‘O píer’, atração da Netflix, acompanha clã envolvido com pesca e drogas
Filho de ex-milionário da Carolina do Norte se envolve com o tráfico para manter o negócio da família, em meio a brigas, mentiras e vícios
compartilhe
Siga noA máxima de Leon Tolstoi – “fale sobre sua aldeia e você falará sobre o mundo” – é levada ao pé da letra em “O píer”, lançada há pouco na Netflix. O ponto de partida de Kevin Williamson, célebre pelas franquias de terror “Pânico” e “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado” e pela série teen “Dawson’s Creek”, é a história de sua própria família.
'Round 6' chega ao fim e pode virar franquia
Com oito episódios, a produção acompanha os Buckley, outrora poderosa família ligada ao negócio pesqueiro na fictícia Havenport, Carolina do Norte. Nos dias atuais, eles estão divididos, em meio a brigas, mentiras, vícios e a ameaça de colapso financeiro.
Leia Mais
Williamson viveu, de certa forma, esta história. Também de uma cidade pesqueira na Carolina do Norte, era filho de um pescador, profissão passada de geração para geração. Na década de 1980, a atividade entrou em crise. Seu pai acabou usando o próprio barco para o tráfico de drogas. Acabou preso, ainda que tenha passado pouco tempo na cadeia.
Na ficção, a dimensão dos crimes é muito maior. Harlan Buckley (Holt McCallany) vem da família mais rica de Havenport. Além de dominar a pesca na região, é dono do principal restaurante local. Só que o dinheiro já era, a família está devendo milhões. Pior: o patriarca é alcoólatra e sofreu dois infartos. Portanto, delegou os negócios para o filho Cane (Jake Weary).
Com o apoio da mãe, Belle (Maria Bello), e à revelia do pai, Cane decidiu transportar drogas. Ou era isso ou a bancarrota. A história começa com dois funcionários dos Buckley levando drogas em um barco. Na madrugada, eles são mortos por homens encapuzados. Para não ter de responder perguntas demais para a polícia, Cane consegue passar a propriedade do tal barco para um dos funcionários mortos – daí, finge que não tem nada a ver com isso.
Isso é só a ponta do iceberg, pois, como todo drama familiar, a história de “O píer” vai se abrindo em várias subtramas. O casal tem outra filha, Peyton (Danielle Campbell), superproblemática. Ela também sofre com álcool, provocou incêndio em casa. Hoje divorciada, só tem acesso ao filho adolescente com supervisão.
Peyton mantém romance com o agente da DEA Marcus Sanchez (Gerardo Celasco), que conheceu nos Narcóticos Anônimos. A história só melhora. O policial da agência americana antidrogas é um viciado em heroína em recuperação. E a jovem, para ajudá-lo na carreira e minar o poder do irmão nos negócios, começa a colaborar na investigação da própria família.
Tem outras histórias, como a da paixonite de adolescência de Cane, que volta à cena (ele é casado e tem uma filha pequena); um filho perdido do patriarca Harley surge adulto; e um affair de Belle, que já está cansada das infidelidades do marido.
O nível de violência é grande, e as soluções que os Buckley vão arranjando para tentar sair do buraco só os colocam mais lá dentro. Cheio de ambiguidades morais, “O píer” mostra que vale tudo para manter o legado de uma família.
“O PÍER”
A série, com oito episódios, está disponível na Netflix