Katiuscia Silva
Katiuscia Silva
Mestra em Sexologia Clínica pela ISEP MADRID, especialista em Disfunções Sexuais Masculinas e criadora do Método HES - Homens Emocionalmente Sanados
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O impacto da cura emocional na sexualidade

Desde a infância, nosso corpo guarda traumas, que se manifestam em bloqueios afetivos, relações por carência e a sexualidade marcada por vergonha ou repulsa

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Você conhece alguém que encolhe quando recebem um carinho? Que trava quando deveria se entregar? Que sente culpa justamente quando o prazer chega? Existem pesquisas para essas perguntas e isso não acontece por acaso.

Por trás dessas reações, há histórias que o tempo não consegue apagar sozinho e empilha essas dores nas memórias do corpo. Histórias que o toque revive, que o afeto ameaça, que a intimidade desnuda. Para muitas pessoas, relacionar-se não é leveza: é gatilho para as dores do passado. O que deveria ser um espaço de entrega vira um campo minado de memórias difíceis.

Segundo a fisioterapeuta e terapeuta integrativa Carina Mussel, especialista no método Sete healings, a origem de muitas dores emocionais que afetam a sexualidade está naquilo que o corpo ainda guarda.

“Minha missão é ajudar as pessoas a se libertarem da ansiedade e das dores persistentes, resgatando o equilíbrio do corpo e da mente, sem depender exclusivamente de medicamentos”, afirma Carina.

Ela explica que, por trás do corpo que recua ao toque, da culpa que inunda o prazer e do medo de se entregar ao afeto, existem histórias que muitas vezes nunca foram contadas, mas que estão inscritas na pele, nos gestos e no inconsciente.

As marcas invisíveis

Desde a infância, nosso corpo guarda traumas, que se manifestam em bloqueios afetivos, relações por carência e a sexualidade marcada por vergonha ou repulsa. Para quem viveu abusos na infância ou adolescência, a sexualidade, que deveria ser expressão de vida, desejo e vínculo, muitas vezes se transforma em dor.

O psiquiatra holandês Bessel Van Der Kolk, autor do livro “O corpo guarda as marcas", é enfático quando diz que “o corpo se lembra daquilo que a mente tenta esquecer”.

Segundo Bessel, traumas precoces, principalmente os de natureza sexual, deixam marcas no sistema nervoso central, afetando a forma como a pessoa percebe o próprio corpo, o toque, a intimidade e o prazer.

Temos mais uma contribuição, uma revisão científica publicada em 2024 na revista Child Abuse & Neglect, que reforça isso. O estudo “From Trauma to Intimacy" revelou que adultos que sofreram abusos sexuais na infância têm alta incidência de bloqueios íntimos, mesmo após anos de terapia convencional. Medo de invasão, dissociação corporal e autocrítica severa são comuns nesses casos, até mesmo em relações afetivas.

Essas feridas moldam comportamentos. Muitas vezes, a pessoa evita proximidade, coloca barreiras emocionais ou se sente desconectada durante o sexo, como se algo dentro dela dissesse que não pode ou não merece sentir prazer.

“O prazer pode se tornar um gatilho para quem sofreu abuso. A cura passa por reaprender que o corpo é um lugar seguro, digno e capaz de sentir bem-estar sem dor ou vergonha”, acrescenta Carina.

A cura possível para todos que se permitem

O método Sete healings é uma dessas abordagens. Em vez de focar na fala e recontar o trauma, o método atua diretamente nos registros emocionais armazenados no corpo e no subconsciente. A proposta é permitir a liberação da dor de forma consciente e segura, respeitando os limites do corpo e do sentir. É um caminho para restaurar algo essencial: o vínculo com o próprio corpo.

A sexualidade é, no fundo, uma forma de conexão com o outro, com a vida e consigo mesmo. Quando essa área é ferida, o impacto pode ser marcante, abala a autoestima, a confiança, a imagem corporal e a intimidade.

Mas a cura é possível para as pessoas que se permitem se curar, e o prazer volta, a leveza de viver retorna, o medo de ser feliz desaparece.

Curar-se não é esquecer o que passou, mas deixar de viver a partir da ferida. Quando a dor deixa de comandar o corpo, o prazer pode voltar a fazer parte da sua vida. Permitir-se sentir de novo é um gesto de coragem e também de amor. Amor por si e amor pela vida.

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