Gilson de Barros está de volta a BH com trilogia dedicada a Guimarães Rosa
Desta sexta-feira a domingo (11/5), ator sobe ao palco do Teatro João Ceschiatti com peças inspiradas no romance 'Grande sertão: veredas'
compartilhe
Siga no
O ator Gilson de Barros traz a BH a trilogia inspirada na obra-prima de Guimarães Rosa, “Grande sertão: Veredas”, com sessões de hoje a domingo (9 a 11/5), no Teatro João Ceschiatti.
Com direção de Amir Haddad, as peças “Riobaldo” (hoje), “No meio do redemunho” (amanhã) e “O julgamento de Zé Bebelo” (domingo) são janelas abertas à linguagem poética do escritor mineiro.
O projeto, inicialmente, se limitava a “Riobaldo”. “Queria fazer o ‘Grande sertão: Veredas’, tanto que a primeira peça é quase um resumo do livro”, relembra Barros. Depois de circular em palcos do Brasil, Portugal e Colômbia, o projeto recebeu reconhecimento e a história mudou.
“Ganhei prêmios e, então, comecei a vislumbrar outras possibilidades de leitura do livro. A partir daí, a ideia da trilogia surgiu”, diz o ator.
“Hoje, estudo Rosa o tempo todo. Participo de rodas de leitura, leio tudo que cai na minha mão, sob todas as óticas: psicologia, direito, literatura. A gente lê para poder ir crescendo por dentro, o coração se abrindo e descobrindo a humanidade que tem neste livro”.
Leia Mais
Lidar com a linguagem de Guimarães Rosa foi um desafio para ele. “O pior é você mexer na obra-prima”, confessa Barros, observando que “não há um ponto ou vírgula à toa” nesta obra.
“A primeira dificuldade é você saber que está entrando em um lugar quase sagrado de nossa literatura. Você está mexendo onde pouca gente tem coragem de se meter”, ele comenta.
Gilson de Barros classifica como “tradução intersemiótica” a transposição da prosa roseana para o palco empreendida por ele.
“Guimarães Rosa é visto como autor de difícil leitura, mas não acredito nisso. Se você ler qualquer obra dele em voz alta, ou com amigos, um ouvindo o outro, você entende tudo, porque ele pegou a linguagem falada e botou na escrita”, afirma Gilson.
O palco da trilogia é minimalista, com poucos elementos visuais e sonoros. De acordo com o ator, o ideal é manter a narrativa e a interpretação como foco principal. “Teatro é relação entre palco e plateia. Cada sessão é única e efêmera”, observa.
Esta é a quarta temporada de Gilson de Barros em Belo Horizonte. O contato com Minas Gerais é fundamental para a trilogia, afirma.
“Tenho de vivenciar o estado, principalmente o sertão mineiro. Quem está trabalhando com Rosa tem de ir lá. É um outro planeta, e é Minas Gerais”, finaliza.
TRILOGIA “GRANDE SERTÃO: VEREDAS”
Teatro João Ceschiatti do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Nesta sexta (9/5), às 20h, “Riobaldo”. Sábado (10/5), às 20h, “No meio do redemunho”. Domingo (11/5), às 19h, “O julgamento de Zé Bebelo”. Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia), à venda na bilheteria e na plataforma Eventim. Classificação: 16 anos.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria