
Envelhecer LGBT+: o orgulho que resiste ao tempo e ao preconceito
Pela primeira vez, a Parada de São Paulo celebra a velhice LGBT+. Uma geração que enfrentou o silêncio e agora exige visibilidade, respeito e cuidado
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A 29ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, marcada para o dia 22 de junho, traz um tema inédito e urgente: “Envelhecer LGBT: Memória, Resistência e Futuro”. Pela primeira vez, a maior manifestação de orgulho LGBTQIAPN+ do país escolhe voltar o olhar para aqueles que abriram caminho com o corpo, a voz e o amor — e que, agora, enfrentam o desafio de envelhecer em uma sociedade que ainda os silencia.
Envelhecer sendo LGBT é atravessar dois marcadores sociais historicamente associados à exclusão: a homofobia e o etarismo. É sobreviver à repressão, resistir ao apagamento e seguir reivindicando dignidade — muitas vezes na solidão, invisibilizados até dentro de suas próprias comunidades.
Neste ano, a Avenida Paulista será tomada por uma pauta essencial: o direito de envelhecer sendo quem se é, com respeito, cuidado e orgulho.
No mês do orgulho, o Instituto Moreira Salles, em parceria com o Museu da Diversidade Sexual, lançou um dicionário ilustrado que celebra a pluralidade das identidades LGBTQIAPN+. A ação reforça um ponto essencial: não há como debater envelhecimento LGBT sem reconhecer a diversidade das vivências e desafios enfrentados por lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans, queer, intersexo, assexuais, pansexuais, não binárias — e tantas outras formas de existir.
Veja abaixo, de forma resumida, o significado das letras da sigla:
Lésbicas: pessoas do gênero feminino que se relacionam afetivo-sexualmente com pessoas do gênero feminino.
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Gays: pessoas do gênero masculino que se relacionam afetivo-sexualmente com pessoas do gênero masculino.
Bissexuais: pessoas que se relacionam afetivo-sexualmente com pessoas independentemente de qual seja o gênero.
Transsexuais, Travestis e Transgêneros: pessoas que não se reconhecem com o gênero que lhes foi atribuído ao nascer.
Queer: termo “importado” que define todas as pessoas que não performam seu gênero de acordo com o padrão que é esperado pela sociedade de homens ou mulheres.
Intersexo: pessoas cujas características biológicas não estão em conformidade com as definições padrão de “macho” ou “fêmea”.
Assexuais: pessoas que se relacionam afetivamente, mas não necessariamente sentem atração sexual (por nenhum gênero).
Pansexuais: pessoas que podem desenvolver atração física, amor e desejo sexual por outras pessoas, independentemente de sua identidade de gênero ou sexo biológico. A pansexualidade é uma orientação que rejeita especificamente a noção de dois gêneros e até de orientação sexual específica.
Não binárias ou Agêneras: pessoas que não se identificam com o binarismo homem ou mulher ou com nenhum gênero.
Homens trans ou Transmasculinos: pessoas que se reconhecem com o gênero masculino, divergente do que lhes foi atribuído ao nascer.
Mulheres trans ou Travestis: pessoas que se reconhecem com o gênero feminino, divergente do que lhes foi atribuído ao nascer.
Transgêneros: terminologia utilizada para descrever pessoas que transitam entre os gêneros. São pessoas cuja identidade de gênero transcende as definições convencionais de sexualidade.
+ (sinal de adição): o sinal faz parte da sigla para representar a diversidade dentro do campo da diversidade de gênero que não está representada na sigla, sobretudo identidades que passaram a ser reivindicadas mais recentemente.
Aliadas: pessoas que, independentemente da orientação sexual ou identidade de gênero, agem para promover os direitos e a inclusão LGBTQIAPN+. Elas são comumente conhecidas como “simpatizantes”.
Neolinguagem: é uma forma de utilizar a língua portuguesa que anula as marcações de gênero para promover respeito a pessoas não binárias e contestar o sexismo de nosso idioma. Não há sistematização oficial e, sim, várias frentes de experimentação, como as que propõem os pronomes “elu” ou “ile” e as que usam terminações em x (todxs), @(tod@s) e e (todes). Esta última é a mais comum porque facilita a leitura, inclusive por programas utilizados por pessoas com deficiência.
A luta por visibilidade e dignidade na velhice LGBT+ é também a luta por nomear e respeitar todas essas existências. Porque orgulho não tem idade. E envelhecer, para quem sempre resistiu, é mais uma forma de afirmar: ainda estamos aqui — e seguimos com orgulho.
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As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.