AUDIOVISUAL

Filmes nacionais dos anos 1970/1990 voltam aos cinemas com novas cópias

'Iracema – Uma transa amazônica' estará em cartaz em 24 de julho e 'Carlota Joaquina' chega ao circuito comercial em 14 de agosto

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Em janeiro de 1995, Carla Camurati lançou “Carlota Joaquina – Princesa do Brazil”. A estratégia? Não deixar a sala de cinema vazia. “Eram poucas cópias, pois o filme tinha de ser bem fechado para que sobrevivesse. Virou assunto, aquele filme que as pessoas tentavam ver e estava sempre lotado”, conta ela. “Carlota” ficou 11 meses em cartaz, terminando sua carreira com 1,3 milhão de espectadores.

Marco inicial da chamada retomada do cinema brasileiro (reconquista do mercado interno e do reconhecimento internacional após o fim da Embrafilme no governo Collor), “Carlota Joaquina” foi lançado com apenas cinco cópias. Em seu auge, teve 35. É também em torno de 30 o número de salas em que o filme vai voltar aos cinemas. Ele reestreia em 14 de agosto em 10 capitais, com nova cópia.

Não está sozinho nessa. Produções nacionais de 10, 20 e até 50 anos atrás, restauradas recentemente, foram digitalizadas e estão de novo no circuito comercial.

Em 24 deste mês, a Gullane lança nos cinemas “Iracema – Uma transa amazônica” (1975), de Jorge Bodanzky e Orlando Senna. É a primeira incursão da produtora nessa seara, que com ela inaugura o selo Gullane Clássicos.

Outros longas que voltarão às salas após restauração e digitalização são “Um céu de estrelas” (1996), de Tata Amaral, cuja cópia acabou de ficar pronta, e “Castelo Rá-Tim-Bum” (1999), de Cao Hamburger, cuja recuperação terá início em 2026.

“'Iracema’ tem sido solicitado para exibição não só pelas gerações mais velhas. Desperta o interesse dos mais jovens por conta do debate sobre meio ambiente, em especial pela Amazônia”, afirma Debora Ivanov, que está à frente da distribuição Gullane+.

Cineasta singular

O filme “Iracema” tem trajetória singular. Bodanzky conheceu a Amazônia na década de 1960, como repórter fotográfico da extinta revista “Realidade”. Mais tarde, tornou-se câmera e virou correspondente do canal alemão ZDF, que coproduziu o longa.

Rodado como documentário, acompanhando a construção da BR-230, a célebre Transamazônica, o filme tem uma trama ficcional – as cenas realistas e ficcionais são misturadas.

Paulo César Pereio está no elenco ao lado de Edna de Cássia, a intérprete da personagem-título. Na época, ela tinha 15 anos e nunca havia assistido a um filme. “Iracema” causou impacto no exterior, mas foi censurado no Brasil. Liberado em 1980, só chegou às salas de cinema em 1981.

“É um retrato do Brasil como nunca existiu. Tanto que é um filme muito pedido, no só aqui quanto fora”, continua Débora.

Ator Paulo Cesar Pereio está deitado na rede e atriz Edna de Cássia lê jornal ao lado dele em cena do filme Iracema, uma transa amazônica
Paulo César Pereio e Edna de Cássia em "Iracema – Uma transa amazônica", que estreou em 1975 e volta em 24 de julho ao circuito comercial Gullane/divulgação

Até o momento, o longa está previsto para estrear em nove estados – em Minas Gerais, em BH e em Poços de Caldas.

“A ideia é fazer um circuito em salas comerciais para depois seguir em salas não comerciais. Paralelamente, vamos negociar com plataformas de streaming”, continua Debora. Haverá sessões comentadas. Edna de Cássia, por exemplo, vai a São Paulo.

A restauração de “Iracema” foi realizada na Alemanha, onde estava a matriz. A de “Um céu de estrelas” foi parceria com a Cinemateca Brasileira, que tem o depósito legal da matriz.

“É muito trabalhoso restaurar uma obra. Tem o som, a imagem, a busca pela melhor matriz, tratamento de cor. Mas temos nossa lista de interesses para o futuro”, conta Debora.

Parte da obra de Bodanzky e Tata Amaral será recuperada pela Gullane. Dele, há também os filmes “Gitirana” (1975), “Jari” (1980) e “O terceiro milênio” (1982). Dela, em médio prazo, serão restaurados e digitalizados “Através da janela” (2000) e “Antônia” (2006).

Com Marieta Severo no papel-título, “Carlota Joaquina” acompanha, de maneira farsesca, a chegada da corte portuguesa no Brasil. Foi não só o primeiro filme de Carla Camurati, como também da produtora Bianca De Felippes, da atriz Ludmila Dayer (Carlota na infância) e do cineasta Breno Silveira, aqui estreando na direção de fotografia.

Restauração

Uma das patrocinadoras do filme, a Petrobras também bancou sua restauração. “O que a gente tinha era matriz em beta e os negativos. Ele chegou a ser digitalizado, foi vendido dessa maneira, mas com o tempo foi ficando cada vez pior”, conta Carla, que assistiu ao primeiro teste da nova cópia há duas semanas.

“Está um escândalo, e a fotografia do Breno está primorosa, pois ele fez tudo em cima de Velázquez”, continua Carla Camurati. Ainda que seja outro momento, ela acredita que o filme pode interessar, hoje, a qualquer tipo de público.

“Embora seja filme de época, você não está vendo um filme de época de 30 anos atrás. É um filme muito contemporâneo no lugar e na linguagem”, conclui a diretora.

VÊM AÍ

. “Iracema – Uma transa amazônica”

Estreia em 24 de julho

. “Carlota Joaquina – Princesa do Brazil”

Estreia em 14 de agosto

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