Sérgio Abranches
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Sob pressão, Congresso ainda responde bem

O americano médio e a elite empresarial dos EUA não pensam como Trump, que brande razões mentirosas para as tarifas abusivas aplicadas ao Brasil.

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As plataformas digitais estão no foco da política. Seus algoritmos permitem que crimes e abusos circulem livremente nos fluxos de mensagens. Há reclamações sérias sobre difamação, racismo, linguagem de ódio, pedofilia que entopem os fluxos de sujeira. Nem tudo que circula nas redes é negativo e elas podem ter um papel positivo cada vez maior. Hoje, ameaçam a democracia. Mas a democracia digital precisa delas. O ataque de Trump ao Brasil é impulsionado por mentiras, preconceito e pelo trabalho anti-Brasil dos Bolsonaro.


O youtuber Felca viralizou o vídeo “Adultização” sobre posts que sexualizam crianças e adolescentes para a rede de pedófilos nas plataformas. Sinal dos novos tempos, a frase anterior contém dois estrangeirismos e dois neologismos relacionados às interações digitais em rede. O vídeo de Felca causou repúdio na grande imprensa e no meio político à pedofilia escancarada nas redes.
Bateu direto nos eleitores dos parlamentares. Foi o que bastou para que o presidente da Câmara, Hugo Mota, se interessasse pela questão. Ele diz que “há matérias urgentes e há matérias inadiáveis”. Esta seria matéria para ser pautada já, para responsabilizar as plataformas pela circulação de conteúdo pedófilo.


A pauta divide a extrema direita. Os parlamentares que professam a fé cristã, ligados às igrejas evangélicas politizadas, são a favor de punir as plataformas que permitam a circulação de pedofilia. Mas há uma ala que é contra, alegando ferir a liberdade de expressão. Alguma legislação sairá. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, admitiu uma comissão parlamentar de inquérito sobre pedofilia.
O americano médio e a elite empresarial dos EUA não pensam como Trump, que brande razões mentirosas para as tarifas abusivas aplicadas ao Brasil. A prisão e julgamento arbitrários dos cabeças do golpe de 8/1, a censura das plataformas, o Brasil seria mau parceiro comercial com tarifas excessivas e superávit comercial. Os chefes dos golpistas são julgados pelo devido processo legal, com amplo e irrestrito direito de defesa. Seus advogados chamaram de “document dump” o monte de provas apresentadas contra eles.


Não há censura aqui. A extrema direita até tenta, mas perde na Justiça. Trump, sim, censura livros, universidades e instituições relevantes como a Smithsonian Institution e os museus americanos. Os Estados Unidos têm superávit comercial com o Brasil desde 2009. A mentira é o método da extrema direita desde o nazismo e o fascismo inaugurais. Bolsonaro a usou. Trump a usa. Putin e Netanyahu também.


Circula no mercado financeiro e na oposição versão truncada sobre as sanções. Ela diz que Lula se recusa a negociar com Trump. É notório que Trump se negou a conversar com Lula nos termos apropriados a dois chefes de Estados soberanos. O que Lula não faria — e está certo — é aceitar conversa nos termos ditados por Trump. Todos se lembram da cena de humilhação com que ele e seu vice, Vance, receberam o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky no salão oval.


Trump diz que atende Lula a hora que ele quiser, mas é mentira. Ele se recusa a acertar termos apropriados a uma conversa entre chefes de Estado. Ele se julga superior aos pares. Proibiu seus secretários do Tesouro, Scott Bessent e do Comércio, Howard Lutnick, de manter reuniões com o vice-presidente, Geraldo Alckmin e com Fernando Haddad, ministros do Desenvolvimento e da Fazenda.
O governo preferiu não usar a lei de reciprocidade e apresentar medidas para auxiliar setores afetados por Trump. O Congresso sentiu a pressão. O pacote de ajuda estará entre as matérias que o presidente da Câmara considera inadiáveis. Só este tipo de pressão, com capilaridade suficiente para afetar diretamente os humores do eleitorado nos redutos dos parlamentares, para fazer um Congresso disfuncional funcionar.


Com o monopólio das emendas e mais os recursos dos fundos partidário e eleitoral, os parlamentares não respondem mais a situações que afetam o interesse coletivo ou setores relevantes da sociedade nacional. Mas reagem prontamente quando prejudicam os negócios em suas cidades e seus eleitores, ou ferem valores de seu eleitorado cativo. Os parlamentares não representam mais a sociedade. Respondem a grupos de interesses, empresas e aos eleitores de sua base.


O governo tem agido bem ao responder às agressões de Donald Trump. Está atrapalhado, como todos os governos, na regulação das plataformas digitais. No caso da pedofilia, basta acertar propostas que tramitam no Congresso.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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