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Orion Teixeira
Além do fato

Bolsonarismo caminha para isolamento político

O ex-presidente ainda terá alguma influência nas próximas eleições, mas não será mais um protagonista

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Os ventos estão mudando e causando mudanças de comportamento na política. As manifestações em defesa de Jair Bolsonaro (PL) não contaram, nesse domingo (3/8), com as presenças dos governadores ligados ao ex-presidente. As desculpas apresentadas foram relacionadas a agendas, mas escondem o que é óbvio, o radicalismo não convence mais, muito menos a direita.


O principal nome da direita bolsonarista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, nem toca mais no assunto tarifaço norte-americano. Muito menos sobre o STF e o ministro Alexandre de Moraes. Está cuidando do governo paulista e dizendo-se candidato à reeleição, o que, ao final, não é bom para Bolsonaro, que depende de um aliado capaz de ser eleito para garantir o indulto.

 


Ronaldo Caiado, governador de Goiás, já deixou claro que não é hora de manifestações, mas de negociar com os EUA, passando longe de confrontar o Supremo Tribunal Federal. Menos influentes, os governadores Zema e Ratinho também não compareceram. Deu presença só o do Rio, Claudio Castro, que está em baixa e é pré-candidato ao Senado.


Até então, a direita ficava refém do bolsonarismo para sobreviver politicamente. O ex-presidente ainda terá alguma influência nas próximas eleições, mas não será mais um protagonista. Tanto é que até o deputado bolsonarista mais votado no país, Nikolas Ferreira (PL), tem sido criticado pelo filho 03 do ex-presidente pelo silêncio ou timidez diante do atual quadro.


Quem quiser alcançar sucesso nesse campo não será mais pelo radicalismo. As próximas eleições irão priorizar as entregas em vez da polarização. Antes, esses pré-candidatos queriam os votos de Bolsonaro; hoje, enfrentam os dilemas de dar apoio aberto diante do tarifaço de Donald Trump, que prejudica as economias dos estados. Nos estados do Sul e do Centro-Oeste a pressão é maior do agronegócio contra a guerra comercial.

 


Família pode ser descartada

O interesse do presidente norte-americano, Donald Trump, está longe de ser solidário ou ideológico. A reação dos EUA não foi vitória de Eduardo Bolsonaro, mas do empresário Paulo Figueiredo Filho, neto do ex-presidente João Figueiredo (1979-1985). Paulo tinha sociedade com Trump em empreendimento hoteleiro no Rio de Janeiro, de 2013 a 2016. Com o insucesso do projeto, mudou-se para os EUA. Quando os negócios falarem mais alto, a família Bolsonaro será descartada. Como dizia aquele estrategista da campanha vitoriosa do ex-presidente Bill Clinton (EUA), em 1992, James Carville: “é a economia, estúpido”.

 

Companheiro Maduro

Trump acabou admitindo que poderá conversar com o presidente Lula para negociar o tarifaço dos 50%. Negociador, Trump já se entendeu até com o companheiro Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, onde as tarifas ficaram em só 15%, assim como na União Europeia.

 

 

Judiciário repudia Trump

Em nota, o Conselho de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil manifestou “veemente repúdio” à decisão dos EUA de impor sanções a membros do STF (Lei Magnitsky). “Tal conduta estabelece um precedente perigoso e incompatível com os valores democráticos que devem pautar as relações entre os Estados”, diz o colegiado integrado pelos 27 tribunais de Justiça do país. Já a Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público admitiu preocupação com a tentativa de intimidação da autoridade judicial por meio de retaliação. “Fragiliza todos os sistemas de Justiça comprometidos com a defesa da ordem democrática”.


Marketing ioiô

A estratégia adotada pelo governador Zema segue o noticiário e as pesquisas. Se a tendência é o bolsonarismo, ele vai atrás; se não for, quando disse que o filho do ex-presidente criou um problema, apanhou dele. Seguir o vento ajuda, mas não cria personalidade. Como um desavisado, Zema foi o último governador a pular no colo do bolsonarismo e deverá ser o último a sair.

 

Feitiço contra Nikolas

Acostumado a recorrer às fake News nas redes sociais, o deputado federal Nikolas Ferreira vai precisar de um bom advogado para não ser cassado. Ele cometeu crime ao espalhar em suas redes, alcançando 50 milhões de views em todo o país, mentiras contra o então prefeito Fuad Noman (PSD) nas eleições passadas. O bolsonarista disseminou desinformação sobre o livro de Fuad (“Cobiça”), vinculando-o à pornografia e à pedofilia. Perdeu no voto e deverá perder na Justiça. Uma das mais hostis ao ex-prefeito no episódio, a deputada estadual Chiara Biondini (PP) foi poupada pelo Ministério Público.

 

 

Convite a Kalil

Embora tenha sido descartado por ele, o ex-vice-prefeito de BH Paulo Lamac (2016/2020) convidou Alexandre Kalil para se filiar ao próprio partido, a Rede. Kalil admite ser pré-candidato a governador em 2026 e que já teria acertado filiação a um grande partido. No mercado partidário, há poucas alternativas. Lamac conhece de sobra o estilo Kalil nas relações pessoais, políticas e partidárias.


Cidade do sim e do não

Após críticas do ex-prefeito Kalil sobre construção de prédio de 50 andares (com vaga para 200 automóveis) e bares após as 22h, a narrativa da Prefeitura de BH mudou. Agora, fala-se em construções fora do hipercentro e, como disse Kalil, a lei do silêncio é maior do que vontades municipais.

 

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Salvo pelo gongo

No mesmo dia em que a revista Veja denunciou, na quinta passada, um contrato da Secretaria de Educação de BH com uma ONG, o pagamento de R$ 2,6 milhões foi suspenso. A organização contratada era presidida por condenado em tráfico de drogas. A ONG foi criada em 2023 e ainda assim conseguiu um robusto contrato dois anos depois. As ligações dela com o PCC deixaram muita gente receosa de abrir o bico.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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