Freud reconheceu o poder das pulsões destrutivas e seu movimento dominante
 -  (crédito: Pixabay/reprodução)

Freud reconheceu o poder das pulsões destrutivas e seu movimento dominante

crédito: Pixabay/reprodução

 

Que processos internos nos guiam? O que determina nossas escolhas? Por que certas coisas nos chamam mais a atenção do que outras? Podemos dizer: o gosto ou o desgosto! O que nos atrai ou nos aborrece. Certo, é assim. Mas o que determina essa atração?


Certa vez, perguntaram a Freud o que nos atrai numa pessoa. Respondeu: um brilho na ponta do nariz. Ou seja, não tem explicação. Ao contrário do que dizem – “Freud explica tudo” –, esta é uma prova incontestável de que não é assim.

 


Nem tudo tem explicação. Isso não quer dizer que Freud não buscou respostas para processos mentais, psíquicos e fisiológicos. A prova é a teoria das pulsões, no texto “As pulsões e seus destinos”.

 


Freud desejava responder às exigências da ciência de construir conceitos claros e precisos. Descrever fenômenos, agrupar, entender, aplicar e comprovar – as atividades do pesquisador. É preciso acercar-se dos objetos de uma pesquisa, mesmo que a princípio não sejam claros, e suportar as indeterminações no caminho do conhecimento de uma nova matéria. Mesmo que nesse percurso mudemos de ideia, encontremos falhas, inconsistências – e principalmente por isso.


A teoria das pulsões é estudo meticuloso de conclusão importante. As pulsões vêm de dentro. Do psíquico, e não de fora. Por exemplo: do medo de uma coisa real podemos fugir; de uma luz nos olhos podemos também. Porém, de uma pulsão não, porque ela vem de dentro e nos atravessa.


A pulsão é um estímulo, entre o somático (corpo) e o psíquico, que move nosso interesse e sai do corpo como a mão invisível buscando satisfação nos objetos da realidade. Isso não quer dizer que se satisfaça. Tendo alcançado a meta, não pode capturá-la e trazê-la para ser incorporada. Há satisfação temporária. A pulsão retorna ao corpo vazia, e renasce infinitamente neste movimento vivo.

 

 

Viver é um processo trabalhoso, que nos obriga a constante esforço e movimento. Um movimento do qual nem sempre nos damos conta, enquanto ele acontece o tempo todo. A princípio, Freud dizia que as pulsões de vida nos comandam, depois mudou esta concepção.

 

Ele percebeu as pulsões destrutivas e seu movimento dominante. Elas nos conduzem à morte. Na luta entre Eros e Tanatos, vence o mais forte. Isso nos motiva a apreciar histórias em que o bem vence o mal, ou a adotar religiões em que a vida é eterna, vencendo a morte.


Freud era realista e ateu. Não acreditava na vida após a morte. Dizia que as pulsões destrutivas determinavam em nós o desejo de retornar ao inanimado. Ao repouso total. O corpo requer repouso, somos tomados pela preguiça e o tédio, pelo espírito de contendas que nos leva a guerras e à destruição do mundo. E isso, caros leitores, é difícil de negar.

 
Vejam que de tempos em tempos voltamos às discussões sobre a Serra do Curral, ameaçada por mineradores que retomam escavações na calada da noite, nos obrigando à vigilância. Os homens anseiam por riqueza e poder e não se detêm diante do respeito ao próximo ou da miséria alheia. Podemos citar infinitas formas da arquitetura da destruição.


Muitas vezes, constatamos em nosso próprio corpo uma força contrária à vida. Como se quisesse parar, enquanto nós não! Seriam as doenças o sinal de que o corpo quer parar? Na apneia, paramos de respirar enquanto dormimos, várias vezes por minuto. A musculatura e a consciência deixam de comandar a respiração.

 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia

 

Assim é também nos sonhos. Nós nos lembramos deles sem sentido. Enfim, seriam um recado do inconsciente? E só nesta condição non sense, tapeando a consciência adormecida, apresenta o estanho em nós? Mistérios, para muitos, bobagens...