Kanye West é banido da Austrália por apologia ao nazismo
Rapper, que anunciou show no Brasil, teve visto cancelado por conta da música ‘Heil Hitler’
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Siga noO rapper americano Kanye West teve seu visto australiano cassado por causa da música "Heil Hitler", amplamente criticada por promover o nazismo. A informação foi confirmada pelo ministro do Interior da Austrália, Tony Burke. Ele afirmou, nesta quarta-feira (2/7), que a canção, lançada em maio, resultou na reavaliação do visto do artista pelas autoridades migratórias.
Kanye viaja com frequência para o país, onde vive a família de sua esposa, Bianca Censori, natural de Melbourne. Segundo Burke, o artista já havia feito várias declarações ofensivas anteriormente, mas a nova música foi decisiva para a análise que levou à revogação do documento migratório.
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"Ele vem à Austrália há muito tempo. Ele tem família aqui. E ele fez muitos comentários ofensivos que meus funcionários analisaram novamente depois que ele lançou a música 'Heil Hitler', e ele não tem mais um visto válido na Austrália. Já temos problemas suficientes neste país sem precisar importar deliberadamente a intolerância", afirmou o ministro em entrevista à emissora ABC.
A música foi retirada de plataformas como Apple Music, Spotify e YouTube pouco tempo após o lançamento. Críticos apontaram que a obra não apenas faz referência ao líder nazista Adolf Hitler, mas também repete falas e símbolos que foram classificados como apologias ao antissemitismo.
A polêmica foi revelada pelo ministro Burke durante uma entrevista ao ser questionado sobre o cancelamento de vistos de outros indivíduos com discursos considerados discriminatórios. Burke explicou que a maioria dos vistos revogados envolvia pessoas que vinham ao país para discursos públicos. No caso de Kanye, embora a visita não fosse para fins de palestras, a revogação foi justificada pelos mesmos princípios.
"Acho que o que não é sustentável é importar ódio. Cada pedido de visto é reavaliado pelos meus funcionários a cada vez. Não estou desconsiderando a forma como a lei funciona, mas mesmo para o nível mais baixo de visto, quando meus funcionários analisaram, eles o cancelaram após o lançamento daquela música”, explicou.
O Departamento de Assuntos Internos informou que não comenta casos individuais, mas reforçou que todos os estrangeiros precisam atender aos critérios de "caráter" estabelecidos pela Lei de Migração.
A controvérsia se soma a uma série de declarações e atitudes recentes do rapper, que incluem elogios públicos a Hitler, publicação de imagens com suásticas e declarações consideradas antissemitas. Recentemente, ele também defendeu o artista Sean Combs – o P. Diddy – acusado de abuso sexual.
Apesar do histórico, Kanye West segue com planos de se apresentar no Brasil. Uma página de pré-venda de ingressos foi criada (yenobrasil.com.br), junto de um perfil no Instagram chamado Urban Movement (@urbanmovementbr). A expectativa é que o rapper seja a atração principal de um festival previsto para acontecer em São Paulo, em 29 de novembro.
Segundo entrevista à Folha de S. Paulo, o agenciador Jean Fabrício Ramos (conhecido como Fabulouz Fabz) disse que o evento deverá reunir entre 80 mil e 100 mil pessoas, com o rapper escalado para um dos dois dias.
Questionados sobre as polêmicas envolvendo Kanye, o produtor minimizou as declarações do artista. Fabz afirmou que o cantor "não é nazista" e definiu suas atitudes como "estratégias". "Ele está num caminho, se você olhar o Twitter, já começou a se retratar. Artista é assim... Ele é muito estratégico em várias situações de causar polêmicas, devido aos contratos que tem”, defendeu.
Ainda assim, Fabz garantiu que a organização do evento no Brasil não tolerará manifestações de cunho nazista. "Vamos tomar as medidas. Isso é inaceitável. Somos contra tudo isso”, esclareceu.
Até o momento, não há informações oficiais sobre a data de venda dos ingressos nem sobre os detalhes do festival.