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Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol, adotou final única nas copas Libertadores e Sul-Americana como se estivéssemos na Europa, onde se atravessa o continente em trens confortáveis, estradas de alto nível e com uma população com economia estável. Agora mesmo, teremos uma final de Libertadores em Lima, cidade que vive estado de sítio, com violência extrema, como o Brasil. Ele já tem até um plano B: levar a final para Assunção, seu país natal, como levou a final da Sul-Americana do ano passado e está levando a deste ano também, com Atlético x Lanús.
Não é fácil para um torcedor brasileiro, por exemplo, pagar uma passagem de avião para os países vizinhos, levar seus filhos para uma decisão. Eu até era a favor de jogo único, mas na América do Sul isso fica fora da realidade de povos sofridos, que vivem sob ditaduras, políticos corruptos e canalhas. O melhor a se fazer é realizar as decisões em dois jogos, pois o torcedor terá mais chance de comprar o ingresso e assistir, em sua casa, a decisão.
O Fifa-Gate, que prendeu vários dirigentes corruptos na Suíça, em 2015, mostrou ao mundo o quão corruptos são os dirigentes de futebol. Volta e meia os “mosquitos mudam, mas a M.... é a mesma”. Os dirigentes de confederações andam em aviões de luxo, na primeira classe, ficam em hotéis 6 estrelas, tomam champagne e comem caviar, tudo com o dinheiro da entidade. Dão uma banana para os clubes e se acham acima do bem e do mal. Os mais novos evitam escândalos, e, se fazem coisa errada, estão sabendo camuflar muito bem, pois não querem ser pegos como foram pegos os “ratos” em 2015.
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, roda o mundo, afagando seus eleitores, e aumentando o número de seleções nas Copas do Mundo. Quanto mais a entidade faturar, mais ele vai viajar e desfrutar dessa vida de luxo. Me parece um cara do bem e sério, mas não pensa em qualificar as competições, mas sim em quantificar para que a entidade arrecade mais. Com isso, vai se perpetuando no cargo, como fizeram seus antecessores.
Sou a favor de uma mudança radical, com um único mandato de quatro anos, e com rodízio no cargo. Dessa forma fica mais difícil de o dirigente fazer falcatruas e se beneficiar.
O futebol pelas bandas da América do Sul está agonizando, haja vista que somente brasileiro têm vencido a Libertadores nos últimos tempos. E há um fenômeno que jamais aconteceu: temos centenas de jogadores de países vizinhos enxertando os clubes nacionais, tirando o trabalho de jovens formados nas categorias de base.
Flamengo e Palmeiras são dois exemplos. Tem sete ou oito jogadores estrangeiros em seus quadros. Deveria haver uma regulamentação, que permitisse apenas três estrangeiros por time. Se não me engano, era assim no passado. Vou citar o exemplo do atual Flamengo: Rossi (argentino); Varela, De Arrascaeta, De La Cruz e Vinã (uruguaios); Plata (equatoriano); Pulgar (chileno); e Saul (espanhol). Contabilizei aqui 8 jogadores, se não me esqueci de algum.
No passado, contratávamos um zagueiro ou goleiro argentino, um zagueiro uruguaio e ponto final. Hoje, até jogadores da fraca Venezuela a gente tem importado. É preocupante demais essa situação.
Por isso, não temos uma Seleção Brasileira forte e confiável. Nossos garotos saem cedo para a Europa, imaturos e sem a vivência necessária.
Ando meio desgostoso e desanimado com o futebol brasileiro, que já foi celeiro de craques, de jovens talentosos, mas que hoje depende de países vizinhos para ter um campeonato atraente. A atual geração (Nuttela), que não viu e não respeita os ídolos do passado, acha que está tudo maravilhoso, mas não percebe que o Brasileirão está virando um Campeonato Espanhol, com Palmeiras e Flamengo, os clubes bilionários, ganhando tudo há 10 anos. Não há mais competitividade, pois enquanto uns têm tanto, outros têm tão pouco.
Pobre futebol brasileiro, falido, na lama, com uma CBF desmoralizada e uma Seleção Brasileira distante do povo. Aquele escudo e aquela camisa amarela eram o nosso maior orgulho, mas Felipão e cia nos enterraram em 2014, naquele dia 8 de julho, no Mineirão, no fatídico 7 a 1 para a Alemanha.
Talvez, um dia, possamos nos reerguer outra vez. Mas isso demandará séculos, pois somente no dia em que não existir mais corrupção isso será possível. Pelo menos o torcedor ainda é apaixonado por seu clube e isso o mantém vivo. Até quando, não sei.
Vem aí mais uma Copa do Mundo. Enquanto Espanha, Portugal, Inglaterra, França e Argentina encantam o mundo com futebol de primeira linha, o Brasil, que ficou em quinto lugar nas Eliminatórias Sul-Americanas, vai perdendo prestígio e jogos para equipes que jamais havia perdido. Começo com a derrota de Dunga para a Venezuela, em 2008, em Boston, passou por Tite na derrota para os africanos, e culminou com Ancelotti perdendo para os japoneses.
Realmente estamos na contramão da história em todos os segmentos e no futebol não seria diferente. Esperança em ganhar a Copa eu não tenho. Vamos tentar chegar às quartas de final, que tem sido nosso lugarzinho entre as seleções do mundo, exceto em 2014, quando chegamos às semifinais, mas fomos piedosamente goleados por 7 a 1. Sim, piedosamente, pois se os alemães forçassem um pouco mais seria de 12.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
