Katiuscia Silva
Katiuscia Silva
Mestra em Sexologia Clínica pela ISEP MADRID, especialista em Disfunções Sexuais Masculinas e criadora do Método HES - Homens Emocionalmente Sanados
SEXUALIDADE

Como a endometriose afeta o casamento?

A dor crônica e a incerteza quanto à fertilidade podem gerar tensões emocionais que reverberam na vida do casal

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A endometriose, condição na qual o tecido semelhante ao endométrio (que reveste o interior do útero) surge em outras partes do corpo, como ovários, trompas, bexiga ou intestino, é um problema que afeta milhões de mulheres em idade reprodutiva. Além de provocar dores e desconfortos, muitas vezes pode impactar a fertilidade e, consequentemente, a vida a dois.


Ana Cristina Souza, ginecologista especialista em reprodução humana, explica: “A endometriose não deve ser vista como resultado de uma única via patológica, mas sim como uma conjunção de eventos moleculares, hormonais e imunológicos que favorecem a adesão e a proliferação do tecido endometrial em locais ectópicos”.

 

 

Quando a fertilidade entra em jogo

 

Um dos principais motivos que levam mulheres com endometriose ao consultório é a dificuldade para engravidar. A doença pode deformar a anatomia pélvica, gerar aderências ou cistos (conhecidos como endometriomas) e prejudicar a captação do óvulo. Além disso, o ambiente tende a ficar inflamatório, o que pode atrapalhar a fertilização e a implantação do embrião, sem mencionar possíveis alterações na quantidade dos óvulos.

 

 

Causas e cuidados para não agravar o quadro

 

As causas da endometriose são múltiplas: menstruação retrógrada, predisposição genética, desequilíbrios hormonais e alterações imunológicas que favorecem o crescimento do tecido fora do útero. Embora não haja uma forma de evitar completamente o problema, alguns cuidados podem amenizar os sintomas e retardar o avanço da doença:

 

• Rotina de exames: visitas regulares ao ginecologista e ultrassonografias transvaginais especializadas são fundamentais para detectar alterações precocemente.

 

 

• Alimentação anti-inflamatória: dietas ricas em frutas, verduras e fontes de ômega-3, evitando o excesso de ultraprocessados, ajudam no controle inflamatório.

 

• Atividade física: exercícios regulares liberam endorfinas e melhoram a circulação sanguínea, reduzindo o estresse e a percepção da dor.

 

 Acompanhamento multidisciplinar: apoio de especialistas em nutrição, fisioterapia pélvica e saúde mental contribui para um tratamento mais completo.

 

E quando a endometriose afeta o relacionamento?

 

A dor crônica e a incerteza quanto à fertilidade podem gerar tensões emocionais que reverberam na vida do casal. A comunicação e o desejo sexual podem ser abalados, impactando a qualidade de vida a dois. Nesse cenário, conhecer a realidade da endometriose e buscar soluções conjuntas que envolvam desde atendimento especializado até mudanças na rotina sexual, tende a fortalecer o vínculo, preservando o respeito e a cumplicidade.

 

Como enfrentar esses desafios?

 

Nesse momento a mulher precisa de acolhimento e de ser ouvida pelo parceiro. Ambiente de confiança pode diminuir a ansiedade reduzindo a pressão para engravidar. 

 

Manter um diálogo aberto e buscar cuidado multidisciplinar figuram entre as principais estratégias para superar as barreiras impostas pela doença. “O vínculo afetivo e a comunicação são pilares fundamentais para reduzir a carga psíquica que a endometriose pode exercer sobre a vida conjugal”, afirma Ana Cristina Souza.

 

Um plano de ação para o bem-estar

 

Organizar consultas regulares ao ginecologista, reforçar a alimentação anti-inflamatória e inserir exercícios na rotina podem fazer toda a diferença. Além disso, vale procurar profissionais que complementem o acompanhamento médico, como terapeuta sexual, nutricionista, personal trainer e fisioterapeuta pélvico para tratar o corpo e a mente de maneira integrada. Dessa forma, os sintomas tendem a ser aliviados e a relação do casal pode se fortalecer, beneficiando também a autoestima e a saúde emocional de cada parceiro.

 

Em síntese, a endometriose não precisa ser um empecilho definitivo para a harmonia no relacionamento. Com orientação especializada, apoio multidisciplinar e muita comunicação, é possível amenizar os efeitos da doença, garantir melhor qualidade de vida e manter a parceria afetiva em pleno equilíbrio.

 

 

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