Alonso Fontes, ressalta a importância do evento como catalisador de resultados. “A Semana Internacional do Café se consolidou como a principal plataforma de negócios do setor no Brasil e uma das mais relevantes do mundo. O crescimento do evento reflete a força do café brasileiro e a necessidade de estarmos preparados para competir em um cenário global em constante transformação.”


Com atenção central em negócios entre empresas, a feira atrai um público que inclui desde grandes produtores a novos empreendedores, além de representantes de toda a cadeia: processamento, embalagem, agrônomos, mestres de torra, baristas e compradores internacionais, bem como pesquisadores do setor.

Foco em qualidade


Caio traça um panorama do mercado cafeeiro atual, um cenário ao mesmo tempo dinâmico e desafiador. Segundo ele, o movimento é de reestruturação da oferta, por influência de quebras de safra decorrentes de impactos climáticos recentes.


Ainda assim, a demanda global por café segue em expansão, com um foco crescente em sustentabilidade, qualidade e origem dos grãos. Ele reforça que o Brasil segue na dianteira, como maior produtor e exportador mundial do grão, responsável por cerca de 35% da produção global, e fortalece esse protagonismo com cafés diferenciados e sustentáveis. “Na SIC, o Brasil mostra ao mundo sua capacidade de gerar valor, inovar e atrair investimento”, declara.


No recorte de Minas Gerais, o estado também é referência global. “Se fosse um país, o estado seria o maior produtor do mundo. É o coração da cafeicultura brasileira e responde por mais de 50% da produção nacional”, diz Caio, reforçando o estado como um polo de excelência, inovação e pesquisa no setor – também lidera em temas como agricultura regenerativa, rastreabilidade e valorização regional.

'O crescimento do evento reflete a força do café brasileiro e a necessidade de estarmos preparados para competir em um cenário global em constante transformação' - Caio Alonso Fontes, organizador da SIC
'O crescimento do evento reflete a força do café brasileiro e a necessidade de estarmos preparados para competir em um cenário global em constante transformação' - Caio Alonso Fontes, organizador da SIC Agência Ophélia/Divulgação


As tendências no setor giram em torno de três pilares: sustentabilidade, tecnologia e experiência. “A sustentabilidade se manifesta nas novas práticas de campo para mitigar os efeitos climáticos e os riscos do comércio global. Já o lado do consumo aponta para novos métodos de preparo, bebidas inovadoras e novos jeitos de consumir o café.”


O organizador informa, ainda, que o segmento de cafés especiais avança em ritmo superior ao do café commodity. “Esse crescimento é impulsionado por novos formatos de consumo, inovações em bebidas, como o ready to drink, e pela contínua influência de cafeterias.”


Para Caio, além do prazer intrínseco de se reunir em torno de uma xícara, o café autêntico carrega história, cuidado no preparo e práticas ambientais positivas no campo. “O café é um produto que consegue conectar todos os atores dessa cadeia”, afirma, ressaltando que hoje é possível produzir um café com propósito, identidade e compromisso com o consumidor final.

Práticas sustentáveis


O tema central do evento dialoga diretamente com os grandes desafios contemporâneos, como a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) e as alterações no panorama geopolítico global que impactam a produção e o comércio do café. A feira é ponto de articulação para visibilizar práticas sustentáveis e avanços tecnológicos.


As Rodadas de Negócios exemplificam esse ponto temático, provendo um palco estruturado para que produtores brasileiros apresentem seus lotes a compradores globais. Já o Simpósio e Fórum se consolida como ambiente de debate estratégico, onde especialistas traçam as perspectivas futuras. As Salas de Cupping funcionam como showcases da qualidade e diversidade das safras nacionais, facilitando o networking e a concretização de negócios.


Área das cafeterias


Uma novidade da SIC é o Festival Café da Semana, uma nova área de experiência dedicada à cultura de cafeterias. Com um tom mais leve, o espaço visa aproximar negócios, microtorrefações e o público entusiasta (coffee lovers), promovendo exposição e troca de saberes. Consumidores finais terão acesso especial a este espaço no último dia da feira, mediante ingresso específico.

Consumidores terão acesso ao espaço de experiências com cafeterias no último dia da feira (7/11)
Consumidores terão acesso ao espaço de experiências com cafeterias no último dia da feira (7/11) Gustavo Baxter/Divulgação


A programação ainda abrange A Exposição, com estandes e ativações, onde marcas, empresas e profissionais de todos os elos do setor cafeeiro se encontram para apresentar novidades em produtos, tecnologias e soluções, promover experiências e fortalecer conexões – são mais de 200 expositores.


Ocorrem ainda Encontros e Workshops, conjunto de palestras, reuniões técnicas, capacitações e debates, valorizando todos os estágios da indústria, e diversas competições, como o Campeonato Brasileiro de Blends de Café, Golden Cup Brasil, Campeonato Brasileiro de Barista, Concurso Florada Premiada, Concurso Espresso Design e Torrefação do Ano Brasil.

Os melhores do ano


Ainda no âmbito do eixo Campeonatos e Prêmios, o tradicional Coffee Of The Year (COY) celebra os melhores grãos do país. As 180 amostras classificadas para o concurso estarão disponíveis nas Salas de Cupping durante o período da feira.


Os 10 mais bem pontuados de arábica e os cinco de canéfora estarão também nas tradicionais garrafas de café filtrado para voto popular – que definirá a ordem final e os campeões. A cerimônia de premiação ocorrerá no último dia, sexta-feira, às 15h, no Grande Auditório Robério Silva.


