Por que o chef Leo Paixão mudou o conceito de seu restaurante?
Casa que nasceu com o foco em frutos do mar e peixes amazônicos modificou seu cardápio recentemente e passa a servir clássicos portugueses com toques do chef
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Siga noA opção de seguir novos caminhos pode ser desafiadora ou incerta. Para Leo Paixão, um dos chefs mais aclamados de Belo Horizonte e que está à frente de cinco bares e restaurantes na capital mineira, no entanto, ela foi quase natural.
Ele já tinha vontade de trabalhar com a culinária portuguesa há algum tempo, então essa mudança significa a realização de um desejo. “Desde que abri o Macaréu, eu já tinha a intenção de ter uma casa portuguesa”, destaca.
Como muitos brasileiros, a culinária lusitana sempre fez parte, em certa medida, da vida de Leo, e essa influência se intensificou com o trabalho como chef nas cozinhas e até na televisão, com seu papel no programa Mestre do Sabor, da Rede Globo.
“A minha relação com essa cozinha se intensificou com o meu contato com o Avillez (reconhecido chef português) durante o Mestre do Sabor (eles eram jurados juntos). Com essa relação, também fui visitá-lo em Portugal, então realmente desenvolvi um carinho especial com a cozinha portuguesa”, explica o chef.
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A nova proposta do Macaréu, no entanto, não abre mão do Brasil. O chef a chama de cozinha luso-brasileira. De fato, os pratos do menu cruzam o oceano Atlântico e misturam, por vezes em um mesmo preparo, ingredientes típicos de Portugal e do Brasil. O arroz de pato (R$ 119) criado por Léo, por exemplo, adiciona o tucupi ao preparo extremamente tradicional do país europeu.
Esse caldo amazônico extraído da mandioca, aliás, aparece em outros itens do cardápio. O arroz de lavagante (R$ 159), outro clássico português, leva tomate e tucupi, trazendo um toque brasileiro. O mesmo acontece com o filhote na brasa com beurre blanc (molho à base de manteiga e vinho branco) de tucupi, mandioca ao murro, maçã verde e salsão.
De Portugal
Leo quis trazer para o cardápio pratos portugueses pouco explorados no país. “Foquei em uma cozinha mais ancestral portuguesa, ligada a regiões que não são tão faladas aqui, como o Alentejo e Trás-os-Montes (regiões no Sudeste e Nordeste do país, respectivamente)”.
A posta Mirandesa Trás-os-Montes com arroz fumeiro (R$ 141) é exemplo disso. Esse preparo tradicional da região é feito com um corte de contrafilé e é acompanhado de um arroz preparado com embutidos, também tradicional da cozinha lusitana.
Uma sobremesa que talvez soe estranha ao paladar brasileiro e que é amada em Portugal é o pudim Abade de Priscos (R$ 47), com caramelo e crocante de laranja. Apesar do nome ser o mesmo de uma sobremesa tradicional nossa, essa receita tem, como um dos ingredientes principais, a banha de porco, que é pouco usada nessas dimensões na gastronomia do Brasil.
Encontramos clássicos portugueses lá?
A inovação não tira o espaço dos clássicos. No Macaréu, receitas tradicionais portuguesas recebem toques do chef Leo Paixão, que, apesar disso, não as descaracteriza. O polvo à lagareiro com batatas Hasselback (laminadas e assadas), emulsão de alho e salsinha, páprica e tomates (R$ 135) mescla a tradição com técnicas internacionais modernas, que tem relação direta com a cozinha do chef.
O bacalhau, peixe tão referência no quesito gastronomia portuguesa, também não poderia deixar de estar no cardápio. O chef o preparou em duas versões: com natas, gratinado na brasa e servido com batatas e cebolas (R$ 139) e em postas à lagareiro com cebola confitada, batata, pimentão, tomate e azeitonas (R$ 187).
A leitoa à moda da Bairrada, carne também muito apreciada no país ibérico, é um dos destaque no cardápio, segundo o chef. “Ela é marinada e cozida por um longo tempo, fica muito saborosa e leve e fácil de comer”. Os acompanhamentos são batatas assadas na manteiga, salada de laranja, salsão e cebola roxa, e o prato é vendido por R$ 127.
A culinária brasileira continua no Macaréu
Também é possível encontrar preparos brasileiros com pitadas internacionais no Macaréu. Um grande exemplo disso é a moqueca de abacaxi com camarões na brasa servida com arroz jasmim cozido na água de coco (R$ 113). “Esse prato ficou do cardápio antigo do restaurante”, explica Leo.
A banda de tambaqui na brasa com farofa de jambu, vinagrete de banana, brócolis na brasa e mandioca (R$ 219, para duas pessoas) também é um prato que dialoga muito com raízes e ingredientes brasileiros.
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Nas entradas também encontramos um item que mistura ingredientes típicos: o pastel de bobó de camarão com catupiry e vinagrete de tomate verde (R$ 63).
Serviço
Macaréu (@macareubh)
Rua Dicíola Horta, 77, Vila da Serra
(31) 3292-4237
De terça a quinta, das 19h às 23h
Sexta e sábado, das 18h às 23h30
Domingo, das 12h às 17h
*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice