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PAUSA PARA O CAFÉ

BH: cinco cafeterias para conhecer na Região da Pampulha

Café na xícara, pães no forno, sobremesas na vitrine: um roteiro para encontrar cardápios do café da manhã ao lanche da tarde

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Com a correria do dia a dia, encontrar tempo para simplesmente apreciar um bom café tem se tornado cada vez mais raro. Quando conseguimos fazer uma pausa, esses momentos se tornam ainda mais especiais.

Na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, o que não faltam são cafeterias que oferecem, não apenas grãos de qualidade, mas também cardápios recheados de receitas artesanais e ambientes aconchegantes, perfeitos para desacelerar e aproveitar cada gole.

Cozinha afetiva


Tudo começou em 2018, com R$ 3,75. Ana Flávia Silva, mãe do pequeno Arthur e esposa do Arleson Novais é a protagonista desta história. Sete anos atrás, Ana já fazia sucesso vendendo pequenas quantidades de coxinhas para os vizinhos. Um dia, ela recebeu uma encomenda e com o dinheiro que tinha em casa, apenas R$ 3,75 (o momento financeiro não era dos melhores), comprou o frango para preparar os quitutes.


Foi essa venda a responsável por ampliar o público de Ana. A cozinheira entrou em grupos de WhatsApp de escolas e conquistou um público muito fiel: as mães dos alunos. No meio do caminho, ela descobriu uma nova paixão: fazer croissants e folhados. Empadas e hambúrgueres eram alguns dos itens mais pedidos pelos estudantes. Mas os pais não pediam apenas para os pequenos, eles pediam também para si: as quiches eram os itens prediletos dos adultos.


Ana chegou a abrir uma loja de salgados congelados, mas o negócio não foi para frente. Não porque não era um empreendimento querido, pelo contrário. Mas ela percebeu que as pessoas não queriam apenas comprar os salgados e irem embora, eles queriam “tomar um cafezinho”. E, assim, a Quituteria Pampulha, localizada no Bairro São Luiz, nasceu.


A cozinheira ainda vende salgados congelados, com uma boa saída, já pré-assados e prontos para ir ao forno ou air fryer. Mas agora os clientes têm a opção de se deliciar por lá mesmo. No início, os lucros chegavam, no máximo, a R$ 300 por dia. Hoje, a cafeteria fatura cerca de R$ 30 mil. É ainda uma empresa pequena, mas, certamente, em fase de crescimento.

Qualidade preservada


A grande preocupação de Ana é que os produtos não percam a qualidade à medida que a empresa aumenta a escala de produção. Afinal, ela é mãe e sabe que os pais zelam pelos filhos e se preocupam em alimentá-los com o melhor: “Não adianta você entregar para uma criança um salgado cheio de conservante ou uma fritura toda cheia de gordura. Eu tenho filho, então o que quero de bom para ele quero para os filhos dos outros”, afirma.

As quiches estão no cardápio da Quituteria Pampulha desde o início
As quiches estão no cardápio da Quituteria Pampulha desde o início Quituteria Pampulha/Divulgação


O ambiente reflete todo esse carinho. E o cardápio atende todo tipo de público, desde de comidas mais tradicionais a gostos mais requintados: “Se você jogar no Google Quituteria Pampulha, vai ver uma casa de vó, é um cantinho de vó, onde o cliente tem um cafézinho coado, um espresso se ele gostar, um cappuccino, uma fatia de bolo, uma broinha de canjica, mas ele tem também um croissant com tomate confitado e queijo da canastra, quiche, folhados…”, comenta.


A coxinha, que deu início a tudo, ainda continua disponível para quem quiser provar: “A gente costuma falar que a nossa coxinha é a segunda melhor coxinha do mundo. Por quê? A primeira é da mãe da gente. Se a mãe da gente faz coxinha, não tem como concorrer, mas a minha é melhor para o meu filho”, brinca.


No cardápio, o cliente encontra tudo feito artesanalmente. Os folhados são vendidos em pacotes com 20 unidades e estão na faixa dos R$ 45. Os recheios são salmão, bacalhau cremoso e camarão com cream cheese. As quiches, também em 20 unidades, saem no mesmo preço, com as opções de camarão com cream cheese, bacalhau cremoso e damasco com queijo brie.


Para quem gosta de doce, um dos itens é a broa de canjica, que sai a R$ 5,50. Uma fatia do bolo do dia – fubá com goiabada, por exemplo – custa R$ 7.


Doces momentos


O casal Lara Tassis e João Bertolotti sempre foi amante do café. Tomar um bom café da manhã juntos é um programa e tanto para os dois. Formados em gastronomia, em novembro de 2020 (em plena pandemia), eles abriram a cafeteria Bolos de Julieta. Uma continuação de uma loja de encomendas de bolos que funcionava dentro da casa da Lara.

Triângulo Mineiro: torta da Bolos de Julieta tem queijo, doce de leite e café
Triângulo Mineiro: torta da Bolos de Julieta tem queijo, doce de leite e café Felipe Nilles/Divulgação


Localizado no Bairro São Luiz, o ponto é, sim, uma cafeteria, mas também é uma padaria. Lara conta que, para que o negócio tivesse a cara dos dois, eles também teriam que vender pizzas, especialidade do marido. A Farinharia é o local dos “salgados”, comandado por João. Tanto um lugar quanto o outro estão dentro da “Casa Verona”.


Lá, o cliente encontra, além de bolos festivos, fatias de bolo para consumir na hora, outras sobremesas, pães de fermentação natural, focaccia, ciabatta e sanduíches.


Aos fins de semana, um cardápio especial de café da manhã é servido das 9h ao meio-dia. Nesse período, são oferecidos: pães, dois acompanhamentos e uma sobremesa. As opções do dia ficam na comanda, entregue para cada cliente. O pedido sai na hora. Os itens na vitrine também ficam disponíveis. O cardápio da tarde, em todos os dias da semana, é à la carte.

Produção artesanal


O grande diferencial é que 80% dos itens da casa são de produção própria. “As receitas vêm dos nossos estudos, mas algumas vêm de família. Tem um bolo de banana na chapa com doce de leite e sorvete. Essa receita do bolo é da infância do meu marido. Os pães têm muita memória afetiva para nós também”, relata Lara.


A torta “Triângulo Mineiro”, por exemplo, é totalmente autoral. Tem base amanteigada, creme de queijo, pedacinhos de queijo minas, doce de leite e crocante de café.


Lara conta que o casal sempre leva novidades para a clientela. E dá um spoiler: “No dia 20 de março, a gente vai lançar um menu de outono, que vai ter alguns itens bem para a estação. Sempre procuramos inovar, mas também trazer referências do nosso paladar de infância ou das nossas viagens.”


O letreiro em neon, na entrada da cafeteria, onde está escrito “Viva os doces momentos”, simboliza muito bem o lema do empreendimento: “Levar doces momentos para os clientes. E a gente acha que a comida é uma ponte muito legal para isso, com um bom ambiente, claro”, diz a proprietária.

Aconchego de vó


Na Coisa de Vó, cada xícara de café carrega uma história. A cafeteria nasceu sem grandes planos, mas com um propósito claro: acolher. Foi a avó Selma quem plantou essa semente, inspirando os netos Thaís e Gustavo Andaki a transformar o que antes era apenas uma reunião ao redor da mesa em um negócio que hoje conquista clientes: “Sempre foi tradição tomar café juntos e a gente quis levar esse aconchego para além de casa”, conta Gustavo, sócio e proprietário da cafeteria.

