Katiuscia Silva
Katiuscia Silva
Mestra em Sexologia Clínica pela ISEP MADRID, especialista em Disfunções Sexuais Masculinas e criadora do Método HES - Homens Emocionalmente Sanados
SEXUALIDADE

O que acontece no cérebro quando apaixonamos?

A paixão é um estado biológico projetado pela evolução para nos fazer criar vínculos, reproduzir e manter relações de proximidade

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Quando falamos de amor, geralmente imaginamos algo poético, místico, quase mágico. A humanidade discute o amor desde sempre. Todas as grandes mitologias, como a grega e a nórdica, as grandes religiões como o cristianismo, o islamismo e o hinduísmo e, praticamente todos os grandes pensadores da história mergulharam profundamente nesse tema. Afinal, o amor é, sem dúvida, um dos maiores mistérios da experiência humana.

Mas, apesar de toda essa poesia, o amor, ou melhor, a paixão também tem uma explicação muito concreta, biológica e mensurável. Do ponto de vista da neurociência, estar apaixonado é quase como viver uma leve demência temporária. Parece exagero? A ciência explica.

Paixão: uma fase curta, intensa e biologicamente turbulenta

Cientificamente, o amor não é uma coisa só. Ele se divide em fases muito específicas e, a primeira delas é a paixão. Essa fase é marcada por uma intensidade altíssima e, geralmente, de curta duração.

Sabe aquele frio na barriga? Aquela ansiedade quando a pessoa não responde? Aquela vontade quase incontrolável de estar junto o tempo todo? Tudo isso não é só romantismo. É química. E, aliás, é uma química bem poderosa.

O que acontece no cérebro de quem está apaixonado?

Basicamente, seu cérebro entra em pane. Vira um laboratório de neuroquímica em ebulição, no qual diferentes hormônios e neurotransmissores se combinam para criar essa tempestade emocional chamada paixão.

Vamos entender os principais protagonistas dessa história:

Circuito de recompensa: dopamina

Quando você se apaixona, seu circuito de recompensa é ativado intensamente. Esse circuito é o mesmo que se ativa quando você come chocolate, faz sexo, ganha um elogio ou até usa drogas.

O grande astro aqui é a dopamina, conhecida como o neurotransmissor do prazer e da motivação. É ela que te dá aquele gás, aquela energia absurda pra fazer tudo pela pessoa amada. Você quer agradar, surpreender, estar junto, conversar até de madrugada, viajar, fazer planos e parece que nunca é suficiente.

É como comer uma batata frita: você pega uma, quer outra, e outra... até não aguentar mais. A paixão faz exatamente isso com você só que, no lugar da batata, é a pessoa.

Apego e conexão: oxitocina e vasopressina em ação

Esses dois hormônios são conhecidos como os hormônios do apego. Eles são fundamentais para criar a sensação de vínculo e conexão.

Sabe aquela impressão de que "essa pessoa é única", que ela se torna o centro do seu universo, e ninguém mais no mundo parece importar? Pois bem, isso é devido à oxitocina e à vasopressina que atuam nos circuitos cerebrais.

Esses hormônios ajudam não só na formação do apego, mas também na preferência seletiva, aquela coisa de "ninguém se compara a ela (ou ele)".

Ansiedade e euforia: o papel do cortisol

Se você já sentiu aquele frio na barriga, aquele nervosismo só de ver o nome da pessoa no celular, saiba que isso tem uma explicação: durante a paixão, os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, sobem bastante. Por isso, é normal sentir ansiedade, euforia, insônia ou falta de apetite.

Aqui vem talvez a parte mais divertida (ou trágica) da paixão. O córtex pré-frontal, responsável pelo controle dos impulsos, pela tomada de decisões racionais e pela avaliação de riscos, sendo que o córtex fica parcialmente desligado. Sabe o que também desliga o pré-frontal? Álcool.

Por isso, apaixonados e bêbados têm comportamentos parecidos: tomam decisões impulsivas, não avaliam bem as consequências, ficam desinibidos, enviam mensagens constrangedoras, fazem coisas das quais podem se arrepender depois (como tatuar o nome da pessoa em menos de um mês de relacionamento).

Paixão é uma demência temporária

No fim das contas, a paixão é um estado biológico projetado pela evolução para nos fazer criar vínculos, reproduzir e manter relações de proximidade. E, sim, ela tem prazo de validade. O cérebro não aguenta viver por muito tempo nesse estado de estresse e euforia.

Geralmente, essa fase dura entre seis meses e dois anos. Depois, ela se transforma em um amor mais estável, com base no apego e na construção, ou simplesmente acaba.

Saber disso não torna a paixão menos bonita, menos poética ou menos mágica. Pelo contrário. Entender como funciona só nos mostra o quanto somos uma mistura fascinante de biologia, emoção, história, cultura e, claro, uma  loucura temporária chamada amor.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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