Duo Assad encerra o Festival de Maio, no Centro Cultural Unimed-BH Minas
Sérgio e Odair Assad podem fazer, nesta terça (17/6), seu último concerto na capital. Após o fim da temporada, em fevereiro, dupla vai parar para descansar
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Siga noDepois de receber o pianista russo Dmitry Shishkin, o coletivo de artistas negros Ubuntu Ensemble e jovens de 16 anos vencedores da 3ª faixa do Concurso Nacional de Piano Luiz Henrique Senise 2024, o Festival de Maio chega ao fim nesta terça-feira (17/6) com recital do Duo Assad, no Centro Cultural Unimed-BH Minas.
Formada pelos irmãos violonistas Sérgio e Odair Assad há seis décadas, a dupla brasileira se tornou fenômeno mundial – em 2013, “The Washington Post” cravou: “O melhor duo de violões existente, talvez em toda a história”.
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No início da carreira, os dois acompanhavam ninguém menos que Jacob do Bandolim. “O começo foi no interior de São Paulo, com o nosso pai, que era bandolinista. Depois de cerca de um ano, conhecemos uma pessoa que nos apresentou ao Jacob. Passamos a acompanhá-lo e, em pouco tempo, estávamos nos apresentando em tudo quanto é programa de rádio e TV – do Flávio Cavalcanti ao programa da Elizeth Cardoso”, lembra Sérgio Assad.
Celebração
O concerto desta terça-feira vai celebrar os 60 anos de carreira da dupla. No repertório, peças de Heitor Villa-Lobos, Astor Piazzolla e Egberto Gismonti, além de canções autorais de Sérgio nunca gravadas.
É típico do Duo Assad rearranjar para dois violões composições originalmente feitas para orquestra, quarteto de cordas ou piano. Foi assim com peças de Ravel, Scarlatti, Debussy, Ginastera, Gershwin e Bach, entre outros. Ao mesmo tempo, os irmãos dão nova roupagem para canções de Tom Jobim, Milton Nascimento e Chico Buarque.
Para quem começou no chorinho – acompanhando o patriarca dos Assad e Jacob do Bandolim –, não foi fácil encontrar a identidade musical que se afasta do estilo tido como a primeira música urbana brasileira. Mas, ao entenderem o potencial que tinham nas mãos de rearranjar peças eruditas, os irmãos decidiram mudar a rota.
Na virada das décadas de 1970/1980, Odair e Sérgio se mudaram para os Estados Unidos com o propósito de tentar a carreira internacional. “Tínhamos cerca de 30 anos. Nessa idade era – e ainda é hoje – muito difícil conseguir algum sucesso lá fora”, comenta Sérgio. Mas deu certo. “Talvez porque lá tivesse mais espaço para fazer esse tipo de música”, continua.
Inicialmente, os shows eram realizados nos EUA. Depois, na Europa, passando também pelo Brasil, agenda que o duo repete ao longo dos últimos 40 anos.
Durante esse período, a separação da dupla nunca foi cogitada. “Teve uma época em que achei que o Odair seguiria carreira solo, mas ele se manteve no duo. Nosso formato é camerístico, depende sempre de outro músico. Por isso, é muito mais fácil juntarmos outras pessoas do que nos separarmos”, brinca Sérgio.
Atualmente, a ideia é desacelerar o ritmo das apresentações. “Já estou com 72 anos. Quero parar um pouco de viajar para gravar nossas músicas autorais, coisa que nunca fizemos. Temos agenda até fevereiro. Depois disso, quero descansar”, afirma o violonista, acrescentando em tom de alerta: “Talvez este show seja a nossa última apresentação em Belo Horizonte”.
Pode até ser a despedida dos irmãos de BH. Mas a família continuará presente na cena cultural da capital mineira. Clarice Assad, filha de Sérgio, está compondo a trilha sonora do próximo espetáculo do Grupo Corpo.
Aos 47 anos, ela mantém a tradição do clã. A cantora, pianista, compositora e arranjadora mora há três décadas entre os EUA e a França, destacando-se na cena internacional da música clássica contemporânea.
FESTIVAL DE MAIO
Concerto do Duo Assad. Nesta terça-feira (17/6), às 20h30, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda na bilheteria e na plataforma Sympla. Informações: (31) 3516-1360.