Em 2024, os dois primeiros colocados, ambos do Espírito Santo, foram o café do Sítio Campo Azul, do Caparaó, em Divino de São Lourenço, produzido por Paulo Roberto Alves, campeão da categoria arábica, e o café do Sítio do Pedrão, em Jerônimo Monteiro, produzido por Antônio Cezar Demartini Landi, o melhor entre os canéforas.

De Divino de São Lourenço (ES), Paulo Roberto Alves levou o troféu de melhor café de 2024 na categoria arábica
De Divino de São Lourenço (ES), Paulo Roberto Alves levou o troféu de melhor café de 2024 na categoria arábica Gustavo Baxter/Divulgação


“Nessa edição, tivemos a satisfação de receber cafés de novas regiões produtoras, incluindo Ceará, Pernambuco, Santa Catarina e Acre. Muitos estados já participavam do concurso e agora ampliou. Praticamente todas as regiões produtoras de café no Brasil enviaram amostras”, explica o professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IF Sul de Minas) e coordenador do concurso, Leandro Paiva.


Ele acrescenta: “Quanto à qualidade, tivemos uma potência de sabor. Cafés bem consistentes quanto a corpo cremoso e sedoso e finalização doce e longa. O público poderá encontrar a diversidade do café brasileiro.”


Quando o assunto é café, conta Leandro, as tendências apontam para as novas fermentações, receitas com leveduras originadas de lavouras de regiões em específico, que passam por um processo fermentativo feito por cada produtor, às vezes até de forma artesanal, com frutos que trazem nuances em particular. “O público tem buscado por isso.”

Nuances diferentes


Muito distinto dos cafés encontrados nas gôndolas do supermercado, os cafés especiais estão atraindo o interesse das pessoas como um novo nicho no mercado. São cafés, explica Leandro, de intensidade e nuances diferentes, muitas vezes disponíveis apenas em cafeterias especializadas, que estão na mira dos coffee hunters, mestres de torra e baristas. “Para o produtor, trabalhar esses cafés e entregar para o consumidor uma qualidade altíssima é o diferencial.”


Para o professor, o que faz um café de verdade é a doçura equilibrada com a acidez, em uma intensidade bastante alta. É o corpo cremoso que o café sempre deve apresentar. São as nuances entre sabores e aromas, com complexidade, porém bastante definição. É quando se pode perceber as notas frutadas, florais, herbáceas, caramelo, chocolate ou outras exóticas, essas principalmente nos cafés especiais. “Um bom café é aquele que traz as melhores lembranças, que deixa aquela satisfação intensa, o prazer em tomar.”


Dedicação reconhecida


Em 2021, um novo capítulo se iniciou na Fazenda Santo Antônio, localizada em Botelhos, no Sul de Minas Gerais, quando Daniela Abreu da Silveira assumiu a administração do patrimônio familiar. O cenário inicial era desafiador: os cafezais precisavam ser modernizados e os processos de pós-colheita exigiam intervenções urgentes.

O café da fazenda de Daniela Abreu da Silveira é exportado para o Japão
O café da fazenda de Daniela Abreu da Silveira é exportado para o Japão Fazenda Santo Antônio/Divulgação


Daniela, então, mergulhou em capacitação e buscou assistência técnica para melhorar os processos produtivos na propriedade. Hoje, os cafezais são vigorosos, com florações de grande potencial produtivo.


A dedicação da produtora foi reconhecida. Ainda em 2021, a Fazenda Santo Antônio já celebrava o primeiro lugar no Concurso de Qualidade dos Cafés de Botelhos, uma vitória que se expandiu no ano seguinte, com o domínio em diversas outras competições.


Logo depois, a exportadora de cafés especiais Bourbon, sediada em Poços de Caldas, selecionou um blend da fazenda para se tornar o primeiro café com o selo da Região Vulcânica a ser embarcado para o Japão. “O selo Origem Vulcânica abriu um mercado bom para nós. Em qualquer lugar do Japão onde esse café for vendido, eles vão saber a origem e a história da propriedade”, destaca Daniela.


Com o tempo, a fazenda ganhou reputação. Tudo o que caracteriza um trabalho que fortalece a posição da cidade como um hub de cafés excepcionais. Com a busca pela excelência como lema e sempre ávida por aprender, Daniela prossegue seus estudos, atualmente aprimorando suas habilidades em classificação e degustação de café.


Em 2023, ela lançou marca própria, a Daniela Abreu Cafés Especiais, posicionando a fazenda como um farol na produção cafeeira de alta qualidade. Daniela está no time de expositores da SIC. “Hoje a gente tem lavouras recuperadas, bonitas, com fortes floradas. Devemos sempre buscar conhecimento, abraçando todas as oportunidades que se apresentam.”


Há milhões de anos...


É uma área de produção de café especial entre o Sul de Minas Gerais e Nordeste de São Paulo, localizada em um platô que foi a caldeira de um vulcão extinto há milhões de anos. Compreende 12 municípios e população de mais de 342 mil pessoas, reúne 12.172 produtores, quase 66 mil hectares destinados ao cultivo, 1,59 milhões de sacas de 60 quilos produzidas por ano, além de geração de 17.657 empregos diretos e 882.287 indiretos.

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Serviço


13ª Semana Internacional do Café (SIC)
Data: de quarta a sexta (5, 6 e 7 de novembro)
Horário: das 10h às 19h
Endereço: Avenida Amazonas, 6200, Gameleira (Expominas)
Ingressos: o evento é gratuito para produtores rurais (com código do produtor) e profissionais do setor (mediante CNPJ). Visitantes em geral (futuros profissionais do mercado de café e grandes entusiastas) pagam R$ 150 pelos três dias. Já o consumidor final (apaixonados pelo café) tem acesso apenas no dia 7 por R$ 70
Mais informações no Instagram e no site

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