Marcílio de Moraes
Marcílio De Moraes
Jornalista formado pela PUC Minas em 1988, com passagem pelos jornais Diário do Comércio e O Tempo. Trabalhou em coberturas de leilões de privatização e em feiras internacionais
BRASIL EM FOCO

Inflação vai cair mais, mas a queda dos juros ainda terá que esperar

Em outubro, a deflação de 2,39% nos preços da energia elétrica foi o principal índice para jogar para baixo o IPCA. E a queda foi influenciada pela redução da b

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Depois de quatro meses com a taxa básica de juros no patamar mais alto desde junho de 2006, a inflação caminha para ficar dentro da banda da meta este ano (de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos), próxima ao teto de 4,5%. A divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) de outubro em 0,09% foi uma surpresa positiva para o mercado financeiro, que projetava um índice de 0,16%. Com isso, a inflação em 12 meses recuou de 5,17% para 4,68%, o menor patamar em nove meses. O IPCA de 4,68% até outubro pode recuar ainda mais e fechar o ano entre 4,3% e 4,5%. Isso se as projeções atuais de inflação de 0,2% a 0,3% em novembro e entre 0,3% e 0,5% em dezembro se confirmarem. E o cenário hoje é favorável para o processo de desaceleração.

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“Nos próximos meses, salvo oscilações eventuais ou sazonais a cada mês, a tendência é de acomodação da alta e gradual recuo do índice mensal de preços ao consumidor medidos pelo IPCA. A projeção atual de fechamento do ano 2025 é bastante próxima do teto da meta de inflação de 4,50%”, afirma Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi). “Avaliamos que o impacto da política monetária restritiva e a apreciação do real tem contribuído para a recente desaceleração da taxa de inflação”, reforça Cristiano Oliveira, diretor de pesquisa macroeconômica do Banco Pine.

Em outubro, a deflação de 2,39% nos preços da energia elétrica foi o principal índice para jogar para baixo o IPCA. E a queda foi influenciada pela redução da bandeira tarifária de vermelho patamar 2 para vermelho patamar 1. Com o início do período do chuvoso e a perspectiva de recuperação das hidrelétricas, as projeções são de novas quedas nas tarifas de energia, com a provável mudança da bandeira para amarela ou mesmo a verde, a depender das chuvas. “Realmente o item que mais favoreceu no mês de outubro foi a energia elétrica, que teve uma deflação de 2,5%. Essa melhora no núcleo da energia deve permanecer para o fim do ano”, observa Paulo Duarte, economista da Valor Investimentos.

“A desaceleração foi puxada principalmente pela queda dos preços de energia e combustíveis, reforçando o quadro de desinflação que o país vem observando ao longo do segundo semestre”, reforça Paulo Spyer, conselheiro da Associação Nacional das Corretoras e Administradoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbios e Mercadorias (Ancord). Outro fator que pode contribuir para o declínio da inflação é a taxa de câmbio. “A taxa de câmbio (real por dólar) tem mantido uma rota de valorização, o que favorece o a desaceleração de preços de commodities e importados”, observa o economista Tingas. “A queda da inflação que a gente está vendo agora, ligada à taxa de câmbio, ela tem a haver com o câmbio caindo desde o início do ano”, observa Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ourinbak.

Mas se até o fim do ano a tendência é de queda da inflação, esse cenário ainda exige cautela do Banco Central com relação aos juros. Economistas são unânimes em afirmar que ainda é preciso mais sinais de desaceleração da inflação para que o BC inicie a queda dos juros, que, segundo o próprio mercado, deve chegar a 12,26% em 2026, o que vai representar, a números de hoje, uma taxa real perto de 8%, contra os cerca de 10% atual. “O Banco Central entende que os riscos em 2026 ainda são elevados”, observa Cristiane. “O Copom manterá cautela por alguns meses até conhecer a tendência de preços e inflação”, acredita Tingas.

Paulo Duarte, da Valor Investimentos, avalia que, diante da dificuldade de se trazer a inflação para o centro da meta, pode ser o momento de se mudar essa meta. “A pergunta que fica é se o custo, em termos de crescimento, de manter essa taxa de juros anticíclica tão alta durante tanto tempo para levar de 4,5% para 3% o IPCA vale a pena. Ou se na realidade seria mais saudável a gente ter uma meta da inflação mais próxima da média histórica do Brasil, algo como 4%. Seria mais palpável”, pondera o economista.


Black friday

R$ 11 bilhões

É o valor que a data deve movimentar no comércio eletrônico brasileiro, o que representa um crescimento de 17% sobre a promoção do ano passado, segundo relatório da Neotrust

IA generativa

Com 1,8 mil modelos de IA em utilização e 500 cientistas de dados dedicados ao desenvolvimento e implementação de soluções que envolvam inteligência artificial, o Itaú Unibanco fechou o terceiro trimestre de 225 com aumento de 141% no volume de iniciativas de IA generativa em relação ao mesmo período do ano passado e um crescimento de 40% no número de modelos de “machine learnig” treinados neste mesmo intervalo de tempo.


Acelerando

Com a previsão de fechar 2025 com 18 milhões de veículos seminovos vendidos, novo recorde no país, o setor terá uma alta de 17% em relação a 2024. Em outubro, o setor atingiu a marca de 1,765 milhão, com o acumulado deste ano chegando a 15,24 milhões de unidades. “Estamos muito otimistas com a tendência de alta e com a sequência de recordes nas vendas de seminovos”, diz Glenio Junior, presidente da Assovemg.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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