
Amor e negócios
Como casais sócios podem transformar conflitos em alavancas de crescimento
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Muitos casais desistem por falta de estratégia, não de amor. Casar e empreender juntos é uma escolha de coragem. Unir vidas, sonhos, responsabilidades financeiras, decisões estratégicas e expectativas exige um tipo de maturidade emocional que poucas pessoas foram ensinadas a ter. Enquanto o casamento pede parceria, a sociedade empresarial pede estratégia.
No dia a dia de casais sócios, não é raro que diferenças de personalidade se tornem fontes constantes de tensão. Existem casais em que um tem o perfil mais criativo: visionário, cheio de ideias e possibilidades. O outro é mais planejador: pé no chão, atento aos detalhes e preocupado com a execução. Há quem comunique de forma intensa, quem negocie com poder de persuasão e quem seja executor nato, focado em fazer acontecer. Perfis diferentes não são obstáculos; são peças complementares de um mesmo império. O que falta, muitas vezes, é uma ponte estratégica que permita transformar conflitos em crescimento.
Conversas difíceis que salvam relações
Muitos casais desistem não porque se amam menos, mas porque não sabem ter conversas difíceis. O silêncio, quando se acumula, vira abismo. Como bem dizem Douglas Stone, Bruce Patton e Sheila Heen no livro “Conversas difíceis: como discutir o que realmente importa”, “conversas difíceis não desaparecem quando evitadas; elas apenas se transformam em muros entre as pessoas”.
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Quando o conflito surge, seja sobre dinheiro, decisões estratégicas ou sentimentos não ditos, é comum que os parceiros caiam na armadilha da culpa: um aponta, o outro se defende e, a relação vira uma disputa para ver quem está “certo”. A culpa olha para trás e paralisa. A contribuição olha para frente e transforma.
Isso significa que, em vez de procurar culpados, é necessário mapear como cada um contribuiu para que o problema acontecesse. A responsabilidade compartilhada não enfraquece a relação ela fortalece, porque devolve aos dois o poder de mudar a história.
Escuta que conecta
Outro ponto essencial é reaprender a escutar. A maioria de nós não escuta de verdade; apenas espera sua vez de responder. Em casais empreendedores, essa dinâmica se intensifica, porque as conversas são carregadas de pressão, prazos e emoções não expressas.
Ouvir de verdade não é ficar calado esperando a sua vez, é estar inteiro presente no mundo do outro. Quando um parceiro pratica escuta empática, o outro sente segurança emocional. Isso não significa concordar com tudo, mas reconhecer a dor, a frustração ou o desejo.
Ouvir é, portanto, um ato de liderança emocional. Quando alguém se sente ouvido, não precisa mais lutar para ser reconhecido. E quando os dois se escutam com empatia, a guerra cede espaço para a construção conjunta.
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De adversários a aliados
Muitos casais vivem como adversários dentro da própria empresa: um de um lado da mesa, o outro do lado oposto. Mas a virada de chave acontece quando percebem que o verdadeiro “inimigo” é a dinâmica de conflito não resolvido que os mantém em lados opostos. Quando abandonam a lógica de ataque e defesa e adotam a lógica da contribuição mútua, passam a jogar do mesmo time. Quando procuramos culpados, criamos inimigos. Quando procuramos contribuições, criamos aliados.
Acordos que fortalecem, não sufocam
Casais de alta performance emocional entendem que perfis diferentes não se anulam, eles precisam aprender a coexistir com sabedoria, eles criam acordos diários, definem papéis com clareza, respeitam os diferentes perfis de personalidade
Relacionamentos que prosperam não são aqueles que nunca enfrentam crises, mas os que aprendem a transformar crises em alavancas de crescimento. O que destrói casais não são os problemas em si, mas a forma como conversam, ou deixam de conversar sobre eles. Conversas difíceis não são obstáculos, são portas para uma nova forma de relação.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.