Roberto Brant
Roberto Brant

O Brasil visto de Minas

A competição pelo poder domina quase que exclusivamente as facções políticas em que estamos divididos

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O Brasil, com seu povo e suas instituições, é um país muito resistente. Mesmo atravessado por antagonismos políticos que parecem irreconciliáveis e convivendo com padrões de desigualdade social sem muitos paralelos no mundo, temos uma história de estabilidade social, que alguns podem chamar de passividade, mas que, pelo menos, nos tem preservado dos dramas das grandes rupturas. Poderíamos ser muito mais ricos do que somos e toda a nossa população poderia viver muito melhor e ter mais oportunidades. Alguém já disse que é muito difícil encontrar os culpados, é melhor escolhê-los, mas no caso do Brasil a culpa, sem dúvida, é do Estado, da esfera pública, do sistema político.

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No nosso mundo atual, a esfera pública, com seu poder de escolher quem e o que tributar, de decidir em que aplicar esses recursos, de impor regras e normas para a vida econômica, mas também social e cultural, por meio do Legislativo e das agências reguladoras e, finalmente, de interpretá-las, por meio do Judiciário, domina quase todos os aspectos da vida e determina o destino da sociedade. Por isto a história da frustração do nosso crescimento e da exclusão da maior parte da nossa população é a história do fracasso do Estado brasileiro, de todos os Poderes, e do nosso sistema político.

Neste exato momento estamos caminhando para uma espécie de ingovernabilidade, situação na qual cada ramo do governo exerce seus poderes desconectado dos demais, independentes, mas em desarmonia. Assim não há um rumo comum para o país e, pior, parecem querer extrair do Estado o máximo de benefício para si, no prazo mais curto de tempo. São verdadeiramente mundos paralelos, alheios ao interesse comum. Por mais que nos movemos não vamos a lugar nenhum.

A competição pelo poder domina quase que exclusivamente as facções políticas em que estamos divididos. Ninguém, nem o governo, nem a oposição oferece à sociedade uma imagem construtiva do futuro, um horizonte estratégico, um mapa de um destino de mais progresso e de mais justiça, nos quais possamos nos inspirar. Para a nossa política os problemas reais não existem. O governo está empurrando o país para um desastre fiscal, aumentando sistematicamente os gastos, sem a contrapartida de recursos e aumentando a dívida pública de modo deliberado. A melhor medida para aferir o grau de endividamento é correlacioná-lo ao PIB. No início do mandato a relação era de 71,7%. No final do mandato a relação chegará a 83%, quase 12 pontos em meros 4 anos. Projeções confiáveis estimam que, neste ritmo, a dívida chegará a 100% do PIB em 2030, no final do próximo mandato. Há quem pense que o governo precisa ser reeleito para enfrentar os problemas que criou ou terminar o desastre.

Mas a verdade é que continuidade das atuais políticas vai nos encaminhar para um colapso, para a paralisia do governo e a desorganização do sistema financeiro, que gira em torno dos títulos da dívida pública. Apesar disto, nossa política não tem sido capaz de oferecer um discurso alternativo, que seja capaz de colocar o país em outro caminho, em outro rumo. O bolsonarismo ocupou, sem concorrência, todo o espaço de oposição, com o único propósito de aprovar anistias e perdões, criando um vácuo político difícil de preencher.

A população brasileira, em sua maioria, não se alinha a nenhum dos extremos, mas não tem tido em quem votar, conformando-se em escolher aquele que rejeita menos. Com a desintegração do mito bolsonarista, o país está maduro para a emergência de novo centro político, não apenas contra as ideias extremas, mas a favor de mudanças, não as inspiradas nas ideias mortas da esquerda ou no populismo raivoso das direitas, mas mudanças transformadoras nas estruturas do Estado.

Um centro que apresente uma imagem positiva do futuro, sem deixar de reconhecer as dificuldades de governar um país dividido, em um mundo em rápida transformação. Homens deste centro, como Juscelino, Fernando Henrique e Michel Temer, já mostraram o que pode fazer um bom governo. Quando tudo parece perdido, a política costuma fazer milagres.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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