A estrela do Coisa de Vó é o cappuccino com chantili e ganache de chocolate
A estrela do Coisa de Vó é o cappuccino com chantili e ganache de chocolate S2 Foto e Vídeo/Divulgação


O caminho começou com bolos simples – fubá, cenoura, laranja –, receitas com gostinho de infância. Mas o bolo pedia um café e logo veio um cardápio mais encorpado, com pães de fermentação natural, croissants amanteigados e pratos que mesclam o toque francês ao jeito mineiro de cozinhar. Hoje a Coisa de Vó conta com estrutura de padaria e de confeitaria, que alimentam o menu.


O “American Breakfast” (R$ 29), por exemplo, surge com um brioche macio recheado de ovos, bacon, tomatinhos e uma maionese de parmesão que deixa um sabor marcante. Mas o grande queridinho da casa é o cappuccino Coisa de Vó (R$ 19), com chantili e ganache de chocolate, que pode ser servido quente ou frio.


O espaço em si é um convite para desacelerar. Há um jardim, salão climatizado e até uma área de coworking, pensada para quem quer passar o dia trabalhando com uma xícara de café sempre fresco ao lado. A cafeteria é pet-friendly, o que significa que ninguém da família precisa ficar de fora.


A verdade é que o Coisa de Vó se tornou mais do que um lugar para tomar café: é um refúgio. Os clientes percebem esse carinho, sentem-se em casa. E talvez esse seja o segredo do sucesso. “A gente serve para os clientes o que serviria para a nossa própria família”, relata Gustavo.


Açúcar com afeto



Logo em formato redondo, com cor roxa bem forte e uma senhora de óculos desenhada em branco. Reconhecer a identidade visual da marca Frau Bondan (senhora Bondan, em alemão) não é uma tarefa difícil. Seja no prédio do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Mercado Central, no Cine Brasil ou na Pampulha, unidade que será destacada.


Na Frau Bondan, cada doce é um pedaço de memória envolvido em açúcar e tradição. A marca nasceu em 2001, inspirada na delicadeza das avós de Paula Bondan, uma mineira e outra suíça, que envolviam seus doces caseiros em embalagens pintadas à mão. Foi esse encontro de culturas que deu origem ao nome.

Com muito chocolate e castanha-do-pará, o brownie é o campeão de vendas na Frau Bondan
Com muito chocolate e castanha-do-pará, o brownie é o campeão de vendas na Frau Bondan Vinícius Glico/Divulgação


Na unidade da Pampulha, esse carinho se traduz em um ambiente acolhedor, onde a doçura está presente não só no cardápio, mas também nos pequenos detalhes. Nas prateleiras, cookies, chocolates artesanais e embalagens ilustradas que contam histórias. “Gostamos de dizer que vendemos ‘açúcar com afeto’. Nossos doces não são só sobremesas, são lembranças que se desfazem na boca”, conta a dona da empresa, Paula Bondan.


Quando questionada sobre o que motivou o “nascimento” da cafeteria, Paula fala do amor transmitido pelos alimentos feitos pelos avós: “O cheirinho dos biscoitos embalados que a minha avó do Sul trazia na época de Natal, Páscoa, aniversário e outras datas importantes, o cheirinho do bolo saindo do forno, que comíamos com as geleias caseiras... Por todo esse amor que sentíamos ao sentar na mesa e comer uma comida de verdade, feita com tanto carinho”, relembra.


Além das delícias servidas no dia a dia, a Frau Bondan Pampulha se tornou também um espaço para encontros e celebrações. Pequenos casamentos, lançamentos de livros, aniversários e reuniões encontram ali um cenário íntimo e charmoso, com um cardápio personalizado para cada ocasião. “Queremos que cada evento tenha o nosso toque de cuidado, como se estivéssemos recebendo amigos em casa”, diz.


O brownie, um dos campeões de vendas, é feito com muito chocolate e um toque de castanha-do-pará. Pode ser degustado sozinho, com sorvete cremoso ou doce de leite. Já a broa queijadinha é úmida, com coco e queijo minas. Para quem busca algo além do doce, o sanduíche de carne de panela no pão ciabatta com queijo minas é uma boa pedida.


