Coral canta 'O Trem Azul' em missa de sétimo dia de Lô Borges; veja vídeo
Sob forte emoção, versos de canções do cantor preencheram a Paróquia Santa Teresa e Santa Teresinha, em BH, na noite deste sábado (8/11)
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Dezenas de pessoas presentes na missa de sétimo dia de Lô Borges, ícone da MPB que faleceu no último domingo (2/11), acompanharam os corais e cantaram a todo pulmão as músicas “O Trem Azul” e “Quem sabe isso quer dizer amor”, composições que transcenderam gerações na cena musical brasileira.
A celebração foi realizada na noite deste sábado (8/11) na Paróquia Santa Teresa e Santa Teresinha, na Praça Duque de Caxias, no Bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte. Assista:
Ao todo, três corais – Ensaio aberto, Coral do Hospital Felício Rocho e Madrigal Scala – realizaram as homenagens na igreja. A primeira música tocada pelos corais foi “O Trem Azul”. A princípio, apenas os familiares e amigos próximos de Lô cantaram o sucesso, mas, depois, todos os presentes seguiram com a música, conhecida pelo verso “Você pega o trem azul, o sol na cabeça”.
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Emocionados, a cantoria comoveu os presentes, envolvendo-os em lágrimas e vivas. Em seguida, o sobrinho do cantor Rodrigo Borges cantou “Quem sabe isso quer dizer amor” enquanto tocava violão. Em pouco tempo, toda a igreja engajou e participou da homenagem. Segundo Rodrigo, a beleza e o reconhecimento do trabalho do de Lô devem ficar marcados.
O maestro Lindomar Gomes, que conduziu o coral na missa, incentivou os presentes a acompanharem as músicas. De acordo com ele, foi um prazer participar da missa, uma vez que o músico esteve presente em vários momentos nos corais da igreja. O irmão de Lô, Telo Borges, também participou das homenagens.
Antes mesmo das homenagens, ao final da missa, os parentes e amigos do artista já estavam emocionados. O irmão de Lô, Yé Borges, relatou que os últimos dias foram difíceis para toda a família, mas que estão se apoiando na fé para superar o luto. Ele considera que a família está “lambendo as feridas”, e que a missa serviria para encerrar parte do luto.
Contribuição para a MPB
A partida de Lô Borges relembrou a atemporalidade de seu legado e do grupo Clube da Esquina, no qual foi um dos fundadores, que continuam a inspirar a nova cena musical de Belo Horizonte.
O músico lançou um disco por ano entre 2019 e 2025, mas se destacou como um dos nomes mais influentes da música brasileira há décadas. O Clube da Esquina, nascido nos encontros na capital mineira no fim dos anos 1960, segue moldando a identidade de várias gerações.
O Clube da Esquina foi um coletivo de amigos que revolucionou a MPB. Formado por Milton Nascimento, Lô e Márcio Borges, Toninho Horta e Beto Guedes, o resultado do movimento foi uma sonoridade única, com harmonias sofisticadas e letras poéticas reconhecidas mundialmente.
Lô foi coautor, junto a Milton Nascimento, do álbum "Clube da Esquina", lançado em 1972, um divisor de águas na música brasileira. Sua parceria com Milton começou cedo, com composições como "Para Lennon e McCartney" e "Clube da Esquina", presentes no disco Milton, de 1970.
Descrito como um "craque em harmonias e melodista habilidoso", o artista sempre esteve à frente do seu tempo. Sua música se destacou pela fusão de influências, misturando Beatles, baião, psicodelia, jazz, pop, rock progressivo e MPB.
Seu primeiro disco solo, o "Disco do Tênis", de 1972, que contém o sucesso "O Trem Azul", tornou-se um clássico cult e demonstrou sua capacidade inventiva. O álbum teve reconhecimento posterior, chegando a ser citado como influência por artistas internacionais, como Alex Turner da banda Arctic Monkeys.
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Lô se manteve como um compositor produtivo ao longo da vida, gravando dezenas de discos. Durante o confinamento da pandemia, por exemplo, chegou a compor cerca de 40 músicas. Segundo o irmão, Yé Borges, ele vinha compondo compulsivamente e deixou quatro álbuns de músicas inéditas prontos – dois deles já mixados.