Fazer uma bola com o lixo foi a solução encontrada pelos jovens para ter com o que jogar o amado futebol -  (crédito:  Míriam Ramalho/Imagem cedida)

Fazer uma bola com o lixo foi a solução encontrada pelos jovens para ter com o que jogar o amado futebol

crédito: Míriam Ramalho/Imagem cedida

Gurudumu é a bola fabricada por crianças e adolescentes que vivem no Campo de Refugiados de Dzaleka, no Malawi, África. O nome, escolhido por eles, se refere ao fio de nylon retirado de restos de pneus encontrados na beira das estradas que ligam o campo às aldeias próximas. As vias são precárias, cheias de buracos e por elas circulam carros velhos. Como resultado, procurando um pouco, encontram-se trapos de pneus estourados.

 


Fazer uma bola com o lixo foi a solução encontrada pelos jovens para ter com o que jogar o amado futebol. Sacos de plástico fino são colhidos aos montes pelos becos, pois esse tipo de material embala tudo por lá e é descartado em qualquer lugar. Os jovens comprimem manualmente dezenas deles, fazendo a amarração final com o fio que é coberto de borracha e tem se mostrado resistente o suficiente para aguentar chutes e pontapés num terreno seco e pedregoso.

 

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No início do ano, uma fotógrafa brasileira em missão humanitária por lá achou interessante a bola e, ao oferecer dinheiro por uma delas, despertou nos jovens a ideia de desenvolver melhor o produto para comercializar. Eles contaram com ajuda de outras pessoas e, a cada nova remessa de bolas, conseguem agregar mais tecnologia.

 


A versão atual tem um saco de látex em seu interior que, ao esvaziar, pode ser preenchido usando uma bomba de ar, como as bolas de plástico ou couro convencionais. Isso porque a Gurudumu tem uma válvula feita com o tubo que um dia serviu de palito para um simples pirulito.

 

 

À frente desse projeto está o educador Evaldo Palatinsk, que largou a direção de uma escola e o cargo de locutor esportivo no Rio de Janeiro para se dedicar à educação de jovens refugiados. Projetos simples como esse têm o potencial de causar um impacto sem medida.

 

 


Afasta os jovens do perigo de viver no ostracismo (já que não há escola para todos), favorece o meio ambiente (ao diminuir a quantidade de resíduos), estimula a busca por solução de problemas complexos e a criatividade, fora o fato de gerar renda para uma população que vive da fome, da violência e do abandono. Muito pode ser feito com poucos recursos. Agora “os meninos e meninas” sonham em ver a Gurudumu correndo em campos fora do continente africano, levando um pouco da sua história, alegria e resiliência onde possam ser vistos e reconhecidos pelo enorme que têm.