Banda Moptop está de volta, depois de 15 anos, e reestreia hoje em BH
Apelidado de 'Strokes brasileiro', grupo faz show neste sábado (5/7), no Distrital do Cruzeiro, com novas canções de Gabriel Marques
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Siga noEm sua terceira passagem pelo país, o Franz Ferdinand fez um show supercelebrado na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. Naquela noite, 20 de março de 2010, o vocalista Alex Kapranos comemorou seus 38 anos. Essa história não é sobre a formação escocesa, mas sobre a banda carioca que abriu aquele show, o quarteto Moptop.
Foi a última vez que Gabriel Marques (voz e guitarra), Rodrigo Curi (guitarra), Daniel Campos (baixo) e Mario Mamede (bateria) estiveram juntos no palco. Logo depois, o grupo carioca, apelidado de “Strokes brasileiro”, anunciou seu fim. Quinze anos mais tarde, eles voltam com o disco “Long day”.
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O primeiro show será neste sábado (5/7), no Distrital. Depois de Belo Horizonte, até 18 de julho o Moptop fará mais cinco apresentações, em Recife, Rio de Janeiro, São Paulo (duas datas, a primeira já esgotada) e Curitiba. Depois, sabe-se lá o que virá. Cada qual mora em um canto e só Mamede continuou profissionalmente na música.
“A gente quer viver a parada, fazer os shows. Temos o desejo grande de continuar, principalmente a parte da gravação. Agora que estamos sentindo de novo o gosto de fazer música, é difícil largar”, afirma Gabriel Marques.
Para a estreia desta noite os quatro passaram as duas últimas semanas ensaiando. “A gente sempre foi muito amigo, não brigamos. Só que não canto há 15 anos, o Mario estava parado com a bateria desde a pandemia, deu insegurança. Mas foi uma surpresa, o Moptop sempre fez um show energético, as músicas antigas ‘colaram’ de primeira. As novas, como a gente não tinha tocado como banda, estão mais cruas, soando diferentes (do disco)”, conta.
O Moptop foi criado em 2003 sem muita pretensão. Surfando no indie rock dançante estourado mundo afora, a banda fez uma demo com músicas em inglês. O material chegou à Sony Music, que se interessou. Mas em inglês não dava, teria de ser em português. A história continuou com outra gravadora, a Universal Music, que lançou os dois álbuns de estúdio do grupo, “Moptop” (2006) e “Como se comportar” (2008).
Não deixa de ser irônico um dos principais hits do grupo levar o nome de “O rock acabou”. Os rapazes também participaram da coletânea “MTV ao vivo: 5 bandas de rock” (2007).
“Foi uma sensação, chegou até proposta para a gente ir pros Estados Unidos. Foram sete anos bem acelerados (chegaram a abrir para Oasis), e a gente tinha montado o Moptop como brincadeira. Ficamos exaustos da estrada e quisemos dar um tempo”, conta Gabriel a respeito do fim do grupo.
Há dois anos, no início da crise de meia-idade, ele resolveu comprar um violão. Não tocava havia muito. “As músicas foram surgindo de maneira parecida com a que comecei a compor com o Moptop”, ele conta. Gabriel pensou em gravar algo solo, mas acabou mostrando para Rodrigo Curi, que mora na Austrália.
“O Curi foi o catalisador, achou que a gente deveria investir.” O novo álbum, com 10 faixas, é todo em inglês. Foi gravado com cada um dos quatro integrantes em separado.
“Rodrigo e eu assumimos a produção e depois chamamos o Daniel Carvalho. Ele trabalhou com Marisa Monte, Nação Zumbi e Los Hermanos, fez a mixagem em Los Angeles. Masterizamos em Nova York. Foi muita gente trabalhando, e parte do orgulho desta volta é que a gente fez tudo do nosso jeito, no tempo que dava.”
Traumas e lembranças
Ouvir o novo Moptop é diferente, a começar pela língua. O rock descompromissado e solar deu lugar a canções densas e melódicas, com letras mais existenciais e elementos folk. Dois dos melhores momentos são “Fear”, que trata de traumas, e “Glow”, de lembranças de um tempo passado.
“A gente usou tecnologia à beça para chegar onde queria, mas quando fomos gravar, fizemos de uma forma simples. Queríamos som de banda, queríamos o erro, então deixamos muitos primeiros takes”, finaliza Gabriel.
Moptop
Show neste sábado (5/7), a partir das 21h30, no Distrital (Rua Opala, s/nº, Cruzeiro). Ingressos a partir de R$ 60, à venda na plataforma Shotgun.live. O álbum “Long day”, com 10 faixas, está disponível nas plataformas digitais.