
Expectativa de retomada do diálogo com os EUA
Trump planeja fortalecer as empresas norte-americanas, mas também elas podem ser afetadas, com o encarecimento de insumos e consequente alta dos preços e da inf
Mais lidas
compartilhe
SIGA NO

Passado o barulho provocado pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sobretaxar o aço e o alumínio que entram no país em 25% e eliminando decisões favoráveis aos exportadores, como cotas, é hora de verificar os efeitos dos decretos presidenciais nos países afetados e na própria economia norte-americana. Até o momento, a postura do governo brasileiro e das entidades empresariais é de cautela, se desconhecer os efeitos negativos para as empresas brasileiras e também para as norte-americanas. Do lado brasileiro prevalece o pedido de diálogo, com as siderúrgicas refutando o argumento do presidente norte-americano de que o Brasil estaria importando grandes quantidades de aço chinês para enviar a produção nacional para os Estados Unidos. As empresas alegam ainda que as exportações brasileiras são complementares para a siderurgia norte-americana.
Como a medida entra efetivamente em vigor em 12 de março, a expectativa é de que até lá se consiga abrir diálogo entre Brasil e Estados Unidos para amenizar o impacto da sobretaxa. O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço para o mercado norte-americano. Em 2024, o Brasil exportou US$ 4,1 bilhões em produtos de ferro e aço para os Estados Unidos, o principal destino com 54,4% do valor total exportado. No total das exportações brasileiras, o aço e o alumínio vendidos para os EUA correspondem a 1,2% da pauta. Ou seja, haverá impacto com a redução das vendas desses produtos para o mercado norte-americano.
Leia Mais
Ao lembrar que o setor siderúrgico dos Estados Unidos opera com uma ociosidade perto de 27%, o economista e empresário Fabio Ongaro, CEO da Energy Group, avalia que num primeiro momento haverá um aumento da produção interna. Embora ainda exista espaço para negociação entre os governos, temos que olhar para as motivações dessa posição americana como uma medida que pode gerar efeitos negativos não só para as empresas dos países objetos das novas tarifas, mas também para companhias dos EUA, as quais serão alvo de retaliações proporcionais às sanções dos EUA”, afirma Ongaro.
- Sobretaxa do aço pelos EUA pode impactar Minas Gerais
- Taxação de Trump sobre aço e alumínio gera preocupação em Minas
- União Europeia promete taxar produtos norte-americamos em resposta a Trump
Segundo o Instituto Aço Brasil, que representa as siderúrgicas, as empresas do setor estão confiantes na abertura de diálogo entre os governos dos dois países para manter o fluxo de produtos de aço para os Estados Unidos. O principal argumento para essa confiança é o fato de haver superávit de US$ 3 bilhões para os EUA no comércio com o Brasil dos principais itens da cadeia do aço (carvão, aço, máquinas e equipamentos). Das 5,6 milhões de toneladas de placas de aço exportadas pelo Brasil, 3,4 milhões de toneladas foram para os Estados Unidos.
“Essa medida é prejudicial tanto para a indústria brasileira quanto para a norte-americana. Lamentamos a decisão e vamos atuar em busca do diálogo para mostrar que há caminhos para que seja revertida”, afirma o presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Ricardo Alban. “Temos todo o interesse em manter a melhor relação comercial com os EUA, que hoje são o principal destino dos produtos manufaturados do Brasil, mas precisamos conciliar os interesses dos setores produtivos dos dois países”, acrescentou o presidente da CNI. Em nota, a Câmara Americana de Comércio (Amcham) lembrou que o Brasil é importador de um volume relevante de bens fabricados com aço nos EUA, incluindo máquinas e equipamentos. Para a entidade, a sobretaxa pode reduzir as vendas das empresas norte-americanas para o Brasil.
Com as medidas protecionistas, Trump planeja fortalecer as empresas norte-americanas, mas também elas podem ser afetadas, com o encarecimento de insumos e consequente elevação dos preços e da inflação no país, o que vai barrar a redução das taxas de juros e afetar a economia como um todo. E o aumento da inflação pode se tornar um problema para Donald Trump no médio prazo.
Tabaco
US$ 2,97 bi foi o valor das exportações de tabaco do Brasil para 113 países em 2024, segundo dados do MDIC.Na média histórica, o Brasil tem mantido um embarque anual de 500 mil toneladas e US$ 2 bilhões nos últimos dez anos.
Caindo no golpe
Os brasileiros tiveram prejuízo estimado de R$ 3,5 bilhões no ano passado em golpes em compras online, sendo que as principais fraudes foram falso pagamento (46%), invasão de conta (28%), anúncio falso (15%) e coleta de dados (10%), segundo pesquisa de mercado realizada pela OLX, marketplace de classificados de produtos usados. Entre os produtos mais visados estão os celulares (27%), videogames (18%) e carros, vans e utilitários (14%).
Pico de energia
Com as altas temperaturas registradas em diferentes regiões do país, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) registrou na última terça-feira um recorde de carga instantânea no Sistema Interligado Nacional. A demanda atingiu o pico histórico de 103.335 MW, às 14h37, superando os 102.810 MW, verificados em 22 de janeiro. O diretor-geral do ONS, Marcio Rea, avalia que a demanda recorde mostra a robustez do SIN.