
Esporte como agente de transformação
Praticar esporte promove a liberação de endorfinas, reduz sintomas depressivos, alivia o estresse e, principalmente, aproxima as pessoas
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Poucas ferramentas sociais são tão poderosas quanto o esporte. Muito além de medalhas, recordes ou vitórias, o esporte representa inclusão, superação, saúde e, sobretudo, transformação. Ele tem o poder de mudar vidas de forma individual e coletiva, romper ciclos de vulnerabilidade e abrir portas que, para muitos, pareciam permanentemente fechadas.
O Brasil, país que respira futebol, atletismo, vôlei e tantas outras modalidades, carrega uma longa tradição de enxergar o esporte como canal de ascensão social. Mas hoje, mais do que isso, cresce o entendimento de que a prática esportiva é também um poderoso motor de promoção da saúde integral — física, mental e social — e de combate às grandes crises silenciosas da sociedade contemporânea, como a depressão e o suicídio.
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A prática esportiva sempre esteve associada a benefícios para o corpo: redução do risco de doenças cardiovasculares, controle do peso, melhora do condicionamento físico, fortalecimento dos músculos e dos ossos. Porém, nas últimas décadas, ficou impossível ignorar os profundos efeitos positivos do esporte sobre a saúde mental.
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Em tempos em que os índices de transtornos mentais crescem de maneira alarmante e o suicídio já figura entre as principais causas de morte entre jovens e adultos no Brasil, iniciativas que unem esporte e promoção da saúde mental ganham importância vital.
Ferramenta social
O poder de transformação do esporte vai muito além do indivíduo. Ele alcança famílias, bairros, cidades inteiras. Em regiões de vulnerabilidade social, programas esportivos de base têm demonstrado impacto concreto na redução da criminalidade, no afastamento de crianças e jovens de ambientes violentos e no desenvolvimento de competências socioemocionais.
Além disso, o esporte ensina valores fundamentais: disciplina, respeito, perseverança, resiliência. Em um país onde muitos enfrentam diariamente desafios como desemprego, falta de oportunidades e desigualdades, esses atributos fazem toda a diferença.
Prevenção ao suicídio
Falar de saúde mental é, ainda hoje, um tabu em grande parte da sociedade. Muitos evitam o tema, por medo ou desconhecimento, enquanto outros sequer sabem identificar os sinais de alerta que podem salvar vidas.
O suicídio, infelizmente, segue crescendo em números preocupantes, especialmente entre jovens e adultos até 35 anos. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, a cada 40 segundos, uma pessoa tira a própria vida no mundo. No Brasil, o suicídio é a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.
Por trás dessas estatísticas estão o sofrimento emocional, a falta de rede de apoio, a ausência de acesso à saúde mental e, muitas vezes, o sentimento de desesperança. E é exatamente aí que o esporte se apresenta como um aliado fundamental.
Praticar esporte promove a liberação de endorfinas — substâncias químicas associadas ao prazer e bem-estar —, reduz sintomas depressivos, alivia o estresse e, principalmente, aproxima as pessoas. Grupos esportivos criam vínculos, pertencimento e propósito, elementos centrais na prevenção de problemas mentais graves.
Movimentos que inspiram
Em Belo Horizonte, diversas iniciativas reforçam esse elo entre esporte e saúde mental. Um exemplo é o projeto Atleta por propósito, do atleta mineiro Vinicius Murta, que conecta desafios esportivos a campanhas de conscientização sobre saúde mental e prevenção ao suicídio.
Através da campanha, cada quilômetro percorrido por ele ou por apoiadores se transforma em um convite à reflexão, à escuta e ao cuidado. É um movimento que une o esporte à sensibilização sobre um dos temas mais urgentes da atualidade.
Mas o impacto de ações como essa vai além dos quilômetros acumulados. O mais importante é o recado que fica: a prática esportiva não é apenas sobre performance, é sobre bem-estar, sobre salvar vidas, sobre oferecer esperança.
Se você quer conhecer mais sobre a iniciativa dele segue o @atletaporproposito
Transformação real
Em todo o país, exemplos concretos mostram como o esporte salva vidas e ressignifica trajetórias. Jovens que saíram de ambientes violentos para as pistas de atletismo, mulheres que redescobriram sua autoestima através de grupos de corrida, idosos que encontraram no esporte uma fonte de vitalidade e pertencimento.
O impacto do esporte também se vê nas empresas, que cada vez mais investem em programas de qualidade de vida para seus colaboradores. Grupos de corrida, aulas de ginástica laboral, torneios esportivos internos: tudo isso reflete em menor absenteísmo, mais produtividade e melhor ambiente de trabalho.
E claro, há os atletas que usam sua visibilidade para inspirar mudanças, como é o caso de Vinicius Murta e do KMs pela Vida. Mas não é preciso ser ultramaratonista para participar dessa transformação. Cada caminhada, cada pedalada, cada jogo no fim de semana é um passo rumo a uma sociedade mais saudável e resiliente.
Esporte: compromisso coletivo
Valorizar o esporte como ferramenta social, apoiar iniciativas que conectem saúde mental e prática esportiva, estimular crianças e jovens a se engajarem em atividades físicas e criar ambientes de acolhimento e pertencimento são passos fundamentais.
Que possamos, como sociedade, entender de uma vez por todas que o esporte vai além do pódio. Ele é agente de transformação, de inclusão, de esperança. E em um mundo tão carente de conexão e empatia, todo quilômetro percorrido, todo gol marcado, toda braçada nadada pode, sim, salvar vidas.
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