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CINEMA

Filme mostra que Helô Teixeira (ex-Buarque) se reinventa aos 80 anos

Pensadora, feminista, avó, agitadora cultural e imortal da Academia Brasileira de Letras é tema de documentário da mineira Roberta Canuto

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“A gente não sabe nada do que se passa no universo que não é o da classe média branca. Por isso, essa coisa do lugar de fala tem sua razão de ser. A gente não pode falar pelo outro, principalmente quando é de cor diferente, de classe diferente”. Como é bom ouvir alguém falar livremente (com propriedade, claro) nestes tempos de falas estudadas cheias de lugares comuns.


“O nascimento de H. Teixeira”, documentário que estreia nesta quinta (20/3), no canal Curta!, traz sua protagonista falando de si e do mundo: Heloisa Teixeira, por décadas chamada Buarque de Hollanda, escritora, pesquisadora, professora, feminista que depois dos 80 cortou laços com o passado patriarcal e renasceu, abraçando o sobrenome materno.

Primeiro longa dirigido pela jornalista mineira Roberta Canuto, “O nascimento de H. Teixeira” acompanha a trajetória e o pensamento de Helô no momento crucial de sua vida. “É muito simbólico ter esta mulher, aos 80 e poucos anos, se reinventado e se reencontrando com sua história feminina”, diz Roberta.


No filme, ela revive o período de militante contra a ditadura militar, de escritora que desafiou a censura, da atuação acadêmica e da entrada para o movimento feminista, ponto de inflexão para toda a sua trajetória.


Fala também da vida pessoal (o primeiro marido, Luiz Buarque de Hollanda, lhe deu os três filhos; o segundo, João Carlos Horta, morto há cinco anos, é sinônimo de amor e saudade); do nascimento dos filhos e netos, da chegada da velhice e da proximidade da morte.


O filme parte de dois longos depoimentos gravados com Helô, recuperando tanto sua trajetória pessoal quanto profissional por meio de imagens pessoais e de trechos de filmes e vídeos. Fazendo a costura de uma vida que se entrelaça com a cultura, a política e a sociedade brasileira, além da poesia marginal – os poetas Chico Alvim e Cacaso emergiram na década de 1970 muito graças ao trabalho organizado por Heloisa.


Ela própria selecionou os poemas que o filme apresenta. A atriz Marieta Severo faz a leitura da maioria deles. Somente o primeiro e o último, mais íntimos, são lidos pela própria Heloisa.


“Cinema é o encontro, muito o meu e o da Heloisa quanto da geração dela, da cultura marginal, de Rogério Sganzerla, Helena Ignez, Maria Gladys, Lúcia Murat, Letícia Pa-rente. Quis fazer homenagem também às mulheres”, continua Roberta.


O documentário chega até o momento em que Heloisa tomou posse na Academia Brasileira de Letras (ABL), em julho de 2023.

Tatuagem é feita em Heloisa Teixeira
Tatuagens cobrem o corpo de Heloisa Teixeira, escritora, pensadora e imortal da Academia Brasileira de Letras Curta!/Divulgação

“O filme é um quebra-cabeça poético da Heloisa, mulher com tantas mudanças de percurso. Para se reinventar, ela se contradiz. Acha que a Academia é uma cachaça, mas quer mudá-la. Eu quis manter o humor ácido, a fala aberta dela, e como ela se desconstrói o tempo todo. Também tinha pressa em fazer o filme, pois queria que a Helô o visse agora, neste momento de sua vida”, finaliza Roberta.

“O NASCIMENTO DE H. TEIXEIRA”


(Brasil, 2024, 82min., de Roberta Canuto) Documentário estreia na quinta-feira (20/3), às 22h30, no canal Curta!. Reprise sexta (21/3), às 2h20 e às 16h20; sábado (22/3), às 14h; domingo (23/3), às 21h15; e na segunda (24/3), às 10h20.

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