
Joanete: como lidar com a dor sem abandonar a corrida
Nos casos mais graves, a cirurgia é uma alternativa viável, com boas taxas de satisfação e possibilidade de retorno às pistas
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O joanete, conhecido na medicina como "hálux valgo", é uma das deformidades mais comuns do pé humano e também uma das que mais incomodam quem pratica atividade física, especialmente os corredores. Mais do que uma simples alteração estética, ele pode provocar dor, inflamação, dificuldades para escolher calçados adequados e até comprometer o desempenho esportivo.
No universo da corrida, onde o pé é a principal engrenagem, o joanete representa um desafio importante. Muitos atletas amadores e profissionais convivem com a deformidade em silêncio, adaptando treinos, modificando a pisada ou até desistindo de provas por conta do incômodo. Mas será que correr com joanete é sempre um problema? Quais são os limites e quais as opções de tratamento?
O que é o joanete?
O joanete é uma deformidade caracterizada pelo desvio lateral do hálux (dedão do pé) em direção aos outros dedos, associado a uma proeminência óssea dolorosa na base do primeiro metatarso. Essa alteração não surge de um dia para o outro: trata-se de uma condição progressiva, que pode ser influenciada por diversos fatores, entre eles:
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Genética: histórico familiar é um dos principais determinantes.
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Alterações biomecânicas: como pés planos, frouxidão ligamentar ou desequilíbrios musculares.
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Calçados inadequados: sapatos de bico fino e salto alto agravam a deformidade, embora não sejam a única causa.
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Atividade física intensa: esportes de impacto, como a corrida, podem acentuar sintomas já existentes.
É importante destacar que nem todo joanete dói. Muitas pessoas têm a deformidade sem apresentar desconforto. No entanto, em corredores, a sobrecarga repetitiva e o atrito constante tornam os sintomas muito mais evidentes.
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Como o joanete afeta a corrida
A corrida é um movimento cíclico, em que cada passada exige que o pé suporte até três vezes o peso corporal. O dedão do pé, em especial, desempenha papel fundamental no impulso final, garantindo potência e estabilidade. Quando existe o joanete, essa mecânica é alterada. O corredor pode sentir:
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Dor localizada na região medial do pé
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Alteração da pisada
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Maior risco de lesões associadas
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Diminuição do rendimento
Em provas longas, como meia maratona ou maratona, esses fatores se tornam ainda mais críticos.
Escolha do tênis: um cuidado essencial
Um dos maiores desafios do corredor com joanete é encontrar o tênis adequado. A regra geral é optar por modelos com caixa frontal larga, que permitem espaço suficiente para os dedos.
Alguns pontos importantes na escolha do calçado:
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Espaço para os dedos
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Materiais flexíveis
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Amortecimento adequado
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Drop do tênis mais baixo
Além do tênis, o uso de palmilhas personalizadas pode redistribuir a pressão plantar, diminuindo pontos de sobrecarga.
A boa notícia é que nem todo joanete precisa de cirurgia. Muitos corredores conseguem conviver bem com a condição adotando medidas preventivas e de alívio:
Fortalecimento do pé e tornozelo
Exercícios para os músculos intrínsecos do pé ajudam a estabilizar a articulação e reduzir a progressão da deformidade. Movimentos simples, como apanhar objetos com os dedos ou caminhar descalço em superfícies variadas, podem ser benéficos.
Alongamentos
Alongar a cadeia posterior (panturrilhas, isquiotibiais) e a fáscia plantar contribui para uma mecânica de corrida mais eficiente.
Controle do volume de treino
Ajustar quilometragem e intensidade em fases de dor mais intensa evita sobrecarga.
Gelo e medidas anti-inflamatórias
Após treinos longos, podem aliviar sintomas temporários.
Quando a cirurgia entra em cena
Em casos nos quais a dor se torna incapacitante, há progressão acentuada da deformidade ou falha do tratamento conservador, a cirurgia pode ser indicada.
Os avanços da cirurgia minimamente invasiva do joanete permitem atualmente incisões menores, menor agressão aos tecidos e recuperação mais rápida. Para corredores, isso representa a possibilidade de retorno ao esporte com menos tempo de afastamento.
No entanto, é fundamental alinhar expectativas:
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Retorno gradual: a corrida geralmente só é liberada após alguns meses, dependendo da técnica utilizada e da resposta individual à reabilitação.
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Reabilitação fisioterapêutica: essencial para restaurar a mobilidade, força e padrão de pisada.
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Resultados a longo prazo: embora a cirurgia corrija a deformidade e alivie a dor, fatores genéticos e biomecânicos podem influenciar na durabilidade dos resultados.
Convivendo com o joanete sem abrir mão da corrida
A mensagem central para o corredor é: ter joanete não significa abandonar o esporte. A chave está em conhecer os limites, adaptar o treinamento e investir em cuidados adequados.
Para muitos, pequenas mudanças — como escolher melhor o calçado, ajustar o volume de treino e fortalecer os pés — já são suficientes para manter o desempenho sem dor. Nos casos mais graves, a cirurgia é uma alternativa viável, com boas taxas de satisfação e possibilidade de retorno às pistas.
Mais do que nunca, a orientação individualizada do médico ortopedista e de uma equipe multidisciplinar (fisioterapeutas, preparadores físicos) é essencial para garantir que a paixão pela corrida siga firme, sem que o joanete se torne um obstáculo intransponível.
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