Regina Teixeira da Costa
Regina Teixeira Da Costa
EM DIA COM A PSICANÁLISE

Só a pulsão de morte explica a guerra entre Israel e Irã

É surreal como o poder domina a mente dos homens a ponto de não se temer desencadear um conflito que pode provocar a Terceira Guerra Mundial

Publicidade

Mais lidas

Coisa mais difícil de aceitar ou mesmo entender é a atitude dos grandes líderes mundiais em atacar países com mísseis e bombardeios, matando civis como se não fossem nada. Vemos agora um genocídio como outros a que já assistimos e consideramos trágicos e cruéis.

É surreal como o poder domina a mente dos homens a ponto de não se temer desencadear um conflito que pode alcançar proporções de Terceira Guerra Mundial.

Deve ser um tipo de gozo só compreensível se o classificamos como a mais alta realização da pulsão de morte. Uma violação de todos os acordos de direito das grandes instâncias reguladoras de nossa comunidade. Matar crianças, civis, que, afinal, nunca pediram ou desejaram nada além de viver em segurança.

Embora digam que estão atingindo pontos estratégicos no conflito entre Israel e Irã, é óbvio, pelas imagens e declarações de pessoas, que há mortes, fome, destruição e medo. Vai muito além de questões nucleares, às quais algumas potências se arrogam o maior direito.

Quem pode ganhar com isso? Quem pode desejar isso? Apenas pessoas com sangue nos olhos e ódio no coração. O ser humano é o animal a quem foi dada a racionalidade, mas é o mais irracional de todos e usa muito mal a dádiva do livre arbítrio.

A liberdade, valor tão apreciado, é deturpada no caso do homem perverso. Serve para fazer a miséria alheia, para explorar, dominar, escravizar, estuprar, matar.

O homem não pode ser livre para tudo o que quiser. Ele é o animal mais destrutivo. Não tem instinto de preservação, mas pulsão que goza com a morte. Há limites que a civilização impõe para ser possível a vida comum.

Também há os que pensam na civilização como grande construção humana a partir da colaboração e da proteção e progresso de todos. Com isso já fizemos grandes maravilhas construídas, inventadas. Aos gregos devemos o saber e a filosofia; aos romanos, o direito; aos egípcios, a medicina.

Precisamos entender que estamos no mesmo barco, navegando em mar tempestuoso, devemos uns aos outros uma terrível lealdade, como disse o escritor britânico Gilbert Keith Chesterton.

Belas palavras. Porém, os humanos são infiéis até a si mesmos. Por um lado, devido ao desconhecimento do inconsciente vivo. O sujeito desse inconsciente não sabe por que se atrasa para importantes compromissos. Não sabe por que perde voos. Por que repete sofrimentos. Trai amigos e companheiros, nem sempre por falta de amor. Por gozo, é capaz das maiores destruições...

Ele desconhece esta lógica inconsciente. É habitado por pulsões de vida e morte, cada qual requerendo seu quinhão de gozo. São amalgamadas, andam juntas. Quando desproporcionais, ou desvinculadas, o que se dá é destruição. Morte, crueldade, gozo perverso.

Einstein pergunta a Freud como seria possível livrar os homens da guerra. Freud responde, em 1923, declarando-se surpreso, pois tal pergunta deveria ser dirigida aos estadistas. Mesmo assim, responde numa abordagem psicológica. Aponta que a palavra poder poderia ser substituída por violência, os conflitos de interesses no reino animal se resolvem por essa via. A morte do inimigo satisfaz à inclinação pulsional humana ou instintiva na natureza.

Mas há outra forma, superior, para lidar com conflitos de opinião. A força pode ser substituída pelo uso do intelecto e da união, estabelecendo órgãos regulamentadores que determinam a renúncia à liberdade de exercer violência por meio do direito igual para todos.

Porém, o que acontece, e já não suportamos mais, é que nada é eficiente para barrar o gozo da classe dominante, dos poderosos que se recusam a acatar limites humanitários. Pacifista, Freud repudiava a guerra e enaltecia tudo o que promove a evolução cultural, que também trabalha contra a guerra.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

Tópicos relacionados:

freud guerra psicanalise

Parceiros Clube A

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay