TRADUÇÃO E IMAGINÁRIOS

20º Fórum das Letras da UFOP começa hoje em Ouro Preto e Mariana

Segunda etapa do evento tem como destaques a homenagem a Silvio Tendler e a presença do escritor Milton Hatoum, além de promover diversos debates

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A presença do aclamado escritor amazonense Milton Hatoum e a homenagem ao cineasta Sílvio Tendler (1950-2025) são os destaques da segunda etapa do 20º Fórum das Letras da UFOP, que tem início nesta segunda-feira (3/11) e segue até o próximo sábado (8/11), em Ouro Preto e Mariana. A primeira etapa desta edição, que é orientada pelo tema “Tradução e imaginários”, foi realizada entre os dias 17 e 21 de setembro.

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A programação que tem início hoje conta com mesas de debates, exibições de filmes e lançamentos de livros, com a presença de nomes como Ana Elisa Ribeiro, Vera Casa Nova, Pedro Cesarino e do cacique Danilo Borum-Kren. Na abertura oficial, logo mais, às 18h30, no anexo do Museu da Inconfidência, Hatoum conversa com a professora Guiomar de Grammont, idealizadora do Fórum das Letras, e lança seu novo livro, “Dança de enganos”.

A homenagem a Tendler acontece no último dia desta segunda etapa, na Casa de Cultura Negra de Ouro Preto, em frente à Igreja Santa Efigênia, com a exibição de seu documentário “Sujeito oculto na rota do Grande Sertão” (2013), que refaz a jornada de Guimarães Rosa pelo Norte de Minas Gerais, em 1952. Em seguida, haverá o lançamento do livro “Os trabalhos e os dias do KIM”, organizado pelo cineasta e por Anita Leocádia Prestes, com base em um relato da militante comunista Olga Benario Prestes.


RELEVÂNCIA DA OBRA

O lançamento será acompanhado de um bate-papo com a participação dos editores Christian Coelho e Luanna de Grammont de Cristo, com mediação de Emílio Maciel. Guiomar destaca que a homenagem a Tendler se justifica por sua morte recente, no último dia 5 de setembro, e pela relevância de sua obra. “Ele fez documentários incríveis, por exemplo sobre Milton Santos, e abordou diversos aspectos da história do Brasil, sempre de um ponto de vista crítico, buscando reflexão, com muita coragem”, diz.

Sobre o encontro de logo mais com Hatoum, ela destaca que vai girar em torno de seu novo livro, que encerra a trilogia “O lugar mais sombrio”, iniciada com “A noite da espera” (2017) e “Pontos de fuga” (2019), na qual aborda temas como a ditadura militar e dramas familiares. Guiomar adianta que também pretende focar em outro título do escritor, “Relato de um certo Oriente” (1989), que deu origem ao filme “Retrato de um certo Oriente” (2024), de Marcelo Gomes, que será exibido após a conversa.

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“Quero tratar a obra dele de forma geral, sua trajetória como escritor amazonense, neste momento em que estamos iniciando a COP30”, destaca. Amanhã, Hatoum segue para Mariana, para uma palestra no Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UFOP, sobre o tema “Literatura, história, violências”, proposto por ele próprio em conjunto com os professores da universidade. “Ele é um ativista pela Palestina, então vai abordar o que está acontecendo em Gaza”, diz a idealizadora do Fórum.


ENTENDIMENTO AMPLO

Ela observa que a montagem da programação, de modo geral, foi orientada pelo tema desta 20ª edição, mas pontua que ele é percebido de forma muito ampla. “Entendemos 'tradução' como toda forma de expressão, por isso o termo está colocado em perspectiva com 'imaginários'. As ideias podem ser traduzidas de forma textual, mas também musical, tátil, em imagens e até em cheiros, perfumes. Trata-se da literatura como emoção, sentimento, oralidade”, ressalta.

Guiomar diz que, nesse sentido, quilombolas e indígenas estão incluídos nesse conceito amplo de tradução. Ela destaca as mesas “Traduções dos mundos indígenas e narrativas literárias”, na sexta-feira, com a presença do cacique Danilo Borum-Kren, e “Traduzir a cidade invisível”, no sábado, com Renata Forato, Bruno Meyerfeld, Douglas Aparecido e mediação de Kedison Guimarães. “Vai acontecer na Casa de Cultura Negra. É uma reflexão crítica sobre a sociedade, movida pelo desejo de inclusão”, pontua.

Ela diz que a escolha dos nomes que integram esta segunda etapa do 20º Fórum das Letras foi norteada por diversos fatores – até econômicos. “Temos na programação muitos autores que moram em Ouro Preto, uma massa crítica que produz aqui e que foi naturalmente incorporada, mas também quisemos trazer outros nomes vinculados ao tema, que pudessem tratar de edição e tradução, poéticas da tradução, a tradução na linguagem cinematográfica, então é um arco de assuntos correlacionados”, diz.

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Guiomar de Grammont destaca que é uma vitória e um marco chegar a 20 anos de realização do Fórum das Letras, um evento organizado por uma universidade pública, feito pelos professores e que é, conforme diz, a culminância de uma série de reflexões desenvolvidas ao longo do ano com os alunos. “Já passamos por muitas dificuldades, por muitos altos e baixos, por momentos de esplendor e por momentos em que o Fórum quase foi extinto, com o bolsonarismo e a pandemia, mas resistimos, estamos fortes, nunca deixamos de fazer uma edição, porque nossa força reside nesse potencial dos professores, dos alunos, da universidade como uma comunidade de leitores”, diz. Outro marco que atravessa esta edição são os 10 anos do rompimento da barragem de Fundão, que atingiu o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, vitimou 19 pessoas e se tornou o desastre industrial de maior impacto ambiental da história do Brasil. O episódio ocorreu em meio à realização do Fórum das Letras de 2015, no dia 5 de novembro. Por esse motivo, na quarta-feira, a programação será inteiramente suspensa, como forma de se alinhar às manifestações que vão ocorrer em Mariana. “Vamos guardar silêncio em homenagem aos atingidos”, diz Guiomar.

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