As embalagens chamam atenção e são ótimos presentes. A barra de chocolate “Doces Palavras” (R$ 26) é envolvida por embalagens com os dizeres “saudades”, “abraço apertado”, “porção de carinho” e “te amo”. Já os grãos de café cobertos de chocolate são vendidos em saquinhos de pano (250 gramas a R$ 58,90 e 65 gramas a R$ 28,90).


Refúgio verde


Cercada por verde e pelo aroma de pão recém-saído do forno, a Passeli Boulangerie fica no coração da Pampulha. O que começou, em 2016, como uma padaria voltada para encomendas logo cresceu para um café ao ar livre, em 2020, quando Patrícia e Quintino Passeli decidiram abrir as portas do Jardim Passeli. “Era natural que acontecesse. Os clientes vinham buscar os pães e ficavam ali, entre as plantas, querendo desfrutar daquele ambiente”, conta Patrícia.

De pães a doces, a ideia é que a experiência na Passeli Boulangerie extrapole a xícara
De pães a doces, a ideia é que a experiência na Passeli Boulangerie extrapole a xícara Helô Carvalho/Divulgação


O espaço, com árvores, flores e até um pequeno viveiro de aves, tem uma proposta clara: ser um refúgio gastronômico. “Desde o começo, queríamos criar uma experiência. Mais do que servir um café, queríamos oferecer um momento de tranquilidade, onde a comida e o ambiente conversassem”, explica a proprietária. Assim, os croissants de receita original francesa e os pães de fermentação natural se tornaram os queridinhos.


Mas a Passeli não se limitou ao café da manhã. Com o tempo, o cardápio se expandiu para incluir almoços e jantares, mantendo sempre a essência artesanal. “Temos pratos que aquecem a alma, como a costela com purê de moranga ou o arroz caldoso de cogumelos com mignon e ovo confitado. É comida feita com cuidado, com afeto”, diz Patrícia.


No menu, o “Brunch Passeli” (R$ 65) se tornou um clássico, reunindo brioches, geleias da casa e croissants que conquistaram o paladar dos frequentadores. O executivo varia de R$ 50 a R$ 62 e os pratos à la carte custam de R$ 55 a R$ 93.


Outro diferencial é a loja anexa, onde os clientes podem levar para casa os sabores da Passeli. De pães a doces, passando por tartines e massas artesanais, a ideia é que a experiência continue além do café. “Queremos que as pessoas levem um pouco da Passeli para o dia a dia delas, seja um pão de fermentação natural ou um strudel de maçã, que é uma receita de família”, revela Patrícia.

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Aos poucos, a Passeli se tornou mais do que uma simples cafeteria. As pessoas se encontram lá, celebram momentos importantes e acima de tudo, se refugiam: “Nosso maior presente é ver as pessoas se apropriando do espaço, vivendo momentos aqui. Porque, no fim das contas, é isso que faz tudo valer a pena”, reflete a proprietária.


Serviço


Quituteria Pampulha (@quituteriapampulha)
Avenida Cel. José Dias Bicalho, 647 – São Luiz
(31) 98468-8334

Bolos de Julieta (@bolosdejulieta)
Rua Expedicionário Paulo de Oliveira, 10 – São Luiz
(31) 98121 9356

Coisa de Vó (@coisadevobh)
Rua Inácio Murta, 464 – Santa Amélia
(31) 98650-0903

Frau Bondan (@fraubondan)
Avenida Fleming, 510, Loja 03 – Ouro Preto
(31) 98947-5908

Passeli Boulangerie (@passeli_boulangerie)
Avenida Fleming, 417 – Ouro Preto
(31) 99136-0783

*Estagiária sob supervisão da subeditora Celina Aquino

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