ARTES VISUAIS

Casa Fiat abre hoje a exposição "Em cada canto"

Mostra reúne acervo particular de Vilma Eid, com acento na arte popular. Abertura nesta terça-feira (17/6) terá bate-papo com a colecionadora e as curadoras

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Um mergulho nas complexidades e nas convergências entre o popular, o moderno e o contemporâneo – é o que propõe a exposição “Em cada canto: Casa Fiat de Cultura e Instituto Tomie Ohtake visitam Coleção Vilma Eid”, que traz a Belo Horizonte o acervo da colecionadora paulistana, fundadora da Galeria Estação.

A abertura da mostra será nesta terça-feira (17/6), na Casa Fiat de Cultura, com bate-papo com Vilma Eid e as curadoras Ana Roman e Catalina Bergues.


“Em cada canto” reúne aproximadamente 300 obras, entre esculturas e pinturas, de 100 artistas de diferentes épocas e estilos. A coleção chega pela primeira vez a BH, após sair da residência de Vilma Eid, onde é preservada, e passar pelo Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.

Ana Roman diz que, em razão da diferença entre os espaços, o que o público verá na Casa Fiat corresponde a aproximadamente 80% do que foi exibido em São Paulo.


O título “Em cada canto” alude ao apartamento de Vilma Eid e à disposição das obras no espaço, segundo Ana. “Quando começamos a trabalhar nesse projeto e nessa pesquisa, que durou quase um ano, nos deparamos com esse ambiente doméstico com muitos cantos que falam sobre tensões e correlações improváveis entre os trabalhos”, diz.

Ela cita como exemplo uma parede que traz muitas obras de José Antônio da Silva (1909-1996), entendido como um artista popular, ao lado de abstrações geométricas de artistas contemporâneos.


Vilma Eid conta que as curadoras foram diversas vezes à sua residência e fizeram toda a seleção. “Depois é que me apresentaram o resultado, então dei alguns pitacos, no sentido de apontar o que eu considerava mais importante, não pelo valor que a obra possa ter, mas, por exemplo, por ser pouco conhecida. De qualquer forma, foram pouquíssimas orientações”, afirma. Ela destaca que, ao longo de quase quatro décadas, constituiu sua coleção sem a preocupação de criar algum tipo de narrativa.

Tapeçaria de  Madalena Santos Reinbolt (Sem título, 1969-1977)
Tapeçaria de Madalena Santos Reinbolt (Sem título, 1969-1977) : João Liberato / divulgação

Linguagem democrática

“O que guiou as aquisições foi o meu olho. Vou comprando aquilo que gosto, desde que caiba no meu bolso e na minha casa, e acabou virando uma coleção com uma linguagem muito democrática. Acho que foi por isso justamente que o Instituto Tomie Ohtake quis mostrar. Eles não queriam apenas uma coleção de arte popular, que finalmente virou assunto, saiu da gaveta; queriam essa produção em diálogo com a arte moderna e contemporânea”, afirma.


Dentro dessa diversidade, são várias as conexões possíveis. “Por incrível que pareça, você vê, sim, pontos de convergência. Acho até surpreendente. Fui montando a coleção na minha casa à medida que ia comprando as obras; não foi uma coisa de 'ah, agora preciso juntar isso com aquilo'. Eu adquiria a obra, quando chegava em casa, olhava e aquilo fazia sentido. Foi realmente uma coleção montada com o olho e o coração.”


Ana Roman observa que o ponto-chave de “Em cada canto” é o conjunto, a relação que as obras estabelecem entre si, mas pontua que há, sim, alguns destaques, como José Antônio da Silva, que está na origem da coleção de Vilma Eid.

“É um artista de quem temos uma quantidade significativa de trabalhos, vários deles pouco vistos. Outros destaques são Ranchinho e Artur Pereira. A marca é a relação entre populares, modernos e contemporâneos, mas tem artistas com mais trabalhos do que outros”, aponta.


A arquitetura da residência de Vilma Eid serviu de modelo para a montagem da exposição, que, conforme diz, se vale de frestas e elementos vazados. “Quando você entra na casa dela, tem uma parede entrecortada com uma grande janela por onde se vê um Geraldo de Barros ao fundo em contraste com um Agnaldo Manoel. Tem um Paulo Pasta em uma parede junto com Paulo Monteiro, José Resende e Erika Verzutti. São tempos e técnicas que coabitam com naturalidade. São justaposições improváveis”, diz.


Segundo a curadora, a prevalência de obras de alguns artistas na mostra reflete a coleção de Vilma Eid, que, em boa medida, é fruto de sua relação pessoal com esses artistas. Ela diz que a colecionadora sempre teve a preocupação de entender o contexto em que suas aquisições eram produzidas.

“Trabalhar com uma coleção particular passa por isso, a relação pessoal que se estabelece entre as partes. Vilma tinha uma proximidade grande com José Antônio da Silva, com Zé Bezerra, bem como com o pessoal do Jequitinhonha, Izabel Mendes da Cunha, Noemisa Batista dos Santos. Isso acaba determinando uma quantidade maior de obras dessas figuras. A exposição também fala disso”, observa.


“EM CADA CANTO: CASA FIAT E INSTITUTO TOMIE OHTAKE VISITAM COLEÇÃO VILMA EID”
Abertura da exposição nesta terça-feira (17/6), na Casa Fiat de Cultura (Praça da Liberdade, 10, Funcionários). Visitação de terça a sexta, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h (exceto segundas-feiras). Em cartaz até 17/8. Entrada franca. “Onde mora a arte”: bate-papo com a colecionadora Vilma Eid e as curadoras Ana Roman e Catalina Bergues, nesta terça-feira, às 19h, na Casa Fiat de Cultura. Inscrições gratuitas pelo Sympla